Certa
vez, um alquimista decidiu gastar toda a sua vida em busca da pedra
filosofal, isto é, aquela única e raríssima pedra que, assim ele
acreditava, tinha o poder de transformar em ouro os objetos de ferro.
– Vou experimentar com todas as pedras da terra – ele dizia – com certeza encontrarei a pedra que estou procurando.
No
início pensava que fosse uma coisa simples e começou a sua busca, cheio
de energia e de confiança. Amarrou uma corrente de ferro na cintura e
com ela tocava todas as pedras que encontrava no caminho. Andou muito,
em todas as direções e em todos os lugares. Quando encontrava uma pedra,
pegava-a na mão e a tocava com a corrente de ferro. Esse gesto tinha se
tornado toda a sua vida e o repetia continuamente.
Assim
passaram os anos e o alquimista já estava bem velho e cansado, quase
uma sombra que caminhava. Aqueles que o encontravam naquelas condições,
achavam que ele tinha enlouquecido. Certo dia, porém, quando passava por
um vilarejo, um menino se aproximou dele e lhe perguntou:
- Senhor, onde encontrou a corrente de ouro que tem na cintura?
O
alquimista estremeceu: a corrente que antes era de ferro, agora era
mesmo de ouro e resplandecia nos seus flancos. Não era devaneio. Era
ouro mesmo, mas qual pedra havia realizado aquela transformação? Quando?
Onde? Desesperado, bateu na sua cabeça. Estava tão acostumado a tocar
as pedras com a corrente de ferro, que nem tinha notado a transformação.
Tinha encontrado a pedra filosofal e a tinha perdido. De cabeça baixa,
retomou o seu caminho. Estava mais encurvado do que antes, e o seu
coração mais cansado do que ele mesmo. A noite estava chegando.
Domingo
passado, Jesus nos convidava a procurar o alimento que “permanece até a
vida eterna”; e ele mesmo se oferecia como alimento. Neste domingo,
repete para nós que ele é “o pão da vida” e que “quem comer deste pão
viverá eternamente”. Até quem participou apenas do catecismo da Primeira
Comunhão entende que Jesus está falando da Eucaristia, o pão-carne e o
vinho-sangue. Nos sinais do pão e do vinho, ele continua a nos doar a
sua vida para que nós possamos “ter parte” com ele. A vida eterna, na
qual nós cristão acreditamos, somente pode ser a vida de Jesus, porque
só ele, ressuscitado, pode nos garantir esta vida.
Este
desejo de vida está dentro de nós, dirige a nossa existência.
Procuramos sempre algo melhor, que nos permita sair de uma situação para
alcançar outra que, justamente, julgamos mais favorável. Por isso,
lutamos a vida inteira: para ganhar mais, para sermos mais famosos, para
termos mais segurança – sobretudo financeira - em nossa vida. Brigamos
para não morrer, mesmo sabendo que este dia chegará para todos.
O
que tem a ver Jesus Eucaristia com essa nossa busca incansável? Não
posso, neste momento, deixar de pensar em tantos adultos e jovens que
passaram pela nossa catequese e receberam Jesus Eucaristia na Primeira
Comunhão. Para alguns, infelizmente, foi a primeira e a última, porque
pensaram cumprir uma obrigação social, ou algo semelhante. Talvez um
costume familiar herdado do passado e nada mais. Passada a empolgação de
criança, tomaram outros rumos na vida. Tinham em mãos o segredo da vida
eterna e o perderam. Mas existem também outros cristãos, católicos, que
ainda participam da Missa, mas não sentem desejo de se alimentar com
Jesus Eucaristia. Têm o Pão da Vida à sua frente, mas pensam em
satisfazer a própria fome de vida e a p
rópria sede de Deus de outras formas.
Ainda
não entendemos que Jesus quer transformar a nossa vida mortal em vida
eterna, simplesmente nos alimentando com o seu amor. Ele, que doou a sua
vida, quer nos conduzir a doarmos a nossa. Ele quer nos ajudar a
transformar as nossas lágrimas em oferendas e as nossas alegrias em
fraternidade. Junto com o amor dele, todo gesto de amor humano ganha
valor eterno. Nada feito por amor ficará perdido.
Aprender
a doar a vida é um “caminho longo”, mas com a Eucaristia, o alimento
que não perece, as forças se multiplicam e as esperanças se tornam
certezas.
Coitado!
O alquimista que havia encontrado a pedra filosofal, na sua distração, a
tinha perdido. Acontece ainda hoje com a Eucaristia.
No
dia dos pais, pedimos a todos eles um bom exemplo para os seus filhos. A
nossa maneira de agir, trabalhar e nos relacionar, revela o que nós
realmente buscamos na vida. Todo pai é uma referência para os seus
filhos. Não deve se esconder; essa é uma honra e uma responsabilidade ao
mesmo tempo. Se lhes mostrar o caminho certo os conduzirá até a vida
eterna. Bem alimentados com o único Pão da Vida: Jesus Eucaristia.