quinta-feira, 13 de outubro de 2011

BBC abole a terminologia "antes e depois de Cristo" das suas transmissões radiofônicas


Londres, 11 out (RV) - A inglesa BBC, uma das maiores redes de comunicação do mundo, anunciou uma mudança de terminologia nas suas transmissões radiofônicas que logo suscitou críticas por parte de membros da Igreja Católica. A BBC decidiu não usar mais os termos “antes e depois de Cristo” para indicações de datas. Em substituição, serão usados “antes e depois da era comum”.

Um dos editorialistas do jornal vaticano L’Osservatore Romano, a historiadora Lucetta Scaraffia, chamou o gesto de “hipócrita” e acusou-o de “negar a função historicamente revolucionária da vinda de Cristo à Terra”.

A BBC argumenta que a mudança é uma maneira de respeitar as demais religiões, ao que Scaraffia respondeu “tratar-se de uma desculpa”. Ela comparou o ato com a tentativa de mudança do calendário durante a Revolução Francesa, quando os revolucionários quiseram começa-lo pelo dia 14 de julho de 1789. Fez comparações também com o calendário instituído por Lenin, na União Soviética, que iniciava com o golpe de Estado de 24 de outubro de 1917.

Polêmica e passível de críticas, é importante esclarecer que a mudança proposta pela BBC não faz alterações no calendário, mas na terminologia. (ED)

Roma (RV) - As três agências das Nações Unidas voltadas à agricultura, com base em Roma, divulgaram nesta segunda-feira o relatório da fome no mundo.

A tendência de alta nos preços dos alimentos continua e possivelmente os valores devem subir ainda mais nos próximos meses. A conclusão é da agência das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, a FAO, em conjunto com o Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura, o IFAD e o Programa de Alimentação Mundial, o PAM.

Com isso, agricultores mais pobres, consumidores e países se tornam ainda mais vulneráveis à pobreza e a insegurança alimentar, principalmente na África.

Kostas Stamoulis, economista e Diretor da Divisão de Desenvolvimento da Agricultura da FAO, sugere três medidas cruciais para que os governos superem a crise da alta dos preços dos alimentos.

"Uma é criar e permitir novos ambientes para a produtividade e a produção rural. Depois, investir em infra-estrutura apropriada e em recursos públicos que os produtores necessitam para ter maior produtividade. Em segundo lugar, os governos devem evitar de tomar decisões unilaterais de mercado como, por exemplo, banir ou restringir exportações. Tudo isso agrava ainda mais a situação nos mercados internacionais, tornando os preços mais altos e aumentando a volatilidade. Por último, os governos devem ser mais transparentes e coordenados".

Outro problema que influência diretamente na produção é o risco, como explica Stamoulis.

"O fator principal que impacta diretamente na capacidade dos agricultores em produzir é o risco. Preços voláteis criam risco. Se os produtores não tem certeza do futuro, eles não vão investir na produção".

Pequenos países africanos, dependentes das importações são os que mais estão em risco. Muitos deles ainda encaram a herança da crise mundial de alimentos de 2006 a 2008. Essas crises, incluíndo a recente declaração de fome no Chifre da África, são um grande desafio para as Metas de Desenvolvimento do Milênio, em particular aquela de diminuir pela metade até 2015 o número de pessoas que passam fome em todo o planeta. Segundo a FAO, em 2010, 925 milhões de pessoas estão passando fome.

O relatório ainda revela um novo panorama que pode compromenter ainda mais a produção mundial de alimentos. Segundo as agências da ONU, a crescente demanda de consumo nas economias em ascensão, onde a população continua a aumentar, somada ao aumento de áreas cultivadas para os biocombustíveis, acarretará novos desafios para o sistema alimentar mundial.

"Todas as agências têm uma função a ser desenvolvida", reitera David Dawe, economista da FAO. "Assim como os países doadores e os governos locais. Investimentos a longo prazo são muito importantes, e esse papel é feito pelo IFAD. Já o Programa Alimentar Mundial proporciona segurança para dar base a estes investimentos futuros assim como a FAO, que também se envolve nessas etapas tentando promover políticas mais transparentes e melhor informação dos mercados".

Para tentar reverter a tendência de alta nos preços, a chefe de Emergências da FAO, Cristina Amaral, antecipa um novo projeto.

"O que se está a tentar fazer hoje, por meio da FAO e a pedido dos países do G20 com outras organizações, é criar um sistema de informação sobre mercados, que se chamará AMIS e que vai aumentar a transparência das informações sobre mercados agrícolas, esperando que isso possa contribuir para diminuir um pouco a volatilidade”. (RB)
Fonte: Rádio Vaticana
12/10/2011