Dom Claudio Gimenez disse que "normalmente, quando uma empresa tem falhas, o gerente é o responsável final. Então acredito que, nesse sentido, se a segurança falha, o Poder Executivo é o último responsável". "Não há nenhuma dúvida de que se atuou conforme a Constituição nacional. É claro que o procedimento é algo a ser melhorado no futuro, e a Constituição teria que ser mudada, porque ela não fixa prazos exatos para o processo de julgamento político."
Para Dom Giménez, o processo de impeachment se deu "de forma muito rápida" --em pouco mais de 30 horas-- e poderiam ter sido ampliados os prazos para que a defesa de Lugo se preparasse. Mas ele discorda que tenha havido um golpe de Estado. Ele lembra que vários países como os EUA, Alemanha e Espanha já reconheceram o novo governo. "Pouco a pouco, os países da região vão ter que ir aceitando também, em especial o Brasil", disse.
Durante seu mandato, Lugo manteve uma relação delicada com a Igreja, agravada pelos escândalos de paternidade relacionados à época em que ainda era sacerdote. Por causa da tensão política no país, Dom Giménez chegou a pedir pessoalmente a Lugo que renunciasse. "Ele recusou e preferiu seguir adiante. Então foi retirado. "Lugo" teve boas intenções em seu governo, mas não conseguiu avançar". "Acredito que os outros seguirão os passos que propuseram, sobretudo na área social. Não pode haver retrocesso", disse o religioso.
Fonte: Folha Uol
Perdeu o estado clerical
Vale recordar que, em 30 de julho de 2008, a Santa Sé anunciou a perda do estado clerical do ex-bispo e então Presidente eleito do Paraguai, Fernando Lugo. Por isso sua destituição deste cargo por parte do Congresso isso não significa que Lugo retomará os trabalhos de um pastor da Igreja, como especularam alguns meios de imprensa.
No comunicado de 2008, assinado pelo então Prefeito da Congregação para osBispos, Cardeal Giovanni Battista Rè, informou-se que Lugo –Bispo Emérito de San Pedro-, tinha solicitado no dia 18 de dezembro de 2006 "a perda do estado clerical para apresentar-se como candidato nas eleições para a Presidência da República do Paraguai".
"A Santa Sé, depois de ter tentado dissuadir Dom Fernando Lugo para que não se apresentasse como candidato à Presidência da República, suspendeu-o do exercício do ministério sacerdotal", indicou o texto.
Do mesmo modo, advertiu que o cargo "de Presidente da República do Paraguai não é compatível com as obrigações do ministério episcopal nem do estado clerical".
Por isso, logo depois de um cuidadoso exame, o Papa Bento XVI concedeu a Lugo a "perda do estado clerical, com a conseguinte perda dos direitos inerentes ao mesmo, dispensando-o ao mesmo tempo dos votos religiosos feitos na Sociedade do Verbo Divino, da obrigação do celibato e das demais obrigações que o estado clerical comporta".
Ao finalizar o comunicado, a Nunciatura no Paraguai confirmou então que "a atuação eclesiástica no caso do Sr. Fernando Lugo deveu-se exclusivamente a razões canônicas e pastorais".