sexta-feira, 19 de abril de 2013

Papa Francisco: "Deus é pessoa"



Francisco em missa diária no Vaticano

Fonte: News.va
 
Falar com Deus é como falar com as pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Porque este é o nosso Deus, um e trino; não um deus indefinido e diluído, como um “spray” espalhado um pouco em toda a parte. É este, em síntese, o sentido da reflexão proposta pelo Papa Francisco na homilia pronunciada durante a missa celebrada hoje de manhã, 18 de Abril, na Domus Sanctae Marthae, na qual participaram dirigentes e agentes do Inspectorado de Segurança Pública junto do Vaticano.Com o Pontífice concelebraram, entre outros, os arcebispos Angelo Becciu, substituto da Secretaria de Estado, e Lorenzo Baldisseri, secretário da Congregação para os Bispos; os bispos Charles Scicluna, auxiliar de Malta, e Flávio Roberto Carraro, emérito de Verona; os monsenhores José Bettencourt, chefe do protocolo da Secretaria de Estado, Assunto Scotti, chefe de departamento da primeira secção da Secretaria de Estado, e Giuseppe Saia, coordenador nacional dos capelães da Polícia de Estado italiana. O rito foi dirigido por monsenhor Guillermo Karcher, mestre-de-cerimónias pontifício. Entre as personalidades, estavam presentes os prefeitos Alessandro Marangoni, vice-chefe da Polícia com funções vigárias, e Salvatore Festa, director do departamento de ligação entre as autoridades do Vaticano e o ministério do Interior italiano, e Enrico Avola, dirigente do Inspectorado de Segurança Pública junto do Vaticano.

É o Senhor que «nos fala da fé», disse o Papa no início da homilia. Diz-nos que devemos «crer n'Ele. Mas antes diz-nos também outra coisa: «Ninguém pode vir a mim, se não for atraído pelo Pai que me enviou». Ir ao encontro de Jesus, encontrar Jesus, conhecer Jesus é um dom do Pai. É uma dádiva. A fé é um dom. Uma dádiva que recebemos no baptismo, mas que depois deve desenvolver-se na vida, progredir no coração, crescer nas obras que realizamos. A fé é uma dádiva, e quem tem esta fé tem a vida eterna. Podemos perguntar-nos: «Temos fé?». «Sim, sim: creio em Deus». «Mas em que Deus crês tu?». «Ora, em Deus!». Quantas vezes ouvimos este «em Deus». Um deus diluído, um deus-spray, que está um pouco em toda a parte, mas não se sabe bem o que é. Nós acreditamos em Deus que é Pai, que é Filho, que é Espírito Santo. Nós cremos em pessoas, e quando falamos com Deus, falamos com pessoas: ou falo com o Pai, ou falo com o Filho, ou falo com o Espírito Santo. Esta é a fé».

Depois, referindo-se à primeira leitura, tirada dos Actos dos Apóstolos (8, 26-40), o Papa meditou sobre a figura do etíope ministro da rainha Candace, o qual tinha uma fé ainda pouco madura e sólida, uma «fé no início». Mas «tinha boa vontade. Foi a Jerusalém para rezar, para adorar a Deus, e lia o profeta Isaías. Sentia uma certa inquietação na alma. Instilada pelo Pai, para o atrair a Jesus. E este homem, quando Filipe se aproxima dele e lhe pergunta: «Mas tu entendes o que lês?», responde-lhe que não. E quando Filipe lhe anuncia Jesus, este homem sente que se trata de uma boa notícia. Sente alegria. Começa a sentir um júbilo especial. E a sua alegria era tanta, que quando vê a água diz: “Baptiza-me agora! Quero seguir Jesus!”».

Isto, ressaltou o Papa Francisco, é algo que nos deve fazer meditar: «Pensemos: não era um homem de rua, um homem comum. Era um ministro da economia, sabeis! Podemos pensar que era um pouco apegado ao dinheiro. Podemos pensar também que era um carreirista, porque tinha renunciado à paternidade pela sua carreira, não? Mas tudo isto desaba diante daquele convite do Pai a encontrar Jesus. Esta é a fé. E depois Jesus diz-nos qual é o seu caminho, ensina-nos as atitudes daqueles que o seguem: nas bem-aventuranças e em seguida nas nossas atitudes. “Eis o que é preciso para me seguir: as bem-aventuranças”». Às quais se acrescentam as atitudes descritas no «capítulo 25 de Mateus, a propósito do Juízo final: “Tive fome e deste-me de comer; tive sede e deste-me de beber; estive doente e visitaste-me” (cf. Mt 25, 31-46). São os comportamentos dos discípulos de Jesus. Quem tem fé tem a vida eterna, tem a vida. Mas a fé é um dom, é o Pai que no-la concede. Quanto a nós, devemos prosseguir por este caminho».

Poderia acontecer também connosco, observou o Pontífice, de percorrer tal caminho enquanto estamos absorvidos nos nossos pensamentos. De resto, «todos nós somos pecadores e nem sempre tudo funciona bem», não obstante o Senhor nos perdoe, «se lhe pedirmos perdão: sempre em frente, sem desanimar!». Portanto, é possível que ao longo deste caminho nos aconteça a mesma coisa que ocorreu com o tesoureiro etíope. Quando saiu da água, depois do baptismo — recordou o Papa Francisco — o Espírito do Senhor arrebatou Filipe e ele «deixou de o ver. E cheio de alegria prosseguiu pelo seu caminho». Era o júbilo da fé, «a alegria de ter encontrado Jesus, o júbilo que só Jesus nos doa, a alegria que dá paz: não a que o mundo oferece, mas aquela que Jesus dá. Esta é a nossa fé», aquela que nos «fortalece e nos dá alegria», e alimentamo-nos sempre na vida «com os pequenos encontros diários com Jesus». Na conclusão da missa, após a oração a são Miguel ancanjo, padroeiro da Polícia de Estado, o Papa quis agradecer a todos os presentes «o serviço que desempenhais na sociedade. Um trabalho difícil; um serviço para o bem comum, para a paz de todos. Um serviço que é também perigoso, a favor da vida. Um trabalho que — como pedimos a são Miguel arcanjo — exige rectidão da mente, vigor da vontade, honestidade pelos afectos e serenidade. Muito obrigado por este serviço. O Senhor vos abençoe abundantemente!»

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