RIO DE JANEIRO, terça-feira, 18 de outubro de 2011 (ZENIT.org) – A decisão do Papa
Bento XVI anunciada no dia 21 de agosto passado em Cuatro Vientos foi nítida e
inquestionável: “Compraz-me agora anunciar que a sede da próxima Jornada
Mundial da Juventude, em 2013, será o Rio de Janeiro. Peçamos
ao Senhor, desde já, que assista com a sua força quantos hão de pô-la em marcha
e aplane o caminho aos jovens do mundo inteiro para que possam voltar a
reunir-se com o Papa naquela bonita cidade brasileira”.
A JMJ 2013 é do RJ e cabe à Arquidiocese de São Sebastião do
Rio de Janeiro, em íntima e harmoniosa comunhão com o Pontifício Conselho para
os Leigos, que é o principal responsável das Jornadas Mundiais, ser a
primeira e oficial organizadora desse evento eclesial.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil como organismo a serviço da
comunhão das arquidioceses e dioceses brasileiras, através da sua recém criada
Comissão Episcopal Pastoral da Juventude, juntamente com as diversas instâncias
governamentais do país, com empresas e patrocinadores, com associações e
movimentos e com novas comunidades e instituições financeiras, serão ao longo
desse período preparatório importantes colaboradores da nossa Arquidiocese
carioca, mas não têm a primazia nem a oficialidade organizativa da JMJ 2013.
Nesses dois meses que passaram desde a JMJ Madrid houve, nas redes sociais e
nos encontros com certas esferas da juventude brasileira, muitas notícias
ambíguas e até mesmo desconcertantes que acabaram gerando incertezas e
perplexidades no seio da Comissão organizadora Local, com sua sede no 7º andar
do Edifício João Paulo II, onde está o governo arquidiocesano.
Camisetas ditas oficiais são oferecidas num site de jovens conectados,
pronunciamentos de pessoas qualificadas dentro da Igreja confundem as mentes dos
jovens sobre quem é, de fato e de direito, o organismo oficial responsável pela
JMJ 2013, logomarcas e músicas que acompanham eventos prévios da Jornada, são
mostrados na mídia como sinais oficiais desse evento, além do aparecimento de
algumas empresas que atribuem a si o monopólio publicitário desse futuro
acontecimento.
Todas essas afirmações e iniciativas são, sem dúvidas nenhuma, compreendidas
dentro do momento eufórico causado pela decisão de Bento XVI, mas tiram a paz e
as forças necessárias daqueles que devem pôr em marcha todos os trabalhos desse
mega-evento eclesial e vão dificultando muito a união de esforços que deve
existir entre o Pontifício Conselho para os Leigos, a Arquidiocese do Rio de
Janeiro, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, e os Governos, Federal,
Estadual e Municipal.
A JMJ 2013 é do RJ, e tal realidade não é de jeito nenhum um bônus para a
Arquidiocese, já que ela colocou sobre seus ombros um ônus inimaginável, mas
tudo que se realiza e se vive em comunhão e na graça dentro da Igreja Católica
torna-se um jugo suave e um peso leve.
Os padres e os leigos voluntários que desde Madrid estão à frente dos
diversos departamentos que estruturam o Comitê Organizador local, merecedores de
confiança de Dom Orani e dos seus bispos auxiliares, necessitam muito daquela
força pedida pelo Santo Padre Bento XVI a Deus após o anúncio oficial feito em
Cuatro Vientos.
Eles pedem também a presença dessa comunhão pacífica de trabalhos e de
esforços de todas as instâncias eclesiais e civis, para que interesses pessoais
de caráter econômico e político não estejam por cima do que é o mais essencial
nas Jornadas Mundiais: o encontro íntimo e particular dos jovens com Jesus
Cristo.
Nos meses preparatórios desse mega-evento eclesial nada mais rico em termos
humanos e nada mais profundo em termos divinos do que a existência do respeito
mútuo, da justiça e da caridade cristãs, para que no intervalo de tempo entre a
JMJ 2011 Madrid e JMJ 2013 Rio se consiga uma participação substanciosa da
juventude mundial, uma aproximação maior dos jovens à Igreja Católica e a
melhora da imagem da Santa Madre a Igreja na mídia nacional e internacional.
O que o Rio de Janeiro mais deseja é tornar amável o caminho do bem, que Deus
veio trazer ao mundo, é anunciar com alegria aos nossos jovens do Terceiro
Milênio a beleza atual do Evangelho, é contagiar os peregrinos, as autoridades,
os jornalistas, as empresas, etc, com o estilo aberto, acolhedor, amistoso e
comunitário do povo carioca que na sua fé e na sua esperança sabe dizer ao mundo
que é possível conjugar as belezas naturais do Rio de Janeiro com as belezas
divinas, como falava o Beato João Paulo II em 1997 ao pisar no solo da Cidade
Maravilhosa: “ao lado da arquitetura humana está a arquitetura
divina”.
O projeto de Deus para o Brasil e, mais concretamente, para o Rio de Janeiro,
sede da JMJ 2013, é exatamente evidenciar a beleza da unidade dentro da
diversidade, da comunhão eclesial dentro das distinções participativas, da
fraternidade cristã dentro da pluralidade de interesses.
A JMJ 2013 e o RJ são os dois braços abertos para o Brasil e para o mundo
como se vê no Cristo Redentor no alto do Corcovado.
Dom Antonio Augusto Dias Duarte
Bispo Auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro