quarta-feira, 26 de maio de 2010

Pregação da Sexta-Feira Santa de Cantalamessa: um passo para trás ou adiante?


Publico este texto como uma inciativa de divulgar entre meus amigos aquilo que a impressa secular certamente não dará importância haja vista muitas vezes prendesse ao ímpeto de fazer uma cobertura sensacionalista dos fatos ocorridos.
Expresso minha admiração pelo Pe. Cantalamessa, carismático, pregador do Papa. No próximo fim de semana Cantalamessa estará no Brasil para participar do Encontro de Líderes Leigos em Porto Alegre-RS.

Passado o clamor que se seguiu à minha pregação de Sexta-Feira Santa em São Pedro, na presença do Papa, gostaria de esclarecer quais eram minhas intenções ao proferir as frases incriminadas em minha homilia, para que o incidente não prejudique o diálogo judaico-cristão, mas sim o estimule; e também para mostrar que as reações no mundo judaico não foram as mesmas.
Aproveitando o fato de que neste ano a Páscoa judaica ocorria na mesma semana da Páscoa cristã, decidi fazer chegar aos judeus uma saudação da parte dos cristãos, no contexto da Sexta-Feira Santa, que sempre foi, para eles, ocasião de um sofrimento compreensível. Assim, o tema central da pregação era a oposição à violência, algo de que o povo judeu teve muita experiência ao longo dos séculos. Já em uma ocasião anterior, em 1998, numa coincidência análoga, dediquei integralmente a pregação de Sexta-Feira Santa a esclarecer as raízes do antissemitismo cristão, unindo-me aos pedidos de perdão, lançados naquele momento ao mundo judaico pelo Papa João Paulo II. A imprensa, incluindo a judaica, deu ampla cobertura ao discurso.
Poucos dias antes da Sexta-Feira Santa, recebi uma carta de um amigo judeu italiano (a carta de fato existe, não se trata de uma ficção literária!); ele comparava a certos aspectos do antissemitismo às contínuas investidas contra a Igreja e o Papa, em particular o uso do estereótipo e a transferência da responsabilidade individual para a coletiva nos casos de pedofilia por parte do clero. Decidi então, com o consentimento do autor, citá-la na pregação, uma vez que me parecia um gesto de grande nobreza da parte de um judeu expressar, num momento com aquele, sua solidariedade para com o líder da Igreja Católica, um gesto que, a meu ver, encorajaria os cristãos a fazer o mesmo, em circunstâncias semelhantes, no trato com o povo judeu.
Nem eu nem meu amigo pensávamos minimamente no antissemitismo da Shoá, mas sim no antissemitismo como postura cultural, algo bem mais antigo e disseminado que a Shoá. O antissemitismo, como aquele do caso Dreyfus ou aquele que consiste em atribuir a todo o povo judeu - incluindo o atual - a responsabilidade pela morte de Cristo (caso típico, aliás, de transferência de responsabilidade individual para a coletiva!).
Assim entendida, a comparação não me parecia tão absurda quanto se tentou fazer crer. Poucas semanas antes, um jornalista leigo, Ernesto Galli della Loggia, escrevendo na primeira página do "Corriere della sera", denunciava a difusão, na cultura moderna, de um verdadeiro e próprio "anticristianismo". São muitos, de resto, os que consideram que, mais do que dar amor e compaixão às vítimas de pedofilia, a campanha dos veículos de comunicação é movida pelo desejo do colocar a Igreja de joelhos. É algo que lembra o "Ecrasez l'infame" ("Esmagai o infame"), de Voltaire. O ex-prefeito de Nova York, Ed Koch, em um artigo do The Jerusalem Post, escreveu: "Creio que os contínuos ataques por parte da mídia contra a Igreja Católica e o Papa Bento XVI se converteram em manifestações de anticatolicismo. A sequência de artigos sobre os mesmos eventos já não tem, a meu ver, a intenção de informar, mas sim de punir".
Isto não significa, de modo algum, abafar ou amenizar a gravidade dos casos de pedofilia perpetrados pelo clero. Naquela mesma homilia eu falava, ainda que este não fosse o tema principal do discurso, da "violência contra crianças que com a qual estão seguramente manchados não poucos membros do clero". Em uma pregação à Casa Pontifícia no Advento de 2006, tomei a iniciativa de propor um dia de jejum e penitência para expressar solidariedade às vítimas da pedofilia, uma proposta que encontrou ampla repercussão junto à imprensa.
Como foi possível, portanto, que estas premissas bem-intencionadas pudessem engendrar uma tempestade midiática destas proporções? Quem explica é um rabino judeu, uma semana após o incidente, no jornal israelense de maior circulação, The Jerusalem Post (11.04.2010), em um artigo intitulado, "Somos maus ouvintes". Vale a pena retomar algumas partes deste texto, pois mostram como, quando corretamente entendida, minha pregação não representa um passo para trás no diálogo com os judeus, mas sim um passo adiante.
Devo pensar, escreve o rabino Alon Goshen Gottstein, que nenhum dos porta-vozes judeus que criticaram as afirmações do pregador leu sua homilia. Estes, muito provavelmente, reagiram a um jornalista que pediu para que comentasse um acerta frase, e deram respostas referentes àquela frase. Os jornalistas, extrapolando uma citação de um texto mais longo, fixam os termos do problema, os porta-vozes judeus respondem, e assim nasce uma história, se cria um escândalo...
Uma consulta àquilo que o pregador franciscano realmente disse nos fornece uma história diferente, sobre a qual o mínimo que se pode dizer é que dissipa a impressão negativa gerada pelas frases que constituíram os títulos dos jornais. A homilia da Sexta-Feira Santa foi, por séculos, o momento mais temido pelos judeus. Após ter escutado tal homilia, as multidões saíam pelas ruas e os judeus temiam por suas vidas. As representações teatrais da Paixão de Cristo eram fonte constante de violência contra os hebreus... Tendo estas imagens na lembrança, surpreende notar aquilo que o Pe. Cantalamessa realmente disse naquela ocasião. Ele aproveita o momento na Basílica de São Pedro para, diante do Papa, desejar "Boas festas de Páscoa" aos judeus! Mas o pregador não se detém aí: saúda a nós, judeus, com palavras tomadas da Mishna, citadas no Hagadda, o mais popular dos textos hebraicos. Pensar nos judeus como irmãos de fé durante a liturgia papal de Sexta-Feira Santa é o fruto de décadas de trabalho no campo das relações judaico-cristãs. Que tal coisa possa ter sido dita desta forma é que deveria ter sido notícia...
Nós não pudemos observar tudo isso porque notamos apenas a comparação entre os violentos ataques contra a Igreja e aqueles perpetrados contra os judeus. E mesmo neste caso, nos omitimos de escutar por inteiro a voz do judeu citado pelo padre franciscano. "Há apenas uma resposta adequada diante dos fatos: o reconhecimento do significado sereno e profundo do que ocorreu e dizer: Obrigado, Pe. Cantalamessa!"
O Pe. Cantalamessa ofereceu os devidos pedidos de desculpas, mas também nós devemos pedir desculpas por nossa falta de não ter escutado a mensagem tal qual fora pronunciada, por ter permitido à mídia criar uma falsa história, ignorando a verdadeira. A batalha contra as apresentações seletivas e superficiais de nossa mensagem religiosa é uma batalha comum, na qual as vozes das pessoas de todas as religiões devem colaborar. "O tema da homilia do pregador era contra a violência. Estes últimos fatos serviram para nos mostrar que também escutá-lo mal pode ser fonte de violência".
À voz do rabino de Jerusalém se uniu também a de Guido Guastalla, assessor para a cultura da comunidade hebraica de Livorno, em um artigo publicado pelo Cultura cattolica e reproduzido no L'Osservatore Romano de 19 de abril de 2010. Por conta de minha pregação, parte da opinião pública e da imprensa italiana promoveu, nos dias que se seguiram à Páscoa, uma campanha para suspender a laurea honoris causa em Ciências da Comunicação que a Universidade de Macerata havia decretado me conceder. Mais uma vez, foi uma judia, a docente de biologia Marisa Levi, cujo pai perdera sua cadeira durante o regime fascista, quem assumiu minha defesa. Em uma carta de apoio ao Reitor, notava: "O fato de terem sido escritas por um judeu tornavam muito mais significativas aquelas palavras de solidariedade ao Papa, citadas pelo Pe. Cantalamessa. Para além deste caso específico, preocupo-me muito com um sistema de informação que, partindo de palavras deliberadamente selecionadas e fora de contexto, as divulga com extrema rapidez, sem saber o que de fato a pessoa disse na verdade".
Espero que esta nota sirva para tranquilizar meus leitores e ouvintes espalhados pelo mundo, desconcertados por aquilo que leram e ouviram na mídia e, principalmente, para convencer meus amigos judeus que meus sentimentos para com eles não mudaram e que eles têm, no pregador da Casa Pontifícia, um promotor, e não um inimigo do diálogo com eles.

Frei Raniero Cantalamessa, ofmcap
Website: www.cantalamessa.org/pt
Fonte: Zenit.org

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Homilia de Pentecostes: unidade é efeito da obra de Deus

Papa quer que a Igreja seja “casa de todos”
CIDADE DO VATICANO, domingo, 23 de maio de 2010 (ZENIT.org).- Bento XVI apelou este domingo à unidade no seio da Igreja Católica, pedindo que a mesma seja uma "casa" para todos, ultrapassando limites políticos, étnicos ou culturais.
A este respeito, o Papa lembrou a sua experiência pessoal em Fátima, nos dias 12 e 13 de maio.
"De fato, o que é que viveu aquela imensa multidão, na esplanada do Santuário, onde todos nós éramos um só coração e uma só alma, senão um renovado Pentecostes? No meio de nós estava Maria, a Mãe de Jesus", referiu a milhares de peregrinos reunidos no Vaticano.
No dia em que a Igreja celebra o momento da descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos, o Papa notou que "esta nova e poderosa autocomunicação de Deus" desencadeia um processo de reunificação, cria unidade e compreensão.
Segundo Bento XVI, "a unidade é o sinal de reconhecimento", o "cartão de visita" da Igreja ao longo da sua história universal.
A Igreja, acrescentou, fala "todas as línguas" e "nunca fica prisioneira de confins políticos, raciais, culturais".
"A Igreja é por sua natureza una e múltipla, destinada como é a viver em todas as nações, povos e nos mais diversos contextos sociais. Só permanecendo autônoma em relação a cada Estado e cada cultura particular, a Igreja corresponde à sua vocação de ser sinal e instrumento de unidade de todo o gênero humano", disse o Papa, na sua homilia.
"Sempre e por toda a parte a Igreja deve ser verdadeiramente católica e universal, a casa de todos em que cada um se pode reencontrar", prosseguiu.
Mais tarde, já ao meio-dia, o Papa veio à janela dos seus aposentos para dirigir a palavra aos fiéis e peregrinos congregados na Praça de São Pedro.
Bento XVI recordou "momentos fortes, a nível local e universal, onde o Pentecostes se renova de modo especial", como os Concílios Ecumênicos, citando expressamente o Vaticano II, e também o encontro dos movimentos eclesiais com João Paulo II, no Pentecostes de 1998.
"Não há Igreja sem Pentecostes. E quereria acrescentar: não há Pentecostes sem a Virgem Maria", observou o Papa.
"É esta a experiência típica dos grandes Santuários marianos - Lourdes, Guadalupe, Pompeia, Loreto - ou mesmo dos menores: onde quer que os cristãos se reúnam em oração com Maria, o Senhor dá o seu Espírito", concluiu.
(Com Agência Ecclesia)

Papa invoca renovada efusão do Espírito Santo para toda a Igreja

CIDADE DO VATICANO, domingo, 23 de maio de 2010 (ZENIT.org). Bento XVI encorajou hoje a invocar uma renovada efusão do Espírito Santo para toda a Igreja, de forma que a mensagem de salvação seja anunciada a todos.
Após presidir a Missa da solenidade de Pentecostes na Basílica Vaticana, o Papa saiu à sacada de sua sala do Palácio Apostólico Vaticano para rezar o Regina Caeli com milhares de fiéis reunidos na Praça de São Pedro.
Após recordar a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos reunidos no Cenáculo junto à Virgem, afirmou que "nesta festa de Pentecostes, nós também queremos estar espiritualmente unidos à Mãe de Cristo e da Igreja invocando com fé uma renovada efusão do divino Paráclito".
"Nós a invocamos para toda a Igreja, em particular, neste Ano Sacerdotal, para todos os ministros do Evangelho, para que a mensagem de salvação seja anunciada a todas as pessoas", acrescentou.
Em sua saudação aos peregrinos de idioma espanhol, insistiu dizendo: "Convido-vos a rezar de um modo especial pela Igreja".
E pediu orações concretas "para que seus membros, fortalecidos com a graça do Espírito Santo, sintam cada dia mais a alegria de pertencer à grande família dos discípulos de Cristo e, com fé viva, esperança firme e caridade ardente, deem testemunho no mundo do Evangelho da salvação".
O Papa se referiu ao mistério de Pentecostes como a um "verdadeiro batismo da Igreja", recordando aquela "manifestação do poder do Espírito Santo, o qual - como vento e como fogo - desceu sobre os Apóstolos reunidos no Cenáculo e os fez capazes de pregar com coragem o Evangelho para todos povos".
E assegurou que a Igreja "vive constantemente da plenitude do Espírito Santo, sem o qual esgotaria suas próprias forças, como um barco à vela para o qual faltara vento".
"Pentecostes se renova de um modo particular em alguns momentos fortes, tanto no âmbito local como no universal, tanto em assembleias pequenas como em grandes convocações", explicou.
E mencionou os exemplos dos concílios e o encontro dos movimentos eclesiásticos com João Paulo II na Praça de São Pedro, em 1998.
"Mas a Igreja experimenta inúmeros ‘Pentecostes' que vivificam as comunidades locais", acrescentou.
E ofereceu, neste caso, como exemplos, as liturgias "especiais para a vida da comunidade, nas quais a força de Deus é percebida de maneira evidente, preenchendo as almas de alegria e entusiasmo", assim como "tantos congressos de oração, nos quais os jovens percebem claramente o chamado de Deus a sustentar sua vida em seu amor, também se consagrando eternamente n'Ele".
"Não há, portanto, Igreja sem Pentecostes",  declarou. E acrescentou: "não há Pentecostes sem a Virgem Maria".
"Assim foi no início, no Cenáculo - continuou -, e assim é sempre, em todo o tempo e lugar", assegurou, recordando sua experiência no Santuário de Fátima, durante sua recente viagem a Portugal.
Neste sentido, questionou: "Na realidade, o que viveu aquela imensa multidão, na esplanada do Santuário, onde todos éramos um único coração e uma única alma, não é um renovado Pentecostes?".
"Em nosso meio estava Maria, a Mãe de Jesus - respondeu. É esta a típica experiência dos grandes santuários marianos - Lourdes, Guadalupe, Pompeia, Loreto - ou também do menor: lá onde os cristãos se reúnem em oração com Maria, o Senhor dá seu Espírito."

Manhã de Pentecostes

Olá amigos, Paz e Pentecostes para a vida de vocês!
Este ultimo fim de semana foi uma bênção. Depois de semanas de expectativas para celebrar a Festa de Pentecostes, podemos em fim fazê-lo. Celebrar a presença da Pessoa do Espírito Santo entre nós, a promessa do Pai cumprida pelo Filho. Como disse, um fim de semana abençoado.
Na Sexta-Feira, 21/Maio, tive a graça de participar do primeiro encontro de oração para a implantação de um Grupo de Oração na Igreja São Paulo, fruto do Seminário de Vida no Espírito Santo da RCC AP - VIcariato III. Foi uma noite de alegria e Batismo no Espírito Santo. O Senhor me levou a anunciar-lhes que um Novo Pentecostes na vida da Igreja atingindo a cada um de nós. " Um Novo Pentecostes" foi o tema da pregação realizada por mim. De fato eu estava muito feliz em está vivendo com os irmãos da comunidade da Igreja São Paulo o nascimento do Grupo de Oração. Minha Iniciação Cristã deu-se naquela comunidade, ali fui coroinha, catequista, cantor da equipe de litúrgia, "anjinho" na Festa de Coroação de Nossa Senhora (Risos). Eu de fato queria está lá naquela noite e Deus me proporcionou isso. Desejo vivamente que este Novo Pentecostes possa acontecer em cada reunião deste mais novo Grupo de Oração da Renovação Carismática Católica do Amapá.
No Sábado, 22/Maio, um outro acontecimento maravilhoso: a Vígilia de Pentecostes. Reunindo os Movimentos e as Novas Comunidades da Diocese de Macapá o evento marca a Festa de Pentecostes na vida destes grupos considerados uma Nova Primavera para a Igreja, frutos do Espírito Santo e do Concílio Vaticano II. Em Macapá destacam-se o Movimento Carismático muito bem representado pela Renocação Carismática Católica e a Comunidade Católica Shalom. Um sinal de unidade representada na diversidade de carismas que o Paráclito tem oferecido à Igreja. Após a concentração no Centro Diocesano das Pastorais, saimos em procissão pelas ruas do Centro da cidade cantando louvores ao Espírito Santo pedido-lhe que renove a face da terra. Durante a procissão eu por diversas vezes invoquei a intercessão da Beata Elena Guerra a fim de que de fato meu coração se tornace um Cenáculo para este novo Pentecostes. Muito mais especial foi poder viver estes dias Pentecostais na companhia de minha namorada, Simone Farias, nós que juntos também nos preparamos para a festa fazendo a Novena Celebrando Pentecostes em intenção especial pelo nosso namoro, por nossas famílias, nosso futuro noivado (já está nos planos, risos!) e pela ordenação Sacerdotal de seu irmão Diácono Marcelo Farias, missionário do PIME. Inclusive, estes dias ela desenbarca na Itália para visitá-lo e deverá conhecer a Igreja de Santo Agostinho, em Lucca, onde encontra-se a Relíquia da Beata Apóstola do Espírito Santo.Continuando, a Santa Missa da Vigília foi linda. As músicas, orações, leituras e Jesus Sacramentado nos fizeram ser introduzidos na água viva do Espírito.
Agora o que de mais especial neste fim de semana aconteceu partilho com vocês:
O Ministério Universidades Renovadas da RCC Amapá realizou seu encontro de formação para a II Semana Nacional Missionária, fui convidado pela coordenadora do MUR, Luciana Belúcio, para que eu conduzisse a oração inicial da formação. Reunimo-nos então para a oração. Ao ar livre da área da Paróquia Nossa Senhora da Conceição o Senhor nos leva a orar com a Palavra que nos dizia: "Porque o Amor de Deus nos foi derramado pelo Espírito Santo que nos foi dado!" (Romanos 5, 5). As palavras das Sagradas Escrituras nos impulsionaram a clamar nesta manhã de Pentecostes o derramamento do Amor de Deus em nossas vida pelo Espírito Santo. Oramos pedindon ao Senhor que nos fizesse conhecer o Seu Amor pelo Bastimo no Espírito Santo. Assim, oramos, clamamos, cantamos ao Espírito Santo que viesse sobre nós.
Amigos, Deus escuta! Sim, o Espírito Santo nos proporcionou esta experiência do Amor de Deus. Como costuma dizer um certo sacerdote de nossa Diocese, aquela manhã estaja "desgraçadamente" quente e nem debaixo de uma árvore estava refrescante. Isso até nós começarmos a orar. Quando movidos pela Palavra nós começamos a clamar o novo Pentecostes entre nós, de repente, começa a soprar uma brisa leve sobre nós, a inquietação por conta do calor passa por causa do refrigério vindo daquele momento. Mais uma vez a natureza manifestando a presença de Deus. Um sopro novo, refrescante do Espírito sobre nós. Assim como em Pentecostes. Sentimo-nos amados, restaurados. Ruah...o Vento, o Sopro de Vida... nós vivenciamos isso. Em seguida oramos com I Corintios 13. Outra manifestação de amor, de carinho de Deus. Cantamos: "Derrama teu amor aqui!" desejando que nosso corações podessem ser plenificados da presença do RUAH-AMOR de Deus em nós. Deus escuta!
No fim da oração Deus me levava a dizer aqueles jovens: "É necessário ter uma experiência com Deus para anunciar a Deus. É necessário ter uma experiência concreta com Seu Amor para anunciar este Amor! Depois do que vivemos nesta manhã de Pentecostes, nós podemos anunciar este Amor! Isto é o Ruah!" Convidei cada um a "Querigmar" para o outro testemunhando aquela experiência de oração e no final fazer uma declaração de Amor de Deus para vida do outro. Isso foi lindo! Foi uma manhã de Pentecostes como eu nunca tinha vivido.
Só que peço ao Senhor agora, resvestido com a Força do Alto, é que eu seja mergulhado a cada dia nesta Água Viva do Espírito Santo.
Como costuma dizer uma amigo: "Fogo, Fogo, Fogo!; Vem, Vem, Vem!"
Batismo no Espírito Santo para você a cada dia de tua vida!
Um Novo Pentecostes a cada dia na Igreja e no mundo!
Veni, Creator Spiritus!

sexta-feira, 21 de maio de 2010

JMJ 2011: Eu sou voluntário e você?

"Eu sou voluntário e você?"

Este é o slogan da primeira campanha em prol da Jornada Mundial da Juventude de Madri. Os protagonistas são sete jovens de sete países com um único objetivo: “convocar” 20 mil voluntários para o evento internacional que se realizará em Madri em 2011. São eles os protagonistas da primeira campanha de voluntários da Jornada Mundial da Juventude, que foi apresentada ontem em Madri.

Os jovens protagonistas da campanha são provenientes da Alemanha, Estados Unidos, El Salvador, República Democrática do Congo, Taiwan, França e Espanha, e idealizaram os conteúdos da mesma com a ajuda de alguns publicitários. “O objetivo dessa primeira ação – afirmou o responsável pelos voluntários da Jornada Mundial da Juventude, Pedro Besari – é encorajar os jovens de todo o mundo a se inscreverem como voluntários, porque eles serão a coluna principal de uma festa da qual participarão quase 2 milhões de pessoas”

Espera-se que um participante a cada 100 se inscreva como voluntário. Os voluntários serão responsáveis por diversas funções: ajuda aos participantes e recepção nas estações de trem, de ônibus ou nos aeroportos; informação aos participantes; colaborar com a assessoria de imprensa, na tradução e interpretação de textos. Participarão também da logística, do acompanhamento das autoridades e da coordenação dos grupos.

Besari ilustrou os instrumentos que serão fornecidos aos voluntários para realizar as suas tarefas com competência: “Formação no diz respeito à gestão das massas, pronto-socorro e sobre comunicação”. Além do mais, os voluntários participarão de um curso sobre o patrimônio artístico e cultural da região para poder orientar os participantes da Jornada Mundial da Juventude com conselhos sobre como transcorrer os seus dias em Madri.

O Diretor marketing da JMJ, Gabriel González-Andrío, explicou que a campanha será internacional e em várias línguas, realizada principalmente através dos meios de comunicação digitais. As empresas e grupos de comunicação que colaboram com o JMJ prestando serviços fornecerão espaços publicitários em outros canais: rádios, jornais, revistas, televisões e outdoors publicitários. (SP)

Fonte: Rádio Vaticano

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Iniciação Cristã e Batismo no Espírito Santo



Autores: Killian Mcdonnell e George Montaigne

O que o Batismo no Espírito tem a ver com a iniciação cristã?


A Conferência do Coração da Igreja de teólogos e líderes pastorais reuniu-se de 6 a 11 de maio de 1990, em Techny, Illinois, para examinar as consequências pastorais da evidência procedente dos primeiros autores pós-bíblicos de que o Batismo no Espírito Santo é parte integrante da iniciação cristã e é normativo. Os onze autores são: Tertuliano, Hilário de Poitiers, Cirilo de Jerusalém, Basílio, Gregório de Nazianzo, João Crisóstomo, Filoxeno, João de Apaméia, Teodoreto de Cirro, Severo de Antioquia e José Hazaia. Representam as culturas latina, grega e síria, quase toda a costa mediterrânea. Também foi reexaminada a evidência bíblica do Batismo no Espírito Santo.
A Conferência do Coração da Igreja de teólogos e líderes pastorais foi convocada pela Comissão de Serviço Nacional da Renovação Carismática Católica dos EUA, com incentivo da Comissão Ad Hoc dos Bispos da Renovação Carismática para que escrevessem este documento.

Carta de Incentivo

Diocese de Alexandria
Alexandria, Louisiana


7 de dezembro de 1990

Caros amigos em Cristo:

Em 18 de fevereiro de 1967, um grupo de universitários da Universidade de Duquesne, em Pittsburg, Pensilvânia, num retiro, sentiram, de modo milagroso, o cumprimento de uma promessa divina. Deus, em Seu grande amor, derramou Seu Espírito em um novo momento de graça. Conduziu-os à consciência e ao poder do Batismo no Espírito Santo. Aquilo que haviam conhecido nos sacramentos do Batismo e da Confirmação tornou-se mais vivo e mais real neles.

Este documento (Avivar a Chama) e muitos outros estudos deixam claro que a graça de Pentecostes, conhecida como Batismo no Espírito Santo, não pertence a nenhum movimento particular, mas a toda a Igreja. De fato, não é nada realmente novo, fazendo parte dos desígnios de Deus para Seu povo, desde aquele primeiro Pentecostes em Jerusalém e através de toda a história da Igreja.

Na verdade, na vida e na prática da Igreja, de acordo com os escritos dos Padres da Igreja, esta graça de Pentecostes é considerada normativa para um modo de viver cristão e essencial para a plenitude da iniciação cristã.

Ao divulgar este documento, a Comissão de Serviço Nacional da Renovação Carismática dos EUA almeja dar início a novas reflexões teológicas sobre a questão da graça de Pentecostes, a fim de que as pessoas tenham mais consciência do plano de Deus para todo o Seu povo, e incentivar o aperfeiçoamento de modelos por líderes religiosos pastorais sensatos visando à implementação da premissa fundamental deste documento, isto é, que ser plenamente batizado no Espírito Santo faz parte da vida litúrgica comum da Igreja.

Oxalá Deus, que iniciou esta obra, complete-a conforme Seu desígnio e Seu tempo. A paz

Em Cristo Senhor nosso,

Sam G. Jacobs
Bispo de Alexandria



Avivando a Chama
O que o Batismo no Espírito Santo tem a ver com a iniciação Cristã?



Não estamos presos a nenhum movimento

“Recebestes o Espírito Santo quando abraçastes a fé?” (At 19,2). A essa pergunta de São Paulo, nós, como católicos, respondemos um sincero “sim”, pois nos sacramentos de iniciação recebemos verdadeiramente o Espírito Santo. Contudo, somos convidados a avivar a chama, a reanimar “o dom de Deus” (2Tm 1,6) por meio de uma conversão cada vez mais sincera a Jesus Cristo.

Estamos escrevendo aos bispos e líderes pastorais da Igreja Católica para compartilhar nossa convicção de que o “Batismo no Espírito Santo”, assim chamado pelos escritores cristãos primitivos, é a chave para levarmos uma vida cristã plena. Neste documento, o “Batismo no Espírito Santo” refere-se à iniciação cristã e a seu novo despertar na prática cristã. A Igreja primitiva utiliza o Batismo no Espírito Santo para a iniciação cristã. O emprego desta frase, hoje, para o despertar mais tardio da graça sacramental original não significa, de modo algum, um segundo Batismo. Não estamos sugerindo que o “Batismo no Espírito Santo” acontece apenas na Renovação Carismática, pois a experiência pastoral e a reflexão teológica levam-nos a crer que a graça do “Batismo no Espírito Santo” destina-se a toda a Igreja.

*O emprego generalizado de “Batismo no Espírito Santo” por pentecostais e evangélicos ortodoxos leva alguns católicos a desconfiarem que a frase está ligada ao fundamentalismo. Porém, como ela se encontra nas Escrituras e em autores destacados dos primeiros séculos e é usada em quase todas as igrejas, católicas e protestantes igualmente, onde existe Renovação Carismática, o presente documento opta por mantê-la.

O Batismo no Espírito Santo não se prende a nenhum movimento, quer liberal, quer conservador. Também não se identifica com um único movimento nem com um único estilo de oração, culto ou comunidade. Ao contrário, acreditamos que este dom faz parte da herança cristã de todos os que receberam os sacramentos da Igreja.

Reunimo-nos a convite da Comissão de Serviço Nacional da Renovação Carismática dos EUA, com a confiança e o incentivo da Comissão ad hoc da Renovação Carismática Católica. A vocês oferecemos este relatório para reflexão e discernimento.

A Comunidade enfraquecida precisa de conversão

O trabalho iniciado pelo Concílio Vaticano II é o fonte de esperança e alegria para a toda a Igreja. Desde então, o ressurgimento espiritual inspira e incentiva os fiéis. Entretanto, ainda há muitas áreas que precisam de progresso espiritual e onde o poder do Espírito está fazendo muita falta.

Nossa experiência mostra que o principal motivo de preocupação é a necessidade de uma comunidade evangelizada e evangelizadora (Evangelii nuntiandi 13). Hoje, esta verdade pressiona nossa prática de vida com crescente premência. A desintegração da vida familiar, a diminuição das vocações sacerdotais e religiosas, o consumo esbanjador, o esquecimento dos pobres – esses muitos outros fatores são sintomas do estado de enfraquecimento da comunidade católica que a deixa à mercê das pressões de um mundo temporal, onde os meios de comunicação estão sempre escarnecendo o Evangelho e aviltando a centralidade do valor da pessoa como filha de Deus. Um número cada vez maior de católicos acha difícil viver conforme nossa tradição e os ensinamentos de nossa Igreja. A advertência de São Paulo para que lutemos “contra os Principados, as Potestades, as Dominações deste mundo das trevas” (Ef 6,12) adquiriu um sentido profundamente contemporâneo.

É evidente a necessidade de conversão. A comunidade enfraquecida não proporciona com facilidade o ambiente necessário para as famílias transmitirem a fé à nova geração, nem as vocações necessárias para servirem à Igreja. A comunidade enfraquecida não recupera as grandes perdas sofridas dentro de diversos grupos étnicos atraídos por outros grupos religiosos. A comunidade enfraquecida não traz uma fé vibrante a nossos ritos litúrgicos revistos, nem apóia o tipo de paróquia que favorece a vida no Espírito. Tal comunidade não evangeliza com eficiência, não transmite a fé a seus filhos, não procura alcançar os que se afastaram para, assim, desempenhar sua missão e assumir sua identidade.

A implementação do RICA (Rito da Iniciação Cristã de Adultos) mostra notável convergência de preocupação nessas áreas. Mais precisamente, os recém-iniciados precisam do apoio da comunidade para alimentar a conversão pessoal e eclesial celebrada nos ritos de iniciação. Entretanto, não basta apenas modificar estruturas ou implementar programas. “A Igreja... continua consciente de que ainda as melhores estruturas, ou os sistemas melhor idealizados depressa se tornam desumanos, se... não houver uma conversão do coração e do modo de encarar as coisas naqueles que vivem em tais estruturas ou que as comandam” (EN 36; AAS 29).

Precisamos de uma vida mais profunda no Espírito

Cremos que a solução para esses problemas está em uma profunda conversão pessoal para Cristo, na santificação e em uma vida mais plena no Espírito Santo.

A mensagem de Jesus: “Convertei-vos e crede no Evangelho” está no centro do Evangelho (Mc 1,14; Mt 4,17). A conversão começa no coração, ao enfrentarmos as atitudes, os sentimentos e os hábitos que nos separam do Senhor. A conversão liberta o coração para a influência da perfeição divina encarnada na pessoa de Jesus e partilhada por aqueles cujas vidas assemelham-se à dele. Uma conversão inicial a Cristo consagra-nos a uma vida de discipulado (Lc 9,23-27). Além disso, à proporção que o processo de conversão se desenvolve, transforma as esperanças terrenas e pecaminosas em esperança cristã, as meras percepções humanas da realidade em fé teológica, o amor humano comum em caridade e a busca humana de justiça em construção do reino de Deus na terra (1 Cor 13,13).

A vida de discipulado do cristão convertido faz severas exigências. Requer confiança na providência pessoal de Deus sobre nós, que nos solicita totalmente e nos liberta para partilharmos nossas posses com os pobres e necessitados (Mc 18, 17-31; Mt 20, 16-22; Lc 12, 13-34; 16, 19-31, 18, 18-30). Envolve-nos em uma opção preferencial pelos pobres (Gaudium et Spes 39). Exige o perdão mútuo como o teste fidedigno da oração cristã (Mt 6,12; Lc 11,4). Consagra-nos à vida das bem-aventuranças (Mt 5, 3-12).

A conversão autêntica a Cristo não é nem privativa nem subjetivista. Transcende a piedade sentimental. Acontece em uma comunidade de fé incentivadora, prendendo-nos à tarefa eclesial de edificar o justo reino de Deus na terra.

Uma vida mais plena no Espírito Santo, a unção carismática do Espírito, contempla a Igreja com toda uma amplitude de dons (Lumen gentium, 12). Dons de adoração, louvor e oração aprofundam a dimensão contemplativa da fé cristã. As dádivas de serviço animam uma vida de santidade cristã dedicada à justiça. Todos os carismas trazem nova docilidade ao Espírito, a fé esperançosa na salvadora intervenção de Deus nas questões humanas, acentuado zelo pelo Evangelho e o respeito pela autoridade da Igreja (Declaração Pastoral sobre a RCC – Washington, D.C.: Conferência Católica dos EUA, 1984 – 7, 9, 5-7).

Por meio da experiência contemporânea do Batismo no Espírito Santo, milhões de católicos convertem-se a Cristo e dedicam-se ao serviço da Igreja. São manifestações de um domínio pessoal de iniciação sacramental (Ib., 4-7; 4-6). Como mostraremos a seguir, o Batismo no Espírito Santo inclui a santificação do Espírito e também dos carismáticos. O Batismo no Espírito Santo impregna o culto eucarístico de louvor e adoração. Dá novo sentido ao rito da iniciação cristã. Aumenta o uso devoto da reconciliação e renova ambos os ministérios sacramental e carismático de cura na Igreja. Transforma famílias em comunidades de graça, educando as crianças para a plena maturidade em Cristo (Ib., 10; 7). Dá poderes ao ministério do sacerdócio. Estimula o ecumenismo autêntico.

O Batismo no Espírito Santo inicia os que o recebem em uma experiência de comunidade cristã que transcende tudo o que já conheciam (Ib., 11-13; 7-9). Além disso, a investidura carismática em comunidade dá à Igreja, em todo o mundo, grande número de evangelistas dedicados e eficientes que levam o Evangelho a pessoas e lugares que, de outra maneira, não teriam esperança de ouvir a Boa Nova. Um número significativo daqueles que foram transformados por uma vida convertida no Espírito escolheu servir à Igreja como religiosos e como padres e diáconos. Na verdade, o poder transformador do Batismo no Espírito Santo toca pessoas de todas as idades e de todo o tipo de formação – leigos, padres e bispos.

Reconhecemos que a Renovação Carismática, como o resto da Igreja, tem problemas e dificuldades pastorais. Como no resto da Igreja, temos de lidar com questões de fundamentalismo, autoritarismo, discernimento falho, pessoas que abandonam a Igreja e ecumenismo mal-orientado (Ib., 20-35; 13-18). Essas aberrações originam-se da limitação humana e da pecaminosidade e não da ação autêntica do Espírito. Apesar disso, sua presença na Renovação não impede os católicos do mundo inteiro de experimentarem um autêntico Batismo no Espírito Santo. Quando, portanto, sugerimos que a solução dos problemas descritos acima está, antes de mais nada, em uma profunda conversão pessoal a Cristo, vivida através de uma vida mais cheia do Espírito Santo, referimo-nos ao autêntico domínio da iniciação por meio do Batismo no Espírito.

A iniciação cristã é Batismo no Espírito

Os pentecostais ortodoxos (pentecostais protestantes) não inventaram o Batismo no Espírito. Mais exatamente, ele pertence à integridade da iniciação cristã testemunhada pelo Novo Testamento e pelos primeiros mestres pós-bíblicos da Igreja. Pedro descreve os elementos essenciais da iniciação cristã com estas palavras: “Convertei-vos e cada um peça o Batismo em nome de Jesus Cristo, para conseguir perdão dos pecados. Assim, recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2,38). A vida cristã começa com uma conversão na pessoa de Jesus, mas também envolve, essencialmente o dom do Espírito Santo. Todos os quatro Evangelhos apresentam Jesus como aquele “que batiza com o Espírito Santo” (Mc 1,8; Mt 3,11; Lc 3,16; Jo 1,33). O Batismo de Jesus no Jordão é marcado pela descida perceptível do Espírito Santo (Lc 3,22) e se transforma no protótipo de toda iniciação cristã. O dom do Espírito Santo é conseqüência essencial dessa iniciação: “...todos nós fomos batizados em um só Espírito, para formar um só corpo e todos bebemos de um só Espírito” (1 Cor 12,13).

Numerosos são os efeitos deste recebimento do Espírito: santificação (1 Cor 6, 11-19); relacionamento novo e experiencial com Deus pelo qual clamamos “Abba! Papai” (Gl 4,6; Rm 8,15) e com Jesus a quem proclamamos Senhor (1 Cor 12,3); união com os outros no laço da caridade, caminhando no Espírito pelo poder do Espírito (Gl 5, 25); caridade, alegria, paz e os outros frutos do Espírito (Gl 5,22); novo conhecimento dos mistérios de Deus (1 Cor 2,9-15); gosto pela palavra de Deus (Hb 6,4-5); coragem para testemunhar até a morte (At 1,8); discernimento da verdadeira doutrina (1 Jo 2,24-27); e dons de louvor, conhecimento, profecia, cura e outros carismas de serviço para a construção do corpo de Cristo, cada um de acordo com a medida da determinação de Cristo (1 Cor 12,7-11; Ef 4, 7-16). À medida que procuramos esses dons (1 Cor 14,1) e os discernimos (1 Ts 5,19-21), eles nos dão o poder de criar a comunhão que a Igreja deve ser e proclamar ao mundo sua mensagem de amor, justiça e paz. Logo, esta vida no Espírito Santo não é uma espiritualidade entre outras da Igreja. É a espiritualidade da Igreja.

O dom do Espírito que é o infinito amor de Deus (Rm 5,5) nunca pode ser possuído por completo e, por essa razão, deve ser possuído por completo e, por essa razão, deve ser buscado repetidas vezes através da oração (At 4, 23-31); na verdade, às vezes precisa ser reanimado ou reacendido (2 Tm 1, 6-7). Assim, em especial para os que foram batizados na infância, a oração para a completa manifestação do Espírito (a mais recente interpretação do “Batismo no Espírito Santo”) é um meio simples para receber a graça da iniciação cristã. Esse é o padrão e essa é a ordem do Novo Testamento para a vida e o crescimento da Igreja.

O Batismo no Espírito Santo é liturgia pública e é normativo

Como a Igreja primitiva pós-bíblica apossou-se do ensinamento bíblico? O Batismo no Espírito Santo era sinônimo de iniciação cristã em Justino Mártir ( Diálogo com Trifo 29, 1; Patrologia Graeca [PG] 6, 537), Orígenes (Sobre Jeremias 2, 3; Sources Chrétiennes [SC] 232, 244) Dídimo, o Cego (Sobre a Trindade 2, 12; PG 39, 669, 673), e Cirilo de Jerusalém (Palestras Catequéticas 16,6; Cyrilii hierosolymarum archiepiscopi opera quae supersunt omnia [CAO], 2, 213). Tertuliano, Hilário de Poitiers, Cirilo de Jerusalém, João Crisóstomo, João de Apaméia, Filoxeno de Mabugo, Severo de Antioquia e José Hazaia claramente consideravam o recebimento de carismas integrante da iniciação cristã. Hilário, Cirilo e João Crisóstomo receberam o título de doutores da Igreja, sendo reconhecidos como testemunhas competentes para identificar a fé da Igreja. Seu testemunho demonstra que o Batismo no Espírito Santo não é uma questão de devoção particular, mas da liturgia oficial e da vida pública da Igreja. Historicamente, o Batismo no Espírito Santo integra os sacramentos de iniciação, essenciais à Igreja, a saber, Batismo, Confirmação e Eucaristia. Neste sentido, o Batismo no Espírito Santo é normativo.

Durante seu período católico, Tertuliano (c. 160-245) escreveu Sobre o Batismo, que um sábio da estatura de Joahannes Quasten afirma estar “livre de qualquer sinal de montanismo” (Johannes Quasten, Patrology 2, 280). Ao explicar como a Igreja do norte da África havia muito celebrava os ritos de iniciação (Batismo com água, unções, imposição das mãos), Tertuliano diz que a cerimônia da imposição das mãos “convida e acolhe o Espírito Santo” (Sobre o Batismo 8; SC 35,96). A seguir, Tertuliano dirige-se aos recém-batizados que estão para entrar na área onde todos celebrarão a Eucaristia: “Portanto, vós que sois abençoados, por quem a graça de Deus espera, quando sairdes do mais sagrado banho do novo nascimento, quando estenderdes as mãos pela primeira vez na casa de vossa mãe (a Igreja) com vossos irmãos, pedi a vosso Pai, pedi a vosso Senhor, o dom especial de sua herança, a distribuição de carismas, que formam um aspecto básico adicional (do Batismo). ‘Pedi’, diz ele, ‘e recebereis’. De fato, pedistes e vos foi dado” (Ib., 20; SC 35, 96).

Enquanto Tertuliano preocupa-se com a liturgia de iniciação, Hilário de Poitiers (c. 315-367) descreve a experiência em si: “Nós que renascemos pelo sacramento do Batismo sentimos intensa alegria (maximum gaudium) quando sentimos dentro de nós a primeira manifestação do Espírito Santo (Tratado sobre os Salmos 64, 14; Corpus scriptorum ecclesiasticorum latinorum [CSEL] 22, 246). Esta invocação da experiência não é incomum em Hilário. Alhures, ele escreve: “Entre nós não há ninguém que de quando em quando não sinta o dom da graça do Espírito” (Tratado sobre o Salmo 118 12, 4; SC 347,76). Continuando a descrição da iniciação, Hilário escreve sobre as experiências dos carismas: “Começamos a compreender os mistérios da fé, somos capazes de profetizar e de falar com sabedoria. Tornamo-nos firmes na esperança e recebemos os dons da cura...” (Tratado sobre os Salmos 64, 15; CSEL 22, 246). Escreveu isso nos últimos anos de vida. A lembrança de sua experiência de iniciação alguns anos antes, já adulto, ainda o comove.

Para Hilário, os carismas não são ornamentos . Utilizados de modo apropriado, produzem frutos abundantes. “Estes dons penetram-nos como chuva suave. Pouco a pouco, produzem frutos abundantes” (Ib). Hilário está convencido de que os carismas fazem diferença, são eficazes. “Façamos uso de dons tão generoso” (Sobre a Trindade, 2,35; Corpus christianorum 62, 70, 71).

Cirilo de Jerusalém (c. 315-387) deu um conjunto de vinte e três palestras sobre o Batismo. Acha que a Igreja de Jerusalém, como todas as outras, situa-se em uma sucessão carismática, uma história do Espírito iniciada com Moisés. O Espírito é “uma nova espécie de água” (Palestras catequéticas 16, 11; CAO 2, 216). O que o Espírito toca, o Espírito modifica. O Espírito santifica o cristão, transformando o batizado, à semelhança de Cristo.

O Espírito também concede carismas. “Grande, onipotente e admirável é o Espírito Santo nos carismas” (Ib., 16,22; CAO 2, 232). Cirilo não faz nenhuma tentativa de restringir os carismas às ordens clericais. Eremitas, virgens e “todos os leigos” têm carismas (Ib., 16, 22; CAO 2, 234). Cirilo invoca a experiência da Igreja em Jerusalém, em “todo o Império Romano” e no “mundo todo” (Ib). Ao descrever a experiência dos apóstolos em Pentecostes, Cirilo afirma que “eles ficaram completamente batizado” (Ib., 17, 14; CAO 2, 268). “batizados sem faltar nada” (Ib., 17, 15; CAO 2, 269, 270), “batizados em toda a plenitude” (Ib., 17, 18; CAO 2, 272).

Cirilo faz uma idéia geral dos carismas, mas inclui o profético (a luz de Deus sobre o presente). Duas vezes fala sobre a profecia, que é a luz de Deus sobre o presente. “Que cada um se prepare para receber o dom divino (de Profecia)” (Ib 17, 19; CAO 2, 274) e “Deus assegura que vocês são dignos do carisma da profecia” (Ib., 17, 37; CAO 2, 296). Nas últimas instruções antes do começo da iniciação, Cirilo exorta os candidatos: “Meus caros, ao final desta instrução, dirijo-vos palavras de exortação, instando a que prepareis vossas almas para o recebimento dos carismas divinos” (Ib., 18, 32; CAO 2, 334).

Basílio de Cesaréia (c. 330-379) e Gregório de Nazianzo (329-389), que foi bispo de Constantinopla, situam os carismas proféticos dentro da iniciação cristã, embora tenham opiniões mais reservadas do que Paulo (Basílio, Sobre o Espírito Santo, 26, 61; SC 17bis; Basílio, Sobre o Batismo I, 2, 20; SC 357, 169. Gregório de Nazianzo, Quinto Discurso Teológico, 28, 29; SC 250, 332, 334, 336). João Crisóstomo (c. 347-407) representa a liturgia síria em Antioquia, embora ele próprio, como Cirilo, fosse de língua grega. Segundo ele, o modelo da Igreja apostólica incluía o recebimento de carismas dentro da liturgia de iniciação: “Todo aquele que era batizado imediatamente falava em línguas e, não apenas em línguas, pois muitos profetizavam e alguns realizavam muitas outras obras admiráveis” (Sobre 1 Coríntios 29; PG 61, 239). Entre os outros carismas recebidos por ocasião da iniciação na idade apostólica estavam a sabedoria e a cura (Sobre Romanos 14; PG 60, 533). “Em todas as igrejas havia muitos que profetizavam” (Sobre 1 Coríntios 32; PG 61, 265). Entretanto, João Crisóstomo queixou-se: “Há muito os carismas desapareceram” (Sobre 2 Tessalonicenses 4; PG 62, 485). “A Igreja atual é como uma mulher que já passou seus dias favoráveis. Em muitos aspectos, guarda apenas as lembranças da antiga prosperidade” (Sobre 1 Coríntios 36; PG 61, 312-313).

Não apenas escritores das línguas grega e latina, mas também de língua síria, escrevera sobre a transmissão dos carismas dentro dos ritos de iniciação. Filoxeno de Mabugo (c. 440-523) tem uma visão estreita demais da vida cristã e, como muitos de seus contemporâneos, menospreza a possibilidade de perfeição dentro do estado matrimonial. Ele e outros sírios têm uma teologia rigorosamente vinculada à vida monástica. Contudo, mantêm uma teologia antiga, apostólica de verdade, que só mais tarde reduziu-se aos ideais monásticos. Filoxeno fala de dois batismos, um recebido na infância e o segunda, anos mais tarde (Discursos 9, 276; The Discourses of Philoxenus [DB] 2, 265). O que é ilusório porque, na verdade, acredita que “o segundo batismo” é apenas a realização posterior do primeiro. Sobre o primeiro batismo, afirma: “Nosso batismo é o Espírito Santo” (Sobre a morada do Espírito Santo; Sebastian Brock, Syriac Fathers on Prayer and the Spiritual Life 112). Vivendo o Evangelho, “a sensação” da vida divina que recebemos no primeiro batismo, mas que nessa ocasião não sentimos, floresce “na verdadeira experiência do conhecimento do Espírito” no segundo (Ib., 9, 263; DB 2, 254). A experiência traduz-se na verdadeira sensação. Ao escrever sobre o segundo batismo, Filoxeno confunde-se: “Só percebemos o que nos sentimos felizes, mas não saberemos o que essa alegria é” (Ib., 9, 289; DB 2, 277). Ao citar os carismas, é reticente. Não menciona a cura, mas sugere que existem outros carismas além dos que menciona (Carta de Sebastian Brock, Instituo Oriental, Oxford, 27 de maio de 1990, a Kilian McDonnell. Brock também acha que José Hazaia (Abdisho) infere os carismas).

Outros que pertencem à tradição siríaca ou escrevem sobre ela, relacionam os carismas com a iniciação. Como Filoxeno, João de Apaméia (primeira metade do Século V) escreve sobre os dois batismos, o segundo também uma realização posterior do primeiro. No segunda batismo, tomamos posse de modo perfeito “do poder do santo batismo” (João de Apaméia, Diálogos e Tratados, 10, 117; SC 311, 149).Em relação ao segundo batismo, menciona profecia, cura e milagres (Diálogos sobre a alma e as paixões dos homens 9, 10; João, o Solitário, Dialogue sur L’Ânime et lês Passions dês Hommes 34, 35). Teodoreto (c.393 – c.466), por exemplo, atesta o abundante extravasamento de carismas por ocasião da iniciação e menciona a cura em particular (História dos monges na Síria, Prólogo, 8 e 10, SC 234, 138-140). Como João Crisóstomo, Severo de Antioquia (c. 465-538) reconhece que “naquele tempo (apostólico) numerosos carismas foram concedidos aos fiéis e os batizados pelos apóstolos também receberam diversos favores (Sobre a Oração 25; Patrologia orientalis 38, 447). Por último, José Hazaia (nascido c. 710-713), um dos grandes místicos siríacos, escreve sobre o “sinal por meio do qual sentiremos que o Espírito recebido no batismo age em nós”, mencionando “um fluxo de fala espiritual (línguas) e “um conhecimento de ambos os mundos (palavra de conhecimento ou sabedoria)”, além de “alegria, júbilo, exultação, louvor, glorificação, cânticos, hinos, odes...” (A. Mingana, Early Christian Mystics 165-167).

Sebastian Brock, pesquisador de Oxford, afirma que “os padres siríacos não tiveram dificuldade em identificar o batismo cristão com o ‘batismo no Espírito Santo e no fogo’... o batismotambém é um evento carismático” (The Holy Spirit in the Syrian Baptismal Tradition – The Syrian Church Series, 9 – 134). Os padres siríacos estão bem cônscios de que os efeitos pentecostais do batismo não se manifestam necessariamente no próprio batismo, mas podem demorar até mais tarde: entretanto, ‘a promessa do espírito’, o potencial, já está presente, em virtude do batismo... O que Filoxeno diz aqui é algo de grande valor. Examina a relação entre a experiência pessoal de Pentecostes, da vinda do Espírito Santo sobre um indivíduo, e o rito do batismo em si, em um contexto onde, por causa da prática do batismo das crianças, os dois eventos poderão separar-se por muitos anos. O ponto defendido por Filoxeno é que o rito em si confere o dom do Espírito, mas que, como dar também implica receber, é necessário da parte do recipiente um ato consciente de vontade, a aceitação do dom, para que ele sinta de modo apropriado os resultados do dom. Esta aceitação inclui a humildade que o próprio Cristo demonstrou (Fl 2,7): só depois que o ego for desnudado será possível experimentar em plenitude o dom do Espírito. Desse modo, os ‘dois batismos’ são apenas dois aspectos de um único sacramento, o primeiro, visto do ponto de vista do Doador, o segundo do ponto de vista do que recebe – portanto, um único sacramento [não se trata da confirmação] (Ib., 137-139). Na verdade, Brock identificou o ponto onde a teologia siríaca de iniciação cruza-se com a nossa. Como a nossa, a Igreja siríaca praticava o batismo de crianças, com o conseqüente desafio de encontrar um meio para ativar a graça da iniciação na vida adulta. Para os siríacos, o batismo não é acontecimento de um única ocasião. Ao contrário, “o batismo é visto como apenas o começo que abre todos os tipos de possibilidades, desde que a pessoa batizada abra-se à presença do Espírito que nela habita” (Brock, Spirituality in Syriac Tradition 74,77).

Assim, de Cartago, no norte da África, Poitiers, na Gália, Jerusalém, na Palestina e Cesaréia, na Capadócia, de Constantinopla e de Antioquia, Apaméia, Mabugo e Ciro na Síria, temos confirmação do recebimento dos carismas dentro do rito da iniciação. São representantes das tradições litúrgicas latina, grega e siríaca. De Antioquia, Apaméia, Mabugo e Cirro na Síria, temos evidência de uma posse experiencial posterior das graças concedidas na infância.

A concessão dos carismas dentro da iniciação cristã constitui a norma. Todavia, o Espírito é livre para conceder as graças conforme o Espírito deseja. A excessiva focalização desses textos nos carismas desvirtuam o testemunho de seus autores. A vida em Cristo é mais do que apenas carismas proféticos. Na verdade, o amor que o Espírito derrama em nossos corações é de uma ordem mais fundamental do que os carismas. “Se eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, mas não tivesse a caridade, seria um bronze que soa ou um sino que toca” (1 Cor 13,1). A nova água viva do Espírito harmoniza o crente com Cristo, produzindo a santidade, o ardente desejo de Deus, a busca de Deus.

A receptividade aos carismas e ao experiencial no batismo no Espírito não sugere, de modo algum, que a graça seja necessariamente perceptível aos sentidos. Nem propões que o crescimento em Cristo seja progresso de uma experiência do cume de uma montanha para o outro. Muito pelo contrário, leva-se a vida cristã principalmente nos vales. Na verdade, com freqüência, no deserto. A receptividade à experiência é uma coisa, a paixão por elevações espirituais é outra. A busca da experiência religiosa é o caminho mais curto para a ilusão. As sensações e os sentimentos requerem sempre cuidadoso discernimento.

Mais uma vez, aceitar o batismo no Espírito não é juntar-se a um movimento, qualquer movimento. É, isso sim, acolher a plenitude da iniciação cristã, que pertence à Igreja.

O que, então, devemos fazer?

À luz das reflexões anteriores e de nossa experiência do batismo no Espírito e dos carismas desde o Vaticano II, cremos que a retomada do batismo no Espírito Santo pela Igreja promete revitalizar a evangelização, as prédicas, o culto sacramental, o Rito de Iniciação Cristã de adultos, a pastoral de juventude, a preparação para a crisma e modos de vida comunitária no contexto da paróquia local. Fazemos estas sugestões específicas, percebendo que elas não esgotam as preocupações pastorais da Igreja.

A conversão flui da obra de evangelização da Igreja, sua “missão essencial”, sua “mais profunda identidade” e razão de existência (EN 14, AAS 68, 13). Como a conversão, a evangelização é um processo constante, não um evento único na vida do cristão. A conversão leva-nos simultaneamente à “comunhão... com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo” (1 Jo 1,3). “Por meio do que é comum ao Pai e ao Filho, eles desejaram que ficássemos em comunhão entre nós e com eles e, por meio deste dom (a Eucaristia), nos tornássemos um só, para que aquilo que ambos tenham, um só tenha” (Agostinho, Sermão 71, 12, 18; Patrologia latina 38, 454). Por meio das profundezas da comunhão com Deus e na comunhão que é a Igreja, estamos preparados para a participação guiada pelo Espírito na missão da Igreja.

A vida batizada no Espírito é marcada por uma experiência de união dinâmica com Deus e também por uma experiência de carismas doados pelo Espírito. Ambas nos permitem servir a Deus em louvor e adoração, servir uns aos outros na caridade pela profecia, pela cura e por outros dons e desempenhar nossa função no ministério da Igreja. Segundo Karl Rahner, a profecia é “um dom natural permanente da Igreja e uma prova de sua missão sobrenatural” (Visions and Prophecies 102). K. Rahner e H. Vorgrimler dizem que “os carismas, como o múnus e os sacramentos, fazem parte da natureza da Igreja... As formas assumidas pelos carismas... não podem ser previstas, precisamente porque, por sua própria natureza, pertencem à história salvadora da Igreja e, portanto, precisam ser sempre redescobertas e aceitas” (Theological Dictionary 72).

A reconquista do Batismo no Espírito e dos carismas é necessária em todas as instituições eclesiais. As ordens religiosas, as universidades católicas, as associações de fiéis, os movimentos especializados, todos precisam hoje deste toque do Espírito Santo. Na verdade, por meio do Batismo no Espírito Santo e dos carismas, muitos leigos, bem como os padres e bispos, experimentam esta vida mais plena no Espírito. Nós, entretanto, concentramo-nos na paróquia, porque é ali que podem ser abordadas as necessidades da esmagadora maioria de católicos.

Em nossa visão, a paróquia renovada é uma comunidade prestando culto em vibrante liturgia, unida pelo Espírito Santo, servindo uns aos outros, empenhados na conversão e no crescimento contínuos, comunicando-se com os inativos, os irreligiosos e os pobres. Tais paróquias põem-nos em contato com o evangelho e evangelizam nossa cultura. Nessas comunidades, como nos Atos dos Apóstolos e na Igreja primitiva, os carismas do Espírito Santo são identificados e acolhidos com alegria.

A introdução do Batismo no Espírito Santo e dos carismas na vida normal da paróquia exige muita solicitude, sensibilidade, paciência e discernimento. Requer cuidadosamente catequese e senso de oportunidade. Recomendamos que se procurem os conselhos de um pastor experiente. Tudo isso não deve, entretanto, desencorajar os esforços para o Batismo no Espírito e os carismas nem impedir que sejam aceitos na vida da paróquia.

Elemento indispensável em uma paróquia renovada é a contínua conversão nas vidas do pastor e da equipe paroquial. Os líderes pastorais precisam ter não apenas a visão para a paróquia espiritualmente renovada, mas também a experiência pessoal que lhes permita testemunhar e ministrar aos outros a vida do Batismo no Espírito. Isso demonstra a importância vital da formação de seminaristas e da contínua formação espiritual do clero e das equipes paroquiais no Batismo no Espírito.

Outro elemento é a pregação que visa à evangelização. É mais do que a reflexão sobre o texto inspirado e personifica o testemunho pessoal do pregador à ação do Espírito Santo. Tal pregação é instruída pelos dons do Espírito e invoca uma resposta.

O Rito de Iniciação Cristã de Adultos apresenta a realidade da iniciação cristã de uma forma próxima de sua integridade original. É veículo perfeitamente apto para evangelizar os catecúmenos e toda a paróquia, trazendo-os para uma vida plena no Espírito. A chave para isso é a promoção da fé esperançosa que prepara o indivíduo para abraçar com confiança esses elementos de vida no Espírito. Entre a Páscoa e Pentecostes, os recém-batizados e todos os outros paroquianos são levados a sentir a vida no Espírito através de ensinamentos sobre a oração e sobre como receber e utilizar os carismas. Assim, profecia, cura, discernimento de espíritos, oração em línguas e outros carismas entram no fluxo normal da vida paroquial cotidiana (1 Cor 14). Esses dons espirituais, intimamente ligados ao dom do Espírito na iniciação, tornam possíveis as muitas vias de serviço através das quais os paroquianos constroem a comunhão que é a Igreja.

Hoje, um importante componente do ministério para a juventude é a preparação para o sacramento da crisma. Em harmonia com a Constituição sobre a Sagrada Liturgia 71, o Rito de Iniciação Cristã de Adultos e sua adaptação para as crianças em idade catequética, sugerimos que seja salientada a íntima ligação entre a confirmação e a iniciação cristã. Para os já batizados, a preparação para a crisma deve centralizar-se na renovação da vida no Espírito, marcada pela conversão pessoal a Cristo e pela receptividade à pessoa e aos dons do Espírito Santo. Desse modo, a confirmação, como é praticada atualmente, permitiria a renovação da iniciação cristã. O ideal é que a preparação paroquial para a Páscoa, junto com o Rito de Iniciação Cristã de Adultos (Estamos cientes de que, hoje em dia, a escolha da ocasião para a crisma é motivo de discussões acaloradas. Parece-nos que, embora devamos aproveitar ao máximo o momento da confirmação, a fim de incentivar a apropriação do dom do Espírito, não é possível programar com exatidão o momento da graça subjetiva do despertar. Os cristãos devem sempre ser incentivados a dar ao Espírito Santo e aos carismas um lugar maior em suas vidas).

Todos os sacramentos dão oportunidade para a evangelização e a catequese, em especial a Eucaristia, que é a fonte e a culminância de nossas vidas espirituais (Constituição sobre a Igreja, 10). Costuma ser a ocasião para o derramamento do Espírito Santo e de dons como louvor, profecia e cura. “O louvor eucarístico invoca a vinda do Espírito, não apenas sobre as dádivas de pão e vinho, mas também sobre nós, para que nós, nutridos por seu corpo e sangue, possamos ficar cheios de seu Santo Espírito”. Como diz Santo Efrém: “Espírito em teu Pão, Fogo em teu Vinho, milagre sublime que nossos lábios recebem” (Hinos de Fé 10, 7; 154, 34).

A renovação do Batismo no Espírito Santo significa uma nova profundidade em nossa relação pessoal com Jesus como Poderoso Senhor e Salvador enviado pelo Pai no poder do Espírito. “Não se pode negar”, escreve Karl Rahner, “que uma relação pessoal com Jesus Cristo, em íntimo amor, faz parte da existência cristã... Devemos ter em mente que salvação não significa uma coisa enm um acontecimento objetivo, mas sim uma realidade pessoal e ontológica” (Foundations of Christian Faith 308-309).

Embora profundamente pessoal, a vida no Espírito não é individualista, e sim participação no corpo de Cristo. Pastores e equipes pastorais podem promover uma variedade de expressões de comunidade dentro da paróquia. O ponto alto dessas comunidades é o dedicado amor mútuo entre irmãos e irmãs em Cristo.

Dessa experiência de comunhão, os paroquianos são levados pelo Espírito a seus ambientes sociais para dar um testemunho cristão acompanhado de carismas. Esta evangelização inclui testemunho verbal, exemplo de vida e obras de justiça e misericórdia. Como afirmou o Sínodo dos Bispos de 1971: “A ação em nome da justiça e a participação na transformação do mundo parecem-nos inteiramente uma dimensão constitutiva da pregação do Evangelho, ou, em outras palavras, da missão da Igreja para a redenção da raça humana e sua libertação de toda situação de opressão” (De Iustitia in Mundo, Documenta Episcoporum, Acta Apostolicae Sedis 63 [1971] 92,4). Cada uma dessas atividades é uma participação na missão eclesial de evangelização encorajada por Paulo VI no Decreto sobre Atividade Missionário da Igreja (20-21, 30; AAS 68, 18-20, 25, 26).

Para entender por outros grupos cristãos obtêm tanto sucesso em seu proselitismo entre os católicos, precisamos reconhecer um desejo ardente que leva as pessoas a se deixarem influenciar quando lhes é oferecida uma relação mais pessoal com Jesus, uma experiência do poder do Espírito, um culto vibrante e a aceitação em uma comunidade marcada por amoroso interesse pessoal. O melhor antídoto para o proselitismo de outros grupos cristãos entre os católicos é o desenvolvimento de nossa própria evangelização vigorosa e eficiente: a conversão a Cristo e uma vida mais plena no Espírito.

Para os que saíram ou se tornaram inativos, para os irreligiosos e para aqueles milhões que fielmente vêm encontrar a Deus na paróquia renovada, a retomada da iniciação com os carismas, que é o batismo no Espírito Santo, oferece uma significativa oportunidade para a vida em Cristo.
“Se vivemos pelo Espírito, sigamos também o Espírito” (Gl 5, 25).

Em conclusão, todos são chamados a avivar a chama do dom do Espírito Santo recebido nos sacramentos de iniciação. Deus nos dá livremente esta graça, mas ela exige uma resposta pessoal de contínua conversão à Autoridade de Jesus Cristo e receptividade à presença e ao poder transformadores do Espírito Santo. Somente no Espírito Santo a Igreja será capaz de satisfazer suas necessidades pastorais e as necessidades do mundo. O desafio está diante de nós e as conseqüências são claras:

Sem o Espírito Santo, Deus se afasta
Cristo fica no passado,
o Evangelho é letra morta,
a Igreja é mera instituição,
a autoridade é questão de prepotência,
a missão, questão de propaganda,
a liturgia nada mais que uma evocação,
o modo de viver cristão, virtude de escravos.

Mas no Espírito Santo:

o cosmos se reanima e geme com
as dores de nascimento do reino,
o Cristo ali está,
o Evangelho é o poder da vida,
a Igreja manifesta a vida da Trindade,
a autoridade é um serviço de libertação,
a missão é momento comemorativo e também
antecipação,
a ação humana é divinizada.


(Metropolita Ignatios of Latakia, “Palestra sobre o tema principal”, Relatório Uppsala 1968 [Genebra: WWC, 1969] 298).

O Espírito chama cada um de nós em particular e a Igreja como um todo, segundo o modelo de Maria e os Apóstolos reunidos, para aceitar e abraçar o Batismo no Espírito Santo como o poder de transformação pessoal e comunitária, com todas as graças e carismas necessários para a edificação da Igreja e para nossa missão no mundo. Esta missão tem sua origem no Pai estendendo-se por meio do Filho no Espírito, para tocar e transformar a Igreja e o mundo e guiá-los no Espírito por meio de Cristo, de volta ao Pai.

Pentecostes 2010


Os judeus celebravam a chamada Festa das Semanas após a colheita do trigo. Tinha esse nome pois acontecia 7 semanas (5o dias) a festa dos Pães sem fermento.

Era uma festa agrária, a qual também era conhecida sob o nome de “festa da Ceifa” ou festa dos primeiros frutos (veja Êxodo 23,16; 34,22). Os judeus agradeciam pela colheita de trigo e ofereciam a Deus os primeiros frutos que a terra tinha produzido.

Mais tarde recebeu o nome de Pentecostes que significa qüinquagésimo, pois era celebrada 5o dias depois da oferta do primeiro feixe de espigas de orgiem agrária. Na época pós exílica começou a ser celebrada nessa festa a promulgação da Lei de Moisés.

Jesus, antes de subir aos prometeu enviar o Espírito Santo (ver Lucas 24,49) aos apóstolos e cumpriu. Foi justamente no dia de Pentecostes que Ele O enviou. Eles e Maria receberam forças do alto e apartir dessas forças eles começaram a evangelizar os povos com mais fervor e deram início ao Cristianismo. Apartir desse dia o auxílio do Espírito de Deus deixou de ser um “privilégio” dos profetas e passou a ser derramado sobre todos os servos dEle.

Oração, segredo para «um novo Pentecostes»


Pregador do Papa: Pe. Cantalamessa à liturgia do próximo domingo
Domingo de Pentecostes - Atos 2, 1-11; I Coríntios 12, 3b-7. 12-13; João 20, 19-23

O poder do alto

ranierocantalamessa.jpgTodos vimos em alguma ocasião a cena de um carro quebrado: dentro está o motorista e detrás uma ou duas pessoas empurrando o veículo, tentando inutilmente dar-lhe a velocidade necessária para que funcione. Param, secam o suor, voltam a empurrar… E de repente, um ruído, o motor começa a funcionar, o carro avança e os que o empurravam se erguem com um suspiro de alívio. É uma imagem do que ocorre na vida cristã. Caminha-se à base de impulsos, com fadiga, sem grandes progressos. E pensar que temos à disposição um motor potentíssimo («o poder do alto!») que espera só que o façamos funcionar. A festa de Pentecostes deverá ajudar-nos a descobrir este motor e como colocá-lo em movimento.

O relato dos Atos dos Apóstolos começa dizendo: «Ao chegar o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos em um mesmo lugar». Destas palavras deduzimos que Pentecostes pré-existia… a Pentecostes. Em outras palavras: havia já uma festa de Pentecostes no judaísmo e foi durante tal festa que o Espírito Santo desceu. Não se entende o Pentecostes cristão sem levar em conta o Pentecostes judaico que o preparou. No Antigo Testamento houve duas interpretações da festa de Pentecostes. No princípio era a festa das sete semanas, a festa da colheita, quando se ofereciam a Deus as primícias do trigo; mas sucessivamente, e certamente em tempos de Jesus, a festa se havia enriquecido de um novo significado: era a festa da entrega da lei no monte Sinai e da aliança.

Se o Espírito Santo vem sobre a Igreja precisamente no dia em que em Israel se celebrava a festa da lei e da aliança, é para indicar que o Espírito Santo é a lei nova, a lei espiritual que sela a nova e eterna aliança. Uma lei escrita já não sobre tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, que são os corações dos homens. Estas considerações suscitam de imediato uma interrogação: vivemos sob a antiga lei ou sob a lei nova? Cumprimos nossos deveres religiosos por constrição, por temor e por costume, ou ao contrário por convicção íntima e quase por atração? Sentimos Deus com pai ou como patrão?

Concluo com uma história. No princípio do século XX, uma família do sul da Itália emigra aos Estados Unidos. Como carecem de dinheiro suficiente para pagar as refeições no restaurante, levam consigo alimento pela viagem: pão e queijo. Com o passar dos dias e das semanas, o pão se endurece e o queijo mofa; em certo momento, o filho não o agüenta mais e não pára de chorar. Então seus pais tiram os poucos trocados que restam e que dão para desfrutar uma boa refeição no restaurante. O filho vai, come e volta a seus pais banhado em lágrimas. «Como? Gastamos tudo para pagar-lhe um almoço, e você continua chorando?». «Choro porque descobri que uma refeição por dia no restaurante estava incluída no preço, e passamos todo o tempo a pão e queijo!». Muitos cristãos realizam a travessia da vida «a pão e queijo», sem alegria, sem entusiasmo, quando poderiam, espiritualmente falando, desfrutar cada dia de todo «bem de Deus», tudo «incluído no preço» de ser cristãos.

O segredo para experimentar aquilo que João XXIII chamava de «um novo Pentecostes» se chama oração. É aí onde se acende a «chama» que liga o motor! Jesus prometeu que o Pai celestial dará o Espírito Santo a quem o pedir (Lc 11, 13). Então, vamos pedir! A liturgia de Pentecostes nos oferece magníficas expressões para fazê-lo: «Vinde, Espírito Santo… Vinde, Pai dos pobres; vinde, doador dos dons; vemvinde luz dos corações. No esforço, descanso; refúgio nas horas de fogo; consolo no pranto. Vinde, Espírito Santo!».

fonte: Zenit


quarta-feira, 19 de maio de 2010

Entrevista de Pe. Joãozinho: "ser memória de pentecostes para a Igreja e para o mundo"



Dr. Pe. João Carlos Almeida, Padre Joãozinho, scj-Mestre em Teologia
Sistemática pela FAJE – BH, doutor em Teologia pela Faculdade Assunção-SP, doutor em Educação pelas USP, e doutor em Espiritualidade pela Gregoriana (Roma). Professor de Pneumatologia na Faculdade Dehoniana, em Taubaté, SP, aonde exerce o cargo de Diretor Geral.

Por que o nome Renovação?
*A Renovação Carismática Católica, como é conhecida no Brasil, pretende um retorno às fontes da fé cristã, conforme sugeriu o Concílio Vaticano II. Uma das características do cristianismo dos primórdios era uma intensa vida carismática. A presença e ação do Espírito Santo era vivida como estatuto fundamental da identidade cristã. O evento de Pentecostes foi configurativo para Igreja da era apostólica. Mesmo após três anos de catequese com Jesus e apesar de terem vivido a experiência da ressurreição, ainda lhes faltava um impulso interior que os levasse enfrentar todos os desafios, inclusive o do martírio. Esta experiência pentecostal é vivida de modo "renovado" na RCC. Esta é sua identidade principal: ser memória de pentecostes para a Igreja e para o mundo.*

Podemos dizer que o movimento representa para os seguidores, um novo Pentecostes?
*Exatamente. Este foi um dos pedidos do Papa João XXIII ao anunciar a abertura do Concílio. Aliás, ele pediu que a Igreja vivesse um novo pentecostes e que fosse uma "Igreja dos pobres". Poderíamos interpretar que as duas profecias do papa da bondade se realizaram. O novo pentecostes acontece intensamente nos nossos dias e é cuidadosamente cultivado na RCC. A Igreja dos pobres recebeu seu selo latino-americano a partir da Conferência de Medellín e, principalmente, de Puebla, em que ficou clássica a "opção preferencial pelos pobres". As Comunidades Eclesiais de Base se tornaram um emblema desta cultura da solidariedade para com os pobres. A Teologia da Libertação procurou reler os velhos conteúdos da fé, a partir desta solidariedade com os excluídos. Temos aqui duas corren tes carismáticas que formam as feições da Igreja no Brasil nestes últimos quarenta anos: a RCC e as CEBs. Ambas foram cuidadosamente reafirmadas na sua identidade na recente Conferência de Aparecida. *

No decorrer da história o sr observa desvios de alguns setores da proposta original da RCC?
*Assim como algumas imprecisões da Teologia da Libertação foram indicadas pela Santa Sé, na década de 1980 (e teólogos como Gustavo Gutiérrez tiveram a sabedoria de tornar seu discurso mais preciso), a RCC também tem seus limites. A CNBB procurou indicar alguns deles em um documento normativo de 1994. Os bispos, através do seu Conselho Permanente, reconhecem a identidade e eclesialidade da RCC. Reconhecem ainda os valores para a vida da Igreja como um todo. Reconhecem ainda a liberdade associativa garantida pelo Direito Canônico. Porém, pedem à RCC que também reconheça os valores dos outros grupos eclesiais. Se toda a Igreja aderisse ao estilo da RCC, certamente haveria um empobrecimento. A RCC é um modo de ser Igreja. Não posso concordar com o que já ouvi um pregador carismát ico dizer: que a RCC deverá se tornar o novo modo de a Igreja ser. Isto é presunção e não respeita a pluralidade típica do Corpo Místico de Cristo. Outro limite é a falta de mais teólogos na RCC. Talvez isso ajudasse a corrigir alguns desvios que acontecem em alguns lugares, como uma excessiva valorização do demônio ou a perda do foco central da fé colocando no centro carismas extraordinários ou "modas" passageiras, como é o caso do "Repouso no Espírito". Em alguns lugares observa-se também a carência de formação litúrgica. Sobre a crítica que a RCC recebe com freqüência, de que não tem obras sociais, pessoalmente fiz uma pesquisa nacional e fiquei muito admirado com a quantidade de obras de promoção humana sob responsabilidade dos carismáticos. Hoje percebo um crescente envolvimento social dos grupos de oração e da RCC Nacional. O "Ministério de Promoção Humana" atua especificamente neste sentido. *

O que se pode entender por ação do Espírito Santo na ótica da Renovação?
*A RCC vive a experiência da presença e ação do Espírito na Igreja e em cada cristão. Esta presença não é teórica. Ela habilita por meio dos dons para anunciar a Palavra com poder. O anúncio do kerigma é uma das grandes linhas de ação da RCC. Os carismas dados pelo Espírito são como que ferramentas que tornam possível esta obra para além da pura eloqüência. O Espírito garante uma nova "unção". Isto se verifica também na oração pessoal e comunitária. Por isso, lá onde a RCC preserva cuidadosamente sua identidade, crescem e se consolidam os Grupos de Oração.*

Existe quem afirma que a RCC acaba exercendo uma espécie de monopólio do Espírito Santo. O que o sr. pensa a respeito??
*Isto não é possível. O próprio Jesus afirma que o Espírito sopra onde quer (cf. Jo 3,8). Mas uma coisa é certa. Este mesmo Espírito distribui uma diversidade de dons na Igreja. Cada congregação religiosa, por exemplo, tem seu carisma próprio. Nem por isso os jesuítas detém o monopólio da obediência ao Santo Padre, nem os dehonianos são proprietários do Sagrado Coração de Jesus. As congregações, os movimentos e aí incluo a RCC, são memória de um aspecto particular. A Renovação nos lembra diariamente que somos uma Igreja que nasceu do fogo de pentecostes. *

A dinâmica da RCC gira em torno dos dons carismáticos citados por São Paulo. Que finalidade tem esses dons?
*Os carismas são dados pára a edificação da comunidade. A maioria deles são ordinários e geram a força necessário para que se exerçam os ministérios. Mas não podemos negar que existem alguns carismas também particulares, ou extraordinários. Não são vividos por todo batizado nem são essenciais à salvação. É essencial ter fé, esperança e caridade, que são virtudes teologais. Não é essencial orar ou profetizar em línguas ou praticar a "palavra de ciência" ou mesmo o dom do conselho. O dom de cura existe e é fartamente atestado por testemunhos, mas não é essencial à salvação. Sempre me pergunto se aqueles nove leprosos do evangelho que não voltaram para agradecer foram para o céu.*

Mas, atualmente, eles estariam sendo usados como fim ou como meios?
*São ferramentas. São garfo e faca. É possível que alguém os utilize como emblema, ou mesmo como finalidade. É absurdo, pois não se comem os garfos. Outra coisa é dizer que a prática dos carismas, ordinários e extraordinários, caracterizam a RCC. Isto é normal. Precisamos respeitar a identidade. Não se pode obrigado toda uma comunidade a rezar em línguas na missa das 9h. Também não se pode colocar regras ou limites para o Espírito. O grande teólogo Yves Congar chegou a falar de um "setor livre"; um espaço eclesial onde o Espírito age independente das decisões da Igreja. Ele não pede ao bispo para suscitar uma nova congregação. Depois a Igreja vai discernir, mas a ação do Espírito é "absolutamente" livre. *

Qual tem sido a principal contribuição das comunidades de vida, entre elas, a Canção Nova, que é a maior delas?
*As Novas Comunidades são um ramo particular dentro da ampla espiritualidade carismática. Bebem desta fonte, vivem esta dinâmica pentecostal, porém cada uma delas tem seu carisma próprio e suas estruturas. Além da Canção Nova gostaria de citar a Comunidade Shalom, de Fortaleza, que possuem toda uma caminhada de reconhecimento pontifício. Não existe um lugar totalmente apropriado para esta novidade que reúne em seu seio dos três estados de vida. Tudo isso é muito recente. Um dos nossos professores, Pe. Wagner Ferreira da Silva, formador geral da Canção Nova, recentemente defendeu seu doutorado em Roma sobre este tema. Como podemos observar o assunto é complexo e representa uma novidade do Espírito para a Igreja dos nossos dias. Estas comunidades têm ajudado muitos a reatarem se u elo de comunhão com a Igreja. Já não são católicos de qualquer jeito. São católicos praticantes. Há também uma grande contribuição no que se refere aos Meios de Comunicação Social. A Canção Nova é um exemplo vivo disso. Recentemente estive em Portugal e fiquei impressionado com o modo como as pessoas acompanham a Canção Nova por rádio, TV e Internet. *

Como sr. analisa a amplitude que a RCC alcançou na Igreja do Brasil?
*Diria que a "cultura pentecostal" estava na "Terra de Santa Cruz" como brasa sob as cinzas. A pentecostalidade é uma marca característica do catolicismo popular. Como exemplo, basta citar a Festa do Divino. Quem é este "Divino"? É o Espírito Santo. Quando todos imaginavam que o Catolicismo Popular estava morto ele ressurgiu das cinzas soba diversas formas pentecostais… e não somente católicas. Mas não vamos canonizar apressadamente a cultura pentecostal popular. Há muita superstição e sincretismo. É preciso evangelizar esta cultura popular.*

É colocada a existência de um antagonismo entre RCC e Teologia da Libertação. Porque isso ocorre, se ambos cultivam a oração e o trabalho social?
*Existe uma diferença entre as duas formas de ser Igreja. Não diria antagonismo. Algumas linhas jornalísticas que primam pela exagerada simplificação costumam insistir neste binômio RCC x TdL. Acho simples demais. Não dá conta da realidade, que é mais complexa. *

Como o sr. avalia a resistência e até a oposição de alguns setores da Igreja à RCC?
*É saudável para a RCC. Vejo que onde ela recebe críticas, cresce mais consistente. Onde a RCC se torna a referência principal para a Igreja local, alguns problemas logo começam a aparecer. Mas não há dúvida que é doloroso ouvir críticas injustas, infundadas e que são pronunciadas em tom de sarcasmo. Isto não é cristão.*

O Papa João Paulo II incentivou movimentos da Igreja como a RCC. Com o fim do pontificado dele como sr. vê a postura de Bento XVI em relação à Renovação?
*Tive a oportunidade de participar da recente visita de Bento XVI a Portugal. No dia 13 de maio ele falou brevemente aos bispos daquele país. Um breve trecho de sua fala pode nos dar a idéia clara de como o atual papa se colocar diante do papel dos movimentos na Igreja. Permito-me citar literalmente, pois estas palavras respondem com muita precisão a pergunta feita: " Confesso-vos a agradável surpresa que tive ao contactar com os movimentos e novas comunidades eclesiais. Observando-os, tive a alegria e a graça de ver como, num momento de fadiga da Igreja, num momento em que se falava de `inverno da Igreja', o Espírito Santo criava uma nova primavera, fazendo despertar nos jovens e adultos a alegria de serem cristãos, de viverem na Igreja que é o Corpo vivo de Cristo. Graças aos carismas, a radicalidade do Evangelho, o conteúdo objetivo da fé, o fluxo vivo da sua tradição comunicam-se persuasivamente e são acolhidos como experiência pessoal, como adesão da liberdade ao evento presente de Cristo. Condição necessária, naturalmente, é que estas novas realidades queiram viver na Igreja comum, embora com espaços de algum modo reservados para a sua vida, de maneira que esta se torne depois fecunda para todos os outros. Os portadores de um carisma particular devem sentir-se fundamentalmente responsáveis pela comunhão, pela fé comum da Igreja e devem submeter-se à guia dos Pastores. São estes que devem garantir a eclesialidade dos movimentos. Os Pastores não são apenas pessoas que ocupam um cargo, mas eles próprios são carismáticos, são responsáveis pela abertura da Igreja à ação do Espírito Santo. Nós, Bispos, no sacramento, somos ungidos pelo Espírito Santo e, por conseguinte, o sacramento garante-nos também a abertura aos seus dons. Assim, por um lado, devemos sentir a responsabilidade de aceitar estes impulsos que são dons para a Igreja e lhe dão nova vitalidade, mas,por outro, devemos também ajudar os movimentos a encontrarem a estrada justa, com correções feitas com compreensão – aquela compreensão espiritual e humana que sabe unir guia, gratidão e uma certa abertura e disponibilidade para aceitar aprender." *

terça-feira, 11 de maio de 2010

Seminário de Vida no Espírito Santo - Vicariato III

Olá irmãos, Paz e Pentecostes
Nos dias 15 e 16 de Maio está acontecendo o Seminário de Vida no Espírito Santo Para os Grupos de Oração Ágape, Cristo Bom Pastor, Novo Caminho e Nossa Senhora das Dores.
O SVES acontecerá na Igreja São Paulo (Paróquia São Pedro)Localizada na Rodovia JK, próximo a Faculdade do Amapá - FAMAP.
Inicio: 08hs da Manhã
Inscrição: 05,00 (Cinco Reais)