domingo, 18 de março de 2012

Quaresma: Santo Atanásioe a fé na Divindade de Cristo



Primeira pregação da Quaresma
Em preparação para o ano da fé proclamado pelo Santo Padre Bento XVI (12 de outubro de 2012 -24 de novembro de 2013), as quatro pregações da Quaresma têm a intenção de retomar o impulso e o frescor da nossa fé, através de um contato renovado com os “gigantes da fé “do passado. Daí o título, retirado da carta aos Hebreus, e que foi dado para todo o ciclo: “Lembrai-vos dos vossos dirigentes, que vos anunciaram a palavra de Deus. Imitai-lhes a fé” (Hb 13,7).
Iremos cada vez para a escola de um dos quatro grandes doutores da Igreja oriental – Atanásio, Basílio, Gregório Nazianzeno e Gregório de Nissa – para ver o que cada um deles nos diz hoje, sobre o dogma do qual foram o defensor, ou seja, respectivamente, a divindade de Cristo, o Espírito Santo, a Trindade, o conhecimento de Deus. Em outro momento, se Deus quiser, vamos fazer a mesma coisa com os grandes doutores da Igreja do Ocidente: Agostinho, Ambrósio, e Leão Magno.
O que gostaríamos de aprender com os Padres não é tanto como proclamar a fé no mundo, ou seja, a evangelização, e nem sequer como defender a fé contra os erros, ou seja, a ortodoxia; realmente o que queremos é o aprofundamento da própria fé, redescobrir, por trás deles, a riqueza, a beleza e a felicidade do crer. Passar, como diz Paulo, “de fé em fé” (Rm 1,17), de uma fé que se acredita à uma fé vivida. Será justamente um grande crescimento “voluminoso” de fé dentro da Igreja que constituirá depois a maior força no anúncio dessa ao mundo e a melhor defesa da sua ortodoxia.
O Padre de Lubac afirmou que nunca houve na história uma renovação da Igreja que não tenha sido também um retorno aos Padres. O Concílio Vaticano II não é nenhuma exceção, do qual estamos nos preparando para comemorar o 50º aniversário. Ele está cheio de citações dos Padres; muitos dos seus protagonistas foram Patrólogos. Depois da Escritura, os Padres são a segunda “camada” de terreno sobre a qual assenta e da qual extrai sua seiva a teologia, a liturgia, a exegese bíblica e toda a espiritualidade da Igreja.
Em certas catedrais góticas da Idade Média vemos algumas estátuas curiosas: personagens com tamanhos imponentes que sustentam, sentados sobre os ombros, homens muito pequenininhos. É uma representação em pedra de uma convicção que os teólogos do tempo formulavam com estas palavras: “Nós somos como anões sentados nos ombros de gigantes, para que possamos ver coisas e mais longe do que eles, não pela agudeza do nosso olhar ou por causa da altura do corpo, mas para que sejamos levados mais alto e elevados à altura gigantesca”( Bernardo di Chartres, in Giovanni di Salisbury, Metalogicon, III, 4 – Corpus Chr. Cont. Med., 98, p.116). Os gigantes eram, naturalmente, os Padres da Igreja. E isso nos acontece também hoje.
1. Atanásio, o defensor da divindade de Cristo
Começamos nossa análise com Santo Atanásio, bispo de Alexandria, nascido em 295 d.C. e morto em 373 d.C.. Poucos Padres deixaram uma marca tão profunda na história da Igreja. Ele é lembrado por muitas coisas: pela influência que teve na difusão do monaquismo, graças à sua “Vida de Antônio”, por ter sido o primeiro a reivindicar a liberdade da Igreja também em um estado cristão” (Atanasio, Historia Arianorum, 52,3: “O que que o Imperador tem a ver com a Igreja?”), pela sua amizade com os bispos ocidentais, favorecida pelos contatos feitos durante o exílio que marca um fortalecimento dos laços entre Alexandria e Roma …
Mas não é sobre isso que queremos ocupar-nos. Kierkegaard, no seu Diário, tem um pensamento curioso: “A terminologia dogmática da Igreja primitiva é como um castelo assombrado, onde repousam num sono profundo os príncipes e princesas mais graciosos. Basta somente acordá-los, para que pulem de pé com toda a sua glória” [S. Kierkegaard, Diario, II A 110 (Trad.ital. di C. Fabro, Brescia 1962, nr. 196; Tradução nossa para o português)]. O dogma que Atanásio nos ajuda a “acordar” e fazer brilhar em toda a sua glória é o da divindade de Cristo; por essa sofreu sete vezes o exílio.
O bispo de Alexandria está bem convencido de não ter sido o descobridor dessa verdade. Todo o seu trabalho consistirá, pelo contrário, no mostrar que esta sempre foi a fé da Igreja; que nova não é a verdade, mas a heresia contrária. O seu mérito, neste campo, foi aquele de remover aqueles obstáculos que tinham impedido até agora um reconhecimento pleno e sem reticências da divindade de Cristo no contexto cultural grego.
Um desses obstáculos, talvez o principal, era o hábito grego de definir a essência divina com o termo agennetos, não-gerado. Como proclamar que o Verbo é verdadeiro Deus, já que esse é Filho, ou seja gerado pelo Pai? Era fácil para Ario estabelecer a equivalência: gerado = feito, ou seja ir de genetos para genetos, e concluir com a célebre frase que fez explodir o caso: ” Que houve um tempo em que o Filho (ainda) não existia” (Em grego, ainda mais sucintamente: en ota ouk en: houve quando não havia). Isto era o mesmo que fazer de Cristo uma criatura, embora não “como as outras criaturas”. Atanásio defendeu ao máximo o genitus non factus de Nicéia, “gerado, não criado”. Ele resolve a controvérsia com a simples observação: “O termo agenetos foi inventado pelos gregos, que não conheciam o Filho”(Atanasio, De decretis Nicenae synodi, 31).
Outro obstáculo cultural para o pleno reconhecimento da divindade de Cristo, menos sentido no momento, mas não menos ativo, era a doutrina de uma divindade intermediária, o deuteros theos, ligado à criação do mundo material. A partir de Platão, esse tornou-se um dado comum a muitos sistemas religiosos e filosóficos da antiguidade. A tentação de assimilar o Filho, “por meio do qual foram criadas todas as coisas”, a esta entidade intermediária que tinha permanecido serpenteando a especulação cristã, embora não na vida da Igreja. O resultado era um esquema tripartido do ser: no topo de tudo, o Pai não-gerado – depois dele, o Filho (e mais tarde também o Espírito Santo) e por fim as criaturas.
A definição do homoousios, do “genitus non factus”, remove para sempre o principal obstáculo do helenismo para o reconhecimento da plena divindade de Cristo e obra a catarse cristã do universo metafísico dos gregos. Com esta definição, uma única linha de demarcação é desenhada na vertical do ser e esta linha não divide o Filho do Pai, mas o Filho das criaturas. Querendo colocar numa frase o significado perene da definição de Nicéia, podemos formulá-la assim: em todas as épocas e culturas, Cristo deve ser proclamado “Deus”, não em qualquer sentido derivado ou secundário, mas no sentido mais forte que a palavra “Deus” tem em tal cultura.
Atanásio fez da manutenção dessa conquista o propósito da sua vida. Quando todos, imperadores, bispos e teólogos, oscilavam entre uma rejeição e uma tentativa de acordo, ele permaneceu inflexível. Houve momentos em que a futura fé comum da Igreja vivia no coração de um só homem: o seu. Da atitude para com ele se decidia de que parte cada um estava.
2. O argumento soteriológico
Porém mais importante que insistir na fé de Atanásio na plena divindade de Cristo, que é bem conhecido e pacífico, é saber o que o motiva no campo de batalha, de onde lhe vem uma certeza tão absoluta. Não da especulação, mas da vida; mais especificamente, da reflexão sobre a experiência que a Igreja faz da salvaçãoem Cristo Jesus.
Atanásio desloca o interesse da teologia do cosmos ao homem, da cosmologia à soteriologia. Referindo-se à tradição eclesiástica antes de Orígenes, especialmente em Irineu, Atanásio valoriza os resultados elaborados na longa batalha contra o gnosticismo, que o tinha levado a concentrar-se na história da salvação e da redenção humana. Cristo não se coloca mais, como na época dos apologistas, entre Deus e o Cosmos, mas sim entre Deus e o homem. Que Cristo seja Mediador não significa que ele esteja entre Deus e o homem (mediação ontológica, muitas vezes entendida em sentido subordinacionista), mas que une Deus e o homem. Nele, Deus se faz homem e o homem se faz Deus, ou seja é divinizado (Atanasio, De incarnatione 54, cfr. Ireneu, Adv. haer. V, praef).
Sobre este pano de fundo, coloca-se a aplicação que Atanásio faz do argumento soteriológico em função da demonstração da divindade de Cristo. O argumento soteriológico não nasce com a controvérsia ariana; está presente em todas as grandes controvérsias cristológicas antigas, da antignóstica àquela antimonotelita. Na sua formulação clássica se lê: “Quod non est assumptum non est sanatum”, “O que não é assumido não é salvo” (Gregório Nazianzeno, Carta Cledonio, PG 37, 181) Isso se adapta dependendo dos casos, a fim de refutar o erro do momento, que pode ser a negação da carne humana de Cristo (gnosticismo), ou da sua alma humana (apolinarismo), ou da sua vontade livre (monotelismo).
No uso que faz Atanásio, pode-se formular da seguinte forma: “O que não é assumido por Deus não é salvo”, onde a força está toda naquele breve acréscimo “por Deus”. A salvação exige que o homem não seja assumido por qualquer intermediário, mas pelo próprio Deus: “Se o Filho é uma criatura – Atanásio escreve – o homem permaneceria mortal, não ficando unido a Deus”, e ainda: “O homem não seria divinizado, se o Verbo que se fez carne não fosse da mesma natureza do Pai”( Atanasio, Contra Arianos II 69 e I 70). Atanásio formulou muitos séculos antes de Heidegger, e tomando-a com uma seriedade muito maior, a idéia de que “só um Deus pode nos salvar,” nur noch ein gott kann uns retten (Antwort. Martin Heidegger im Gespräch, Pfullingen 1988).
As implicações soteriológicas que Atanásio tira do homoousios de Nicéia são numerosas e profundíssimas. Definir o Filho “consubstancial” ao Pai significava colocá-lo em um nível tal, pelo qual nada absolutamente podia permanecer fora do seu raio de ação. Significava também enraizar o significado de Cristo no mesmo fundamento no qual estava enraizado o ser de Cristo, ou seja no Pai. Jesus Cristo, quer dizer, não é, na história e no universo, uma segunda presença aditiva com relação àquela de Deus; pelo contrário, ele é a presença e a importância mesma do Pai. Escreve Atanásio:
“Bom como é, o Pai, com o seu Verbo que é também Deus, guia e sustenta o mundo inteiro, porque a criação, iluminada pela sua direção, pela sua providência e pela sua ordem, possa persistir no ser… O onipotente e santíssimo Verbo do Pai, penetrando todas as coisas e chegando em toda parte com a sua força, dá luz a toda realidade e tudo contém e abraça em si mesmo. Não há nenhum ser que caia fora fora do seu domínio. Todas as coisas recebem totalmente dele a vida e dele são mantidas nela: as criaturas individuais em sua individualidade e o universo criado em sua totalidade” (Atanasio, Contra gentes 41-42).
Deve-se, contudo, fazer uma clarificação importante. A divindade de Cristo não é um “postulado” prático, como é, para Kant, a própria existência de Deus (I.Kant, Crítica da razão prática, cap. III, VI). Não é um postulado, mas a explicação de um “dado”. Seria um postulado, e, portanto, uma dedução humana teológica, se se partisse de uma certa ideia de salvação e se deduzisse dela a divindade de Cristo como a única capaz de obrar tal salvação; é em vez a explicação de um dado se se começa, como faz Atanásio, a partir de uma experiência de salvação e se demonstra como essa não poderia existir se Cristo não fosse Deus. Não é sobre a salvação que se fundamenta a divindade de Cristo, mas é sobre a divindade de Cristo que se fundamenta a salvação.
3. Corde creditur!
Mas é hora de voltar-nos a nós mesmos para ver o que podemos aprender hoje da épica batalha suportada por Atanásio. A divindade de Cristo é hoje o verdadeiro “articulus stantis et cadentis ecclesiae”, a verdade com a qual a Igreja está de pé ou cai. Se em outros tempos, quando a divindade de Cristo era pacificamente aceita por todos os cristãos, se podia pensar que tal “artigo” fosse a “justificação gratuita por fé”, agora não é mais assim. Podemos dizer que o problema vital para o homem de hoje é estabelecer a forma como o pecador é justificado, quando nem mesmo se acredita mais numa necessidade de justificação, ou se está convencido de encontrá-la em si mesmo? “Eu mesmo hoje me acuso – Sartre faz gritar do palco uma das suas personagens – e só eu posso também absolver-me, eu o homem. Se Deus existe, o homem não é nada” (J.-P. Sartre, Il diavolo e il buon Dio, X, 4, Gallimard, Parigi 1951, p. 267 s.).
A divindade de Cristo é a pedra angular que suporta os dois principais mistérios da fé cristã; a Trindade e a Encarnação. São como duas portas que se abrem e se fecham juntas. Descartada aquela pedra, todo o edifício da fé cristã desmorona sobre si mesmo: se o Filho não é Deus, de quem está formada a Trindade? Tinha-o denunciado claramente Santo Atanásio, escrevendo contra os arianos:
“Se o Verbo não existe junto com o Pai desde toda a eternidade, então não existe uma Trindade eterna, mas primeiro houve a unidade e depois, com o passar do tempo, por acréscimo, começou a ser a Trindade “(Atanasio, Contra Arianos I, 17-18, PG 26, 48).
(Uma idéia – esta da Trindade que se forma, “por acréscimo” – que voltou a ser proposta, em anos não muito distantes, por algum teólogo que aplicou à Trindade o esquema dialético do devir de Hegel!) Bem antes de Atanásio, Sao João tinha estabelecido este vínculo entre os dois mistérios: “Todo aquele que nega o Filho, também não possui o Pai. O que confessa o filho também possui o Pai (I Jo 2,23). As duas coisas permanecem ou caem juntas, mas se caem juntas então devemos infelizmente dizer com Paulo que nós cristãos “somos os mais dignos de compaixão de todos os homens” (1 Cor 15,19).
Nós devemos deixar-nos investir plenamente daquela pergunta tão respeitosa, mas tão direta de Jesus: “Mas vós, quem dizeis que eu sou?”, E daquela ainda mais pessoal: “Acreditas?” Acreditas realmente? Acreditas com todo o coração? São Paulo diz que “quem crê de coração obtém a justiça, e quem confessa com a boca, a salvação” (Rm 10,10). No passado, a profissão da fé verdadeira, ou seja, o segundo momento deste processo tem tido às vezes tanta importância que deixou na sombra aquele primeiro momento que é o mais importante e que se desenvolve nas profundidades recônditas do coração. “É da raiz do coração que se eleva a fé”, exclama Santo Agostinho (Agostinho, Comentário ao Evangelho de João, 26,2 ;PL 35,1607)
Será talvez necessário destruir em nós, que cremos, e em nós homens de Igreja, a falsa persuasão de já crêr, de estar em dia no que respeita à fé. É necessário provocar a dúvida –óbviamente não de Jesus, mas de nós – para então podermos começar a busca de uma fé mais autêntica. Talvez que não seja um bem, por um pouco de tempo, não querer demonstrar nada a ninguém, mas interiorizar a fé, redescobrir as suas raízes no coração! Jesus perguntou a Pedro três vezes: “Me amas?”. Sabia que na primeira e na segunda vez, a resposta tinha saído muito rapida, para ser aquela verdadeira. Finalmente, na terceira vez, Pedro compreendeu. Também a questão da fé deve ser colocada assim para nós; por três vezes, insistentemente, até que nós não nos demos conta e entremos na verdade: “Crês? Tu crês? Crês realmente?”. Talvez no final responderemos: “Não, Senhor, eu realmente não creio com todo o coração e com toda a alma. Aumenta a minha fé!”.
Atanásio nos lembra, entretanto, uma outra importante verdade: que a fé na divindade de Cristo não é possível, se não se faz também a experiência da salvação obrada por Cristo. Sem esta, a divindade de Cristo se torna facilmente uma idéia, uma tese, e sabemos que à uma idéia é sempre possível opor outra idéia, e à uma tese, outra tese. Só à uma vida – diziam os Padres do deserto – não há nada que se possa opor.
A experiência da salvação é feita através da leitura da palavra de Deus (e tomando-a por aquilo que é, palavra de Deus!), administrando e recebendo os sacramentos, especialmente a Eucaristia, lugar privilegiado da presença do Ressuscitado, exercitando os carismas, mantendo um contato com a vida da comunidade dos que creem, pregando Evagrio, no IV século, formulou esta célebre frase: “Se é teólogo, rezarás realmente e se rezas realmente será teólogo”( Evagrio, De oratione 61 ;PG 79, 1165).
Atanásio impediu que a investigação teológica permanecesse prisioneira da especulação filosófica das várias “escolas” e se tornasse ao invés disso aprofundamento do dado revelado na linha da Tradição. Um eminente historiador protestante reconheceu em Atanásio um mérito particular neste campo: “Graças à ele – escreveu – a fé em Cristo permaneceu rigorosa fé em Deus e, de acordo com sua natureza, totalmente distinta de todas as outras formas – pagãs, filosóficas, idealistas – de fé… Com ele, a Igreja tornou-se novamente instituição de salvação, ou seja, no sentido estrito do termo, ‘Igreja’, cujo conteúdo próprio e determinante foi constituído pela pregação de Cristo” (H. von Campenhausen, I Padri greci, Brescia 1967, pp. 103-104).
Tudo isso nos desafia hoje de maneira especial, depois que a teologia foi definida como uma “ciência” e é professada em círculos acadêmicos, muito mais descomprometida da vida da comunidade dos que creem do que era na época de Atanásio, a escola teológica, chamada Didaskaleion, florescida em Alexandria por obra de Clemente e de Orígenes. A ciência exige do pesquisador que “domine” a sua matéria e que seja “neutro” diante do objeto da própria ciência; mas como “dominar” aquele que pouco antes tens adorado como o teu Deus? Como manter-se neutro quanto ao objeto quando esse objeto é Cristo? Foi um dos motivos que me levaram, em algum momento da minha vida, a abandonar o ensino acadêmico para dedicar-me a tempo integral ao ministério da palavra. Lembro-me do pensamento que surgia em mim, depois de participar de congressos ou debates bíblicos e teológicos, especialmente no exterior: “Já que o mundo universitário voltou as costas para Jesus Cristo eu voltarei as costas para o mundo universitário”.
A solução para este problema não é abolir o estudo acadêmico da teologia. A situação italiana nos faz ver os efeitos negativos produzidos pela ausência de faculdades teológicas nas universidades estaduais. A cultura católica e religiosa no geral foi empurrada à um gheto; nas livrarias seculares não se encontra nenhum livro religioso, só se for de algum tema esotério ou de moda. O diálogo entre teologia e conhecimento humano, científico e filosófico, se realiza “à distância”, e não é a mesma coisa. Falando em ambientes universitários, eu digo muitas vezes para não seguir o meu exemplo (que continua a ser uma escolha pessoal), mas de valorizar ao máximo o privilégio de que gozam, buscando se for o caso tentar acoplar ao estudo e ao ensino também algumas atividades pastorais compatíveis com ele.
Se não se pode e não se deve tirar a teologia dos ambientes acadêmicos, há porém uma coisa que os teólogos acadêmicos podem fazer e é ser muito humilde para reconhecer os seus limites. A sua não é a única, nem a mais alta expressão da fé. O Padre Henri de Lubac escreveu: “O ministério da pregação não é a vulgarização de um ensinamento doutrinário em forma mais abstrata, que seria anterior e superior a ele. É, pelo contrário, o mesmo ensinamento doutrinal, na sua forma mais alta. Isto era verdade da primeira pregação cristã, aquela dos apóstolos, e é também verdadeira da pregação daqueles que lhes sucedem na Igreja: os Padres, os Doutores e os nossos Pastores no tempo presente”( H. de Lubac, Exégèse médièvale, I, 2, Parigi 1959, p. 670.). H. U. von Balthasar, por sua vez, fala da “missão da pregação na Igreja, à qual está sujeita a mesma missão teológica” (H.U. von Balthasar, La preghiera contemplativa, citado também por De Lubac.).
4. “Coragem, eu estou aqui!”
Voltemos para concluir a divindade de Cristo. Ela ilumina toda a vida cristã.
Sem a fé na divindade de Cristo:
Deus está longe,
Cristo permanece no seu tempo,
o Evangelho é um dos muitos livros religiosos da humanidade,
a Igreja, uma simples instituição,
a evangelização, uma propaganda,
a liturgia, uma rememoração de um passado que não existe mais,
a moral cristã, um peso que é tudo, menos leve, e um jugo que é tudo, menos suave.
Mas com a fé na divindade de Cristo:
Deus é Emanuel, o Deus conosco,
Cristo, é o Ressuscitado que vive no Espírito,
o Evangelho, a palavra definitiva de Deus para toda a humanidade,
a Igreja, sacramento universal de salvação,
a evangelização, partilha de um dom,
a liturgia, encontro alegre com o Ressuscitado,
a vida presente, o começo da eternidade.
De fato foi escrito: “Aquele que crê no Filho tem a vida eterna” (Jo 3, 36). A fé na divindade de Cristo nos é particularmente indispensável neste momento para manter viva a esperança sobre o futuro da Igreja e do mundo. Contra os gnósticos, que negavam a verdadeira humanidade de Cristo, Tertuliano elevou, no seu tempo, o grito: “Parce unicae spei totius orbis”, não tirem do mundo a sua única esperança!(Tertulliano, De carne Christi, 5, 3 ;CC 2, p. 881). Nós devemos dizer hoje àqueles que se recusam a acreditar na divindade de Cristo.
Aos apóstolos, depois de ter acalmado a tempestade, Jesus dirigiu uma palavra que repete hoje aos seus sucessores: “Coragem! Sou eu, não tenhais medo “(Mc 6,50).
[Tradução Thácio Siqueira]

sábado, 17 de março de 2012

São Gregório Nazianzeno, mestre na fé da Trindade



Segunda Pregação de Quaresma
Em anos não distantes, tem-se havido propostas teológicas que, apesar das profundas diferenças entre elas, tinham um esquema de fundo comum, às vezes claro, às vezes implícito. Tal esquema é muito simples, porque redutivo. Os dois maiores mistérios da nossa fé são a Trindade e a Encarnação: Deus é uno e trino; Jesus Cristo é Deus e homem. A essência das propostas às quais me refiro diz assim: Deus é uno, e Jesus Cristo é homem. Cai a divindade de Cristo e, com essa, a Trindade.
O resultado deste processo é que acaba-se aceitando tacitamente e hipocritamente a existência de duas fé e de dois cristianismos diferentes, que só têm o nome em comum: o cristianismo do Credo da Igreja, das declarações ecumênicas conjuntas, nas quais, com as palavras do símbolo Niceno-Constantinopolitano, continua a professar a fé na Santíssima Trindade e na plena divindade de Cristo, e o cristianismo de grandes segmentos da cultura, também exegética e teológica, nas quais estas mesmas verdades são ignoradas ou interpretadas de forma bastante diferente.
Neste clima, é particularmente oportuna uma revisitação dos Padres da Igreja, não só para conhecer o conteúdo do dogma no seu estado nascente, mas ainda mais para reencontrar a unidade entre a fé professada e a fé vivida, entre a “coisa” e o seu “enunciado”. Para os Padres a Trindade e a unidade de Deus, a dualidade das naturezas e a unicidade da pessoa de Cristo não eram verdades para se discutir na teoria somente ou nos livros em diálogo com outros livros; eram realidade vitais. Parafraseando uma piada que circula nos ambientes esportivos, poderemos dizer que tais verdades não eram para eles questão de vida ou de morte; eram muito mais!
1. Gregório Nazianzeno, cantor da Trindade
O gigante sobre o qual queremos subir nas costas hoje, é São Gregório Nazianzeno, o horizonte que queremos vasculhar com ele é a Trindade. É seu o grandioso quadro que mostra o desdobrar-se da revelação da Trindade na história e a pedagogia de Deus que se revela nele. O Antigo Testamento, escreve, proclama abertamente a existência do Pai e começa a anunciar veladamente aquela do Filho; O Novo Testamento proclama abertamente o Filho e começa a revelar a divindade do Espírito Santo; agora, na Igreja, o Espírito nos concede distintamente a sua manifestação e se confessa a glória da beata Trindade. Deus dosou a sua manifestação, adaptando-a aos tempos e à capacidade receptiva dos homens (Cf. Gregorio Nazianzeno, Oratio 31, 26. Trad. portuguesa nossa, Trad ital di C. Moreschini, I cinque discorsi teologici, Roma, Città Nuova, 1986).
Esta divisão tríplice não tem nada a ver com a tese, conhecida sob o nome de Joaquim de Fiore, dos três períodos distintos: aquele do Pai, no Antigo Testamento, aquele do Filho no Novo e aquele do Espírito na Igreja. A distinção de São Gregório se coloca na ordem da manifestação, não do ser ou do agir das Três Pessoas, que estão presentes e obram juntas em todo o arco do tempo.
São Gregório Nazianzeno recebeu da tradição o título de “o Teólogo” (Rô Theólogos), justo por causa da sua contribuição para a compreensão do dogma trinitário. O seu mérito foi ter dado à ortodoxia trinitária a sua formulação perfeita, com frases destinadas à se tornarem patrimônio comum da teologia. O símbolo pseudo-atanasiano “Quicumque”, composto aproximadamente um século depois, deve bastante à Gregório Nazianzeno.
Eis algumas das suas fórmulas cristalinas: “Era, e era, e era: mas era um só. Luz e luz e luz: mas uma só luz. Isto é o que David imaginou quando disse: “Na tua luz veremos a luz” (Sl 35,10). E agora nós a contemplamos e a anunciamos, da luz que é o Pai compreendendo a luz que é o Filho na luz do Espírito: Eis a breve e concisa teologia da Trindade [...] Deus, se é que podemos falar de forma sucinta, é indivisível em seres divisíveis uns dos outros”( Oratio 31, 3.14).
A principal contribuição dos Capadócios na formulação do dogma trinitário é aquela de ter levado até o fim a distinção dos dois conceitos de ousia e hipostase, substância e pessoa, criando a base conceitual permanente com a qual se exprime a fé na Trindade. Trata-se de uma das maiores inovações que a teologia cristã introduziu no pensamento humano. Dessa foi possível se desenvolver o moderno conceito de pessoa como relação. O lado fraco da sua teologia trinitária, e que ele mesmo se deu conta, era o perigo de conceber a relação entre a única substância divina e as três hipósteses do Pai, do Filho e do Espírito Santo da mesma forma que a relação que existe na natureza entre as espécies e os indivíduos (Por exemplo, entre a espécie humana e os indivíduos homens), expondo-se assim às acusações de triteísmo (Cf. Basilio, Epistola 236,6).
Gregorio Nazianzeno se esforça para responder a esta dificuldade, dizendo que cada uma das três pessoas divinas não é menos unida às outras duas do que é unida a si mesma (Gregorio Naz., Oratio. 31,16). Rejeita, pelo mesmo motivo, as semelhanças tradicionais de “fonte, riacho, rio” ou “sol, raio, luz”( Ib. 31, 31-33). Ao final admite, porém, candidamente que prefere esse risco ao do modalismo: “É melhor, diz ele, ter uma idéia, talvez insuficiente, da união dos Três, do que ousar uma impiedade absoluta” (Ib. 31, 12).
Por que escolher São Gregório Nazianzeno como mestre de fé na Trindade? O motivo é o mesmo pelo qual escolhemos Atanásio como mestre de fé na divindade de Cristo. É que, para Gregório, a Trindade não é uma verdade abstrata, ou apenas um dogma; é a sua paixão, o seu ambiente vital, algo que vibra o seu coração só com a menção.
Os ortodoxos chamam-no de “o cantor da Trindade”. Isto corresponde perfeitamente ao que sabemos da sua personalidade humana. O Nazianzeno é um homem com um coração maior do que a mente, um temperamento exageradamente sensível, de modo a causar-lhe não poucos sofrimentos e decepções nos seus relacionamentos com os outros, começando com o seu amigo São Basílio.
É na sua produção poética que se revela sobretudo o seu entusiasmo pela Trindade. Ele usa expressões como “a minha Trindade”, “a amada Trindade” [Gregorio Naz., Poemata de seipso, I,15; I, 87 (PG 37, 1251 s.; 1434)]. Gregorio é um apaixonado da Trindade. Escreve sobre si mesmo:
“Desde o dia em que eu renunciei as coisas deste mundo para consagrar a minha alma às contemplações luminosas e celestiais, quando a inteligência suprema me seqüestrou daqui de baixo para colocar-me distante de tudo o que é carnal, daquele dia os meus olhos foram ofuscados pela luz da Trindade … Da sua sublime sede ela espalha sobre todas as coisas o seu brilho inefável… A partir daquele dia eu estou morto para o mundo e o mundo está morto para mim” [Ib., I,1 (PG 37, 984-985)].
Basta comparar estas palavras com as expressões tecnicamente perfeitas, mas frias do símbolo “Quicumque”, que se recitava a um tempo atrás no Ofício divino do domingo, para que nos demos conta da distância que separa a fé vivida pelos Padres daquela formal e repetitiva que se instaura depois deles, ainda se esta última absolve também uma tarefa importante.
2. Não podemos viver sem a Trindade
Agora, como sempre, algumas reflexões sobre aquilo que os Padres podem oferecer-nos, neste campo, para uma renovação da nossa fé. Sabemos que a teologia ocidental sempre teve de se defender contra o risco do triteísmo do qual, temos visto, deve defender-se o Nazianzeno; o risco de enfatizar a unidade da natureza divina, em detrimento da distinção das pessoas.
Sobre este terreno foi possível se desenvolver a visão deística de Descartes e dos Iluministas que prescinde totalmente da Trindade para concentrar-se unicamente em Deus, concebido como Ser supremo ou como “a divindade”. Kant chegou com isso à famosa conclusão de que “da doutrina Trinitária, tomada literalmente, não é possível tirar nada de prático” (E. Kant, Il conflitto delle facoltà, A 50 (WW, ed. W. Weischedel, VI, p.303). Ela, em outras palavras, seria irrelevante para a vida dos homens e da Igreja.
Isto foi sem dúvida um dos fatores que aplainou o caminho do ateísmo moderno. Se tivesse permanecido viva na teologia a idéia do Deus Uno e Trino, antes de falar de um vago “Ser supremo”, não teria sido muito fácil para Feurbach fazer triunfar a sua tese de que Deus é uma projeção que o homem faz de si mesmo e da própria essência. Que necessidade teria então o homem de dividir-se em três: em Pai, Filho e Espírito Santo? E em que sentido a Trindade pode ser a projeção e a sublimação que o espírito humano faz de si mesmo? É o vago deísmo que foi demolido por Feuerbach, não a fé no Deus uno e trino.
Mas se a visão latina da Trindade, por um lado, abre brecha para este desvio deístico, por outro lado contém o remédio mais eficaz contra ele. Nunca seremos o suficientemente gratos a Agostinho por ter feito o seu discurso da Trindade sobre a palavra de João: “Deus é amor” (1 Jo 4,10). Deus é amor: por isso, conclui Agostinho, ele é Trindade! “O amor supõe um que ama, o que é amado e o mesmo amor”( Agostino, De Trinitate, VIII, 10, 14). O Pai é, na Trindade, aquele que ama, a fonte e o princípio de tudo; o filho é aquele que é amado; o Espírito Santo é o amor com o qual se amam.
Todo amor é amor de alguém ou de algo, como todo conhecimento, explicou Husserl, é conhecimento de algo. Não existe um amor “vazio”, sem objeto. Ora, quem ama a Deus, para ser definido amor? O Homem? Mas então é amor só de apenas algumas centenas de milhões de anos. O universo? Mas então é amor somente de algumas poucas dezenas de bilhões de anos. E antes quem amava a Deus para ser amor? Os pensadores gregos e, em geral, as filosofias religiosas de todos os tempos, concebendo a Deus principalmente como um “pensamento”, podiam responder: Deus pensava a si mesmo; era “pensamento puro”, “pensamento de pensamento”. Mas isto não é possível, no momento em que se diz que Deus é antes de mais nada amor, porque o “puro amor de si mesmo” seria então puro egoísmo, que não é exaltação máxima do amor, mas a sua total negação.
E aqui está a resposta da revelação, explicitada pela Igreja com a sua doutrina da Trindade. Deus é amor desde sempre, ab aeterno, porque antes mesmo de que existisse um objeto fora de si para amar, tinha em si mesmo o Verbo, o Filho que amava com amor infinito, ou seja “no Espírito Santo”. Isso não explica como a unidade possa ser simultaneamente trindade (isso é um mistério incognocível por nós porque acontece somente em Deus), mas nos é suficiente, ao menos, intuir porque, em Deus, a unidade deve ser também pluralidade, também trindade.
Um Deus que fosse puro Conhecimento ou pura Lei, ou puro Poder não teria certamente necessidade de ser trino (este fato complicaria ainda mais as coisas); mas um Deus que é acima de tudo Amor sim, porque “em menos de dois, não pode haver amor”. “É necessário – escreveu de Lubac – que o mundo conheça: a revelação do Deus Amor perturba todo o conceito que ele tinha da divindade” (H. de Lubac, Histoire et Esprit, Aubier, Parigi 1950, cap.5).
Aquela do amor é certamente uma analogia humana, mas é sem dúvida aquela que melhor nos permite vislumbrar as profundezas misteriosas de Deus. Nisso se vê como a teologia latina integra aquela grega e as duas não podem dispensar-se mutuamente. O tema do amor está quase inteiramente ausente na teologia trinitária dos orientais que usam de preferência a analogia da luz. É necessário esperar Gregório Palamas para ler, no âmbito grego, algo análogo do que disse Agostinho sobre o amor na Trindade [Gregorio Palamas, Capita physica, 36 (PG 150, 1144s)].
Alguns gostariam de colocar hoje entre parênteses o dogma da Trindade para facilitar o diálogo com as outras grandes religiões monoteístas. É uma operação suicida. Seria como tirar a espinha dorsal de uma pessoa para fazê-la caminhar mais facilmente! A Trindade está tão impressa na teologia, liturgia, espiritualidade e toda a vida cristã que renunciar a ela significaria iniciar uma outra religião, completamente diferente.
O que deve ser feito é, antes, como os Padres nos ensinam, tirar esse mistério dos livros de teologia e colocá-los na vida, de modo que a Trindade não seja só um mistério estudado e formulado corretamente, mas vivido, adorado, gozado. A vida cristã se desenvolve, do começo ao fim, no sinal e na presença da Trindade. Na aurora da vida, fomos batizados “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” e, no final, se tivermos a graça de uma morte cristã, ao nosso lado serão pronunciadas estas palavras: “Parte, alma cristã, deste mundo: em nome do Pai que te criou, do Filho que te redimiu e do Espírito Santo que te santificou”.
Entre estes dois momentos extremos, são colocados outros momentos assim chamados “de passagem” que, para um cristão, são marcados pela invocação da Trindade. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo os esposos são unidos em matrimônio e se trocam o anel e os sacerdotes e os bispos são consagrados. Em nome da Trindade iniciavam uma vez os contratos, as sentenças e cada ato importante da vida civil e religiosa. A Trindade é o ventre do qual nascemos (cf. Ef 1,4) e é também o porto para o qual todos navegamos. É “o oceano de paz” do qual tudo jorra e no qual tudo flui
3. “O beata Trinitas!”
São Gregório Nazianzeno deveria ter suscitado em nós o desejo ardente da Trindade: fazer dela a “nossa” Trindade, a “amada” Trindade, a “cara” Trindade. Alguns desses toques de sincera adoração e espanto sobressaem nos textos da solenidade da Santíssima Trindade. Devemos fazê-los passar da liturgia para a vida. Existe algo mais santo que podemos fazer com relação à Trindade do que buscar compreendê-la, e é entrar nela! Não podemos abraçar o oceano, mas podemos entrar nele; não podemos abraçar o mistério da Trindade com a nossa mente, mas podemos entrar nele!
A “porta” para entrar na Trindade é só uma, Jesus Cristo. Com a sua morte e ressurreição ele inaugurou para nós um caminho novo e vivente para entrar no santo dos santos que é a Trindade (cf. Hb 10,19-20) e deixou-nos os meios para poder segui-lo nesta viagem de retorno . O primeiro e mais universal é a Igreja. Quando se quer atraversar um braço de mar, dizia Agostinho, a coisa mais importante não é estar na margem e aguçar a visão para ver o que há do outro lado, mas é subir na barca que leva até a margem. E também para nós a coisa mais importante não é especular sobre a Trindade, mas permanecer na fé da Igreja que vai em direção a ela (Agostino, De Trinitate, IV,15,30; Confessioni, VII, 21).
Na Igreja, a Eucaristia é o meio por excelência. A Missa é uma ação trinitária do início ao fim; começa em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e termina com a benção do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Essa é a oferta que Jesus, cabeça e corpo místico, faz de Si mesmo ao Pai no Espírito Santo. Através dele, entramos realmente no coração da Trindade.
Para os irmãos ortodoxos, um importante meio para entrar no mistério é o ícone. A Trindade de Rublev é uma síntese visual da doutrina trinitária dos Capadócios, particularmente de Gregório Nazianzeno. Nela percebe-se, em igual medida, movimento incessante e quietude sobre-humana, transcendência e condescendência. O dogma da unidade e trindade de Deus é expresso pelo fato de que as figuras presentes são três e bem distintas, mas muito semelhantes entre elas. Estão idealmente contidas dentro de um círculo que destaca a sua unidade; mas com o seu diverso movimento e disposição proclamam também a sua distinção. O santo, cujo mosteiro foi pintado o ícone, São Sérgio de Radonez, havia se distinguido na história Rússa por ter trazido a unidade entre os líderes em desacordo entre si e de ter tornado assim possível a libertação da Rússia pelos Tártaros que a tinham invadido. O seu lema – que Rublev tem se esforçado para interpretar o ícone – era: “Contemplando a Santíssima Trindade, vencer a discórdia ódiosa deste mundo.” São Gregório Nazianzeno tinha expressado um pensamento semelhante nestes versos que parecem o seu testamento espiritual:
Busco a solidão, um lugar inacessível para o mal,
Onde com mente única buscar o meu Deus
E aliviar a minha velhice com a doce esperança do céu.
O que vou deixar à Igreja? Vou deixar as minhas lágrimas! …
Dirijo o meu pensamento para a morada que não conhece ocaso,
Para a minha querida Trindade, única luz,
Da qual só a sombra escura me comove agora. ”
A espiritualidade latina não é menos rica de ajuda para fazer da Trindade um mistério próximo, amado. Ela também insiste sobre o movimento oposto: não nós que entramos na Trindade, mas a Trindade entraem nós. Natradição ortodoxa, a doutrina da inabitação é referida de preferência à pessoa do Espírito Santo. É a teologia latina que desenvolveu, em todo o seu potencial, a doutrina bíblica da inabitação de toda a Trindade na alma: “O meu Pai o amará e a ele viremos e nele estabeleceremos morada”. (Jo 14, 23). Pio XII reservou para ela um lugar na sua Mystici Corporis, dizendo que graças a ela nós “participamos desde agora na alegria e na bem aventurança da Trindade”.
São João da Cruz diz que “o amor foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo” (Rm 5,5) não é nada mais do que o amor com o qual o Pai, desde sempre, ama o Filho. É um transbordamento do amor divino da Trindade para nós. Deus comunica à alma “o mesmo amor que comunica ao Filho, mesmo que isso não ocorra naturalmente, mas por união… A alma participa de Deus, cumprindo, junto com ele, a obra da Santíssima Trindade”. A beata Elizabete da Trindade nos sugere um método simples para traduzir tudo isso num programa de vida: “Todo o meu exercício consiste em entrar em mim mesma e perder-me nos Três que estão lá”.
Eu vejo nisso uma razão a mais, e entre as mais profundas, para evangelizar. Lia dias atrás, na liturgia das horas, as palavras de Deus em Isaías: “Eis para quem estão voltados meus olhos: para quem é humilde, que tem o espírito aflito e trema diante da minha palavra” (Isaías 66,2). Fiquei impressionado com um pensamento. Eis, disse a mim mesmo, em que consiste a grande diferença entre quem é batizado e quem não o é: sobre quem é batizado, Deus “dirige o olhar”, está presente intencionalmente, com o seu amor e a sua providência; em quem é batizado, ele não dirigem somente o olhar mas vem habitar nele pessoalmente, e mais com todas as três Pessoas divinas. É verdade que uma presença intencional correspondida pode ser mais aceitável a Deus do que uma presença batismal negligenciada ou recusada (e isso deve encher-nos de humildade e responsabilidade), mas seria ingratidão não reconhecer a diferença que faz ser ou não ser cristãos.
Terminamos a recitando juntos a doxologia que conclui o cânon da Missa e que constitui a mais breve e a mais densa oração trinitária da Igreja: “Por Cristo, com Cristo, em Cristo, a vós, Deus Pai Todopoderoso, na unidade do Espírito Santo,Toda honra e Toda a Glória agora e para sempre. Amém”.
16 de março de 2012
[Tradução Thácio Siqueira]

quinta-feira, 15 de março de 2012

Novena a São José - Festa litúrgica do dia 19 de Março




Tenho uma devoção especial por São José, pai adotivo de Nosso Senhor Jesus Cristo. Poucos as Sagradas Escrituras falam sobre ele, e quando o apresentam, referem-se na verdade as figuras de Nosso Senhor e da Virgem Maria. Mas José, o justo, foi fundamental para nossa História da Salvação como nos lembram o Evangelho.
A diocese de Macapá, é dedicada a este justo homem. Minha esposa, Simone Farias, e eu estamos fazendo a Novena de São José, clamando a providência de Deus diante das adversidades que se tem apresentado. Confiantes, pedimos a intercessão deste Santo, protetor da Sagrada Família de Nazaré e Patrono da Igreja Universal.


NOVENA A SÃO JOSÉ – FESTA LITÚRGICA DO DIA 19 DE MARÇO
Nota: Esta oração foi encontrada no quinquagésimo ano de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Em 1505 ela foi enviada pelo Papa ao Imperador Carlos quando ele estava indo para uma batalha. Quem quer que leia esta oração ou a escute ou a mantenha junto de si jamais deverá morrer de morte repentina, ou ser afogado, nem mesmo veneno fará mal algum a eles; e muito menos cairão eles nas garras do inimigo, ou se queimarão em alguma chama ou serão mortos em batalha. Diga esta oração por nove manhãs para obter alguma graça que você deseje. Não há registro de que tenha falhado alguma vez, então, certifique-se de que realmente deseja o que irá pedir.
1 - ORAÇÕES INICIAIS PARA TODOS OS DIAS
Oh! São José, cuja proteção é tão grande, tão forte, tão imediata diante do trono de Deus, coloco em vossas mãos todos os meus interesses e desejos. Oh! São José, auxilie-me com sua poderosa intercessão, e obtenha para mim do seu divino Filho todas as bênçãos espirituais, por intermédio de Jesus Cristo, nosso Senhor, para que, tendo-me comprometido aqui, sob seu poder celestial, eu possa oferecer minhas graças e homenagens ao mais amável dos Pais. Oh São José, jamais me canso de contemplar a ti e a Jesus a dormir em seus braços; Não me atrevo a me aproximar enquanto Ele repousa junto do teu coração. Abraçe-O em meu nome e beije-O ao meu último suspiro.
São José, Patrono das almas partidas
Rogai por mim.

Em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo.
Amém e Amém.

Oh glorioso São José, fiel seguidor de Jesus Cristo, a ti elevamos nossos corações e nossas mãos para implorar vossa poderosa intercessão em obter do benigno coração de Jesus todos os auxílios e graças necessárias ao nosso bem-estar espiritual e carnal, particularmente pela graça de uma morte feliz e o especial favor que agora vos pedimos (mencionar pedidos, intenções).
Oh! guardião dos encarnados do mundo, sentimo-nos animados e confiantes de que vossas orações em nosso favor serão graciosamente ouvidas ao trono de Deus.
Oh! glorioso São José, pelo amor que tendes por Jesus Cristo e pela glória do Seu nome, escutai as nossas orações e dai-nos o que pedimos. Amém.
2 - PRIMEIRO DIA
Oh! glorioso São José, com sentimentos de inlimitada confiança, vos imploramos que abençoe esta novena que começamos em vossa honra.
"Vós jamais sois invocado em vão" dizia Santa Teresa do Menino Jesus.
Fazei por mim, portanto, o mesmo o que fizestes pela esposa do Sagrado Coração de Jesus e graciosamente escutai-me assim como a ela escutou. Amém.
São José, rogai por nós!
3 - SEGUNDO DIA
Oh! abençoado São José, pai carinhoso, fiel guardião de Jesus, casto esposo da Mãe de Deus, nós oramos e vos imploramos que ofereça a Deus, o Pai, Seu divino filho, banhado em sangue na Cruz por nós, pecadores, e pelo trino nome sagrado de Jesus obtenhais do Pai eterno o favor pelo qual imploramos vossa intercessão
(mencionar pedido).
Pelos esplendores da eternidade, não vos esqueçais das dores daqueles que rezam, daqueles que choram;
Permitai que, através de vossas orações e as de vossa sacratíssima esposa, o Coração de Jesus seja comovido à piedade e ao perdão. Amém.
São José, rogai por nós!
4 - TERCEIRO DIA
Abençoado São José, acendei em nossos gélidos corações uma faísca da vossa caridade.
Que Deus seja sempre o primeiro e único objeto de nossas afeições.
Mantenha nossas almas sempre na graça santificada e, se tivermos a infelicidade de perdê-la, dai-nos a força para repô-la imediatamente através de sincero arrependimento.
Ajudai-nos para que o amor de nosso Deus nos mantenha sempre unidos a Ele. Amém.
Oh! glorioso São José, pelo amor que tendes por Jesus Cristo e pela glória de Seu nome, escutai as nossas preces e concedei-nos o que vos pedimos.
São José, rogai por nós!

5 - QUARTO DIA
São José, orgulho do Céu, esperança infalível para nossas vidas, e apoio àqueles na terra, graciosamente aceitai nossa oração de louvor.
Fostes nomeado esposo da casta Virgem pelo Criador do mundo.
Ele quis que vós fôsseis chamado "pai" do Mundo e nos servisse como agente de nossa salvação.
Que o Deus trino que outorgou a vós honras celestiais, seja louvado para sempre.
E que Ele nos conceda pelos vossos méritos o gozo da vida abençoada e uma favorável resposta aos nossos pedidos. Amém.
São José, rogai por nós!
6 - QUINTO DIA
Oh! sagrado São José, que lição vossa vida é para nós, somos sempre tão ávidos por aparecer, tão ansiosos para ostentar aos olhos dos homens as graças que devemos inteiramente à liberalidade de Deus.
Além do favor especial pelo qual declaramos nesta novena (mencionar pedido), concedei que possamos atribuir a Deus a glória de todas as coisas, que amemos a vida humilde e silenciosa, que não desejemos nenhuma outra posição senão a que nos foi concedida pela Providência e que sempre sejamos dóceis intrumentos nas mãos de Deus. Amém.
São José, rogai por nós!
7 - SEXTO DIA
Oh! glorioso São José, nomeado pelo Pai Eterno como o guardião e protetor da vida de Jesus Cristo, o conforto e o apoio de Sua Sagrada Mãe, e o instrumento em Seu grande propósito para a redenção da humanidade; vós que tivésseis a felicidade de viver com Jesus e Maria, e de morrer em Seus braços, sê comovido pela confiança que depositamos em vós, e obtenha para nós, do Todo Poderoso, o favor particular que humildemente pedimos pela vossa intercessão (mencionar pedido). Amém.
São José, rogai por nós!
8 - SÉTIMO DIA
Oh! fiel e prudente São José, vigiai nossa fraqueza e nossa inexperiência; concedei-nos a prudência que nos faz lembrar de nosso fim, que dirige nossos passos e nos protege de todo perigo.
Rogai por nós, então, Oh grande Santo, e através de seu amor por Jesus e Maria, e do Seu amor por vós, concedei o favor que vos pedimos nesta novena (mencionar pedido). Amém.
São José, rogai por nós!
9 - OITAVO DIA
Oh! abençoado José, a quem foi concedido não apenas ver e ouvir o Deus que muitos reis ansiaram em ver e não viram;
Ouvir e não ouviram; mas também carregá-Lo em vossos braços, abraçá-Lo, vesti-Lo, e guardar e defendê-Lo, vinde em nosso auxílio e intercedei junto a Ele para olhar favoravelmente nosso pedido (mencionar pedido). Amém.
São José, rogai por nós!
10 - NONO DIA
Oh! bondoso São José, ajudai-nos a ser como vós, amável com aqueles cuja fraqueza sustenta-se sobre eles;
Ajudai-nos a dar àqueles que buscam vosso auxílio, a força para que eles permaneçam inabaláveis.
Dai-nos vossa fé, que possamos ver o verdadeiro brilho sobre as vitórias das forças do bem.
Dai-nos vossa esperança para que permaneçamos seguros, intocáveis pela dúvida, firmes para suportar.
Concedei-nos vosso amor que, enquanto os anos aumentarem, que um coração compreensivo traga-nos paz.
Permitai-nos vossa pureza que, a hora da morte encontre-nos intocados pelo sopro do mal.
Permitai vosso amor de operário que não recusemos a vida que nos chama ao trabalho honesto.
Dai-nos vosso amor de pobreza para que vivamos satisfeitos, independente da riqueza.
Dai-nos vossa coragem para que sejamos fortes;
Dai-nos vossa mansidão para confessar nossos pecados.
Dai-nos vossa paciência para qe possamos possuir o reinos de nossas almas sem angústia.
Ajudai-nos, querido Santo, a viver para que, quando morrermos possamos passar convosco para junto de Jesus e Seus amigos.
Oh! Gloriosos São José, escutai as nossas preces e intercedei pelos nossos pedidos. Amém.
São José, rogai por nós!

ORAÇÕES PARA TODOS OS DIAS

11 - APÓS ORAÇÃO DO DIA: PROCLAMAR UMA LEITURA BÍBLICA ( a escolha)

12 - ORAÇÃO A SÃO JOSÉ II

A vós São José, recorremos na nossa tribulação, e depois de ter implorado o auxílio da vossa Santíssima Esposa, cheios de confiança, solicitamos o vosso patrocínio.
Por esse laço sagrado de caridade que vos uniu à Virgem Imaculada Mãe de Deus, e pelo amor paternal que tivestes para com o Menino Jesus, ardentemente suplicamos que lanceis um olhar benigno à herança que Jesus Cristo conquistou com o seu Sangue, e nos assistais, nas nossas necessidades, com o vosso auxílio e poder.
Protegei, oh! guarda providente da Divina Família, a raça escolhida de Jesus Cristo;
Afastai para longe de nós, oh! Pai amantíssimo, a peste do erro e do vício; assisti-nos do alto do céu, oh! nosso fortíssimo sustentáculo, na luta contra o poder das trevas;
E, assim como outrora salvastes da morte a vida ameaçada, do Menino Jesus assim também defendei agora a Santa Igreja de Deus contra as ciladas dos seus inimigos e contra toda a adversidade.
Amparai a cada um de nós, com vosso constante patrocínio, a fim de que a vosso exemplo e sustentados com o vosso auxílio, possamos viver virtuosamente, piedosamente morrer, e obter no Céu a eterna bem-aventurança. Amém
13 - LADAINHA DE SÃO JOSÉ (orar a Ladainha)
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.
Deus Pai, tende piedade de nós.
Deus Filho, Redentor do Mundo, tende piedade de nós.
Deus Espírito Santo, tende piedade de nós.
Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós.
Santa Maria, rogai por nós.
São José, rogai por nós.
Ilustre descendente de Davi, rogai por nós.
Luz dos Patriarcas, rogai por nós.
Esposo da Mãe de Deus, rogai por nós.
Guarda da Virgem pura, rogai por nós.
Pai nutrício do Filho de Deus, rogai por nós.
Insigne defensor de Cristo, rogai por nós.
Chefe da Sagrada Família, rogai por nós.
José justíssimo, rogai por nós.
José castíssimo, rogai por nós.
José prudentíssimo, rogai por nós.
José fortíssimo, rogai por nós.
José obedientíssimo, rogai por nós.
José fidelíssimo, rogai por nós.
Espelho de paciência, rogai por nós.
Amador da pobreza, rogai por nós.
Modelo dos operários, rogai por nós.
Honra da vida doméstica, rogai por nós.
Guarda das virgens, rogai por nós.
Amparo das famílias, rogai por nós.
Alívio dos infelizes, rogai por nós.
Esperança dos enfermos, rogai por nós.
Padroeiro dos moribundos, rogai por nós.
Terror dos demônios, rogai por nós.
Protetor da Santa Igreja, rogai por nós.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, perdoai-nos Senhor.
Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, ouvi-nos Senhor.
Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós.
"Deus o constituiu Senhor de sua casa.
E príncipe de toda a posteridade."

Oremos:

Oh! Deus, que, por uma infalível providência, vos dignastes escolher o bem-aventurado São José para Esposo de Vossa Mãe Santíssima, concedei-nos que aquele mesmo, que na Terra veneramos como protetor, mereçamos tê-lo no Céu, como intercessor.
Vós que viveis e reinais por todos os séculos dos séculos. Amém.

14 - INVOCAÇÃO A SÃO JOSÉ

"São José, guardião de Jesus e casto esposo de Maria, empenhaste toda vossa vida no perfeito comprimento de vosso dever, vos mantiveste a Sagrada família de Nazaré com o trabalho de vossas mãos.
Protegei bondosamente aos que recorrem confiadamente a vós.
Vós conheces nossas aspirações e nossas esperanças.
Se dirigem a vos porque sabem que vos os compreendes e proteges.
Vós também conheces as provas, dificuldades e trabalhos.
Mas, ainda dentro das preocupações materiais da vida, vossa alma estava cheia de profunda paz e cantou cheio de verdadeira alegria pelo intimo trato que tinhas com o Filho de Deus, o qual vos foi confiado e também a Maria, sua terna Mãe. Amém." João XXIII
15 - LOUVOR ESPONTANEO A SANTISSÍSIMA TRINDADE PELOS MÉRITOS DE SÃO JOSÉ
Orar o Pai-Nosso; e o Vinde, Espírito Santo!
16 - INVOCAÇÃO A VIRGEM MARIA, ESPOSA CASTISSIMA DE SÃO JOSÉ
Orar três Ave-Maria;

17 - CONSAGRAÇÃO A SÃO JOSÉ

Oh! Glorioso Patriarca São José, eis-me aqui, prostrado de joelhos ante vossa presença, para pedir-vos vossa proteção.Desde já vos elejo como meu pai, protetor e guia. Sob vosso amparo ponho meu corpo e minha alma, propriedade, vida e saúde.Aceitai-me como filho vosso.Preservai-me de todos os perigos, ataques e laços do inimigo.Assisti-me em todo momento e sobre tudo na hora de minha morte. Amém.