quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Polêmica JMJ Rio 2013

Fonte: www.rio2013.com

Na ultima quarta-feira,19, o Bispo Auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro, Dom Antonio Augusto Dias Duarte, publicou uma retratação pública referente ao artigo "JMJ é do RJ" publicado em alguns meios de comunicação católicos. A polêmica toda refere-se a opinião de Dom Antonio a respeito de alguns procedimentos e atividades relativos a JMJ 2013. No primeiro artigo o bispo posiciona-se com relação à atividades promovidas pela Comissão Episcopal para a Juventude tidas, segundo ele, como oficial e que poderiam descaracterizar a responsabilidade da organização da arquidiocese, bem como, desmotivar os membros das comissões arquidiocesanas envolvidas na preparação no RJ. Confira abaixo o artigo (publicado pela agência Zenit) e logo em seguida, a retratação ( pela mesma agência de notícia) em que o bispo se desculpa por qualquer mal entendido quanto seu objetivo em sua primeira mensagem.

Foto: www.arquidiocese.org.br
"A Jornada Mundial da Juventude é do Rio de Janeiro"
Por Dom Antonio Augusto Dias Duarte
RIO DE JANEIRO, terça-feira, 18 de outubro de 2011 (ZENIT.org) – A decisão do Papa Bento XVI anunciada no dia 21 de agosto passado em Cuatro Vientos foi nítida e inquestionável: “Compraz-me agora anunciar que a sede da próxima Jornada Mundial da Juventude, em 2013, será o Rio de Janeiro. Peçamos ao Senhor, desde já, que assista com a sua força quantos hão de pô-la em marcha e aplane o caminho aos jovens do mundo inteiro para que possam voltar a reunir-se com o Papa naquela bonita cidade brasileira”.
A JMJ 2013 é do RJ e cabe à Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, em íntima e harmoniosa comunhão com o Pontifício Conselho para os Leigos, que é o principal responsável das Jornadas Mundiais, ser a primeira e oficial organizadora desse evento eclesial.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil como organismo a serviço da comunhão das arquidioceses e dioceses brasileiras, através da sua recém criada Comissão Episcopal Pastoral da Juventude, juntamente com as diversas instâncias governamentais do país, com empresas e patrocinadores, com associações e movimentos e com novas comunidades e instituições financeiras, serão ao longo desse período preparatório importantes colaboradores da nossa Arquidiocese carioca, mas não têm a primazia nem a oficialidade organizativa da JMJ 2013.
Nesses dois meses que passaram desde a JMJ Madrid houve, nas redes sociais e nos encontros com certas esferas da juventude brasileira, muitas notícias ambíguas e até mesmo desconcertantes que acabaram gerando incertezas e perplexidades no seio da Comissão organizadora Local, com sua sede no 7º andar do Edifício João Paulo II, onde está o governo arquidiocesano.
Camisetas ditas oficiais são oferecidas num site de jovens conectados, pronunciamentos de pessoas qualificadas dentro da Igreja confundem as mentes dos jovens sobre quem é, de fato e de direito, o organismo oficial responsável pela JMJ 2013, logomarcas e músicas que acompanham eventos prévios da Jornada, são mostrados na mídia como sinais oficiais desse evento, além do aparecimento de algumas empresas que atribuem a si o monopólio publicitário desse futuro acontecimento.
Todas essas afirmações e iniciativas são, sem dúvidas nenhuma, compreendidas dentro do momento eufórico causado pela decisão de Bento XVI, mas tiram a paz e as forças necessárias daqueles que devem pôr em marcha todos os trabalhos desse mega-evento eclesial e vão dificultando muito a união de esforços que deve existir entre o Pontifício Conselho para os Leigos, a Arquidiocese do Rio de Janeiro, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, e os Governos, Federal, Estadual e Municipal.
A JMJ 2013 é do RJ, e tal realidade não é de jeito nenhum um bônus para a Arquidiocese, já que ela colocou sobre seus ombros um ônus inimaginável, mas tudo que se realiza e se vive em comunhão e na graça dentro da Igreja Católica torna-se um jugo suave e um peso leve.
Os padres e os leigos voluntários que desde Madrid estão à frente dos diversos departamentos que estruturam o Comitê Organizador local, merecedores de confiança de Dom Orani e dos seus bispos auxiliares, necessitam muito daquela força pedida pelo Santo Padre Bento XVI a Deus após o anúncio oficial feito em Cuatro Vientos.
Eles pedem também a presença dessa comunhão pacífica de trabalhos e de esforços de todas as instâncias eclesiais e civis, para que interesses pessoais de caráter econômico e político não estejam por cima do que é o mais essencial nas Jornadas Mundiais: o encontro íntimo e particular dos jovens com Jesus Cristo.
Nos meses preparatórios desse mega-evento eclesial nada mais rico em termos humanos e nada mais profundo em termos divinos do que a existência do respeito mútuo, da justiça e da caridade cristãs, para que no intervalo de tempo entre a JMJ 2011 Madrid e JMJ 2013 Rio se consiga uma participação substanciosa da juventude mundial, uma aproximação maior dos jovens à Igreja Católica e a melhora da imagem da Santa Madre a Igreja na mídia nacional e internacional.
O que o Rio de Janeiro mais deseja é tornar amável o caminho do bem, que Deus veio trazer ao mundo, é anunciar com alegria aos nossos jovens do Terceiro Milênio a beleza atual do Evangelho, é contagiar os peregrinos, as autoridades, os jornalistas, as empresas, etc, com o estilo aberto, acolhedor, amistoso e comunitário do povo carioca que na sua fé e na sua esperança sabe dizer ao mundo que é possível conjugar as belezas naturais do Rio de Janeiro com as belezas divinas, como falava o Beato João Paulo II em 1997 ao pisar no solo da Cidade Maravilhosa: “ao lado da arquitetura humana está a arquitetura divina”.
O projeto de Deus para o Brasil e, mais concretamente, para o Rio de Janeiro, sede da JMJ 2013, é exatamente evidenciar a beleza da unidade dentro da diversidade, da comunhão eclesial dentro das distinções participativas, da fraternidade cristã dentro da pluralidade de interesses.
A JMJ 2013 e o RJ são os dois braços abertos para o Brasil e para o mundo como se vê no Cristo Redentor no alto do Corcovado.
Dom Antonio Augusto Dias Duarte
Bispo Auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro

RETRATAÇÃO PÚBLICA DO ARTIGO "JMJ É DO RJ"
Por Dom Antonio Augusto Dias Duarte
RIO DE JANEIRO, quarta-feira, 19 de outubro de 2011 (ZENIT.org) – Considerando a repercussão negativa do artigo que escrevi sobre a Jornada Mundial da Juventude 2013 no Rio de Janeiro, desejo esclarecer os seguintes pontos.
1.       Não foi a minha intenção em nenhum momento desse escrito criticar a presidência da CNBB por quem nutro o devido respeito através das pessoas do Emmo. Sr. Cardeal Raymundo Damasceno Assis, do Exmo. Dom José Belisário da Silva e do Exmo. Dom Leonardo Ulrich Steiner.
2.       Tampouco pretendi desmerecer o esforçado e dedicado trabalho pastoral do presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude, o Exmo. Dom Eduardo Pinheiro da Silva, que está preparando a peregrinação dos símbolos da JMJ, a Cruz e o ícone de Nossa Senhora, e nem os seus assessores e equipe jovem que com ele se empenham nessa imensa tarefa.
3.       Assumo a total responsabilidade pelo artigo e peço o perdão do Exmo. Dom Orani João Tempesta, Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, que tem recebido inúmeros comentários e pedidos de esclarecimento sobre o referido artigo. Certamente isso representou para ele um peso maior acrescentado ao imenso fardo já presente sobre os seus ombros pelo governo dessa Arquidiocese e pela responsabilidade adquirida com a vinda da JMJ para o Rio de Janeiro.
4.       Ao escrever este artigo a minha intenção era informar sobre as diversas instâncias organizadoras da JMJ 2013 e sobre os distintos passos que estão sendo dados para a confecção da marca e dos demais elementos que caracterizam esse evento jovem.
5.       Sei que a realidade acima dita não foi expressa com a devida prudência e propriedade e reconheço aqui o meu enorme erro no campo da comunhão eclesial. Sei também que o reconhecimento e a retificação dos erros pessoais cometidos na vida e na missão que me foi confiada integram o dinamismo próprio do cristianismo.
6.       Quero terminar essa retratação publica pedindo aos meus irmãos no episcopado e a todos os jovens que estão se empenhando na realização das etapas prévias da Jornada Mundial da Juventude no Brasil inteiro o seu perdão fraterno.
7.       Coloco-me nos braços de Nossa Senhora da Conceição Aparecida para que Ela como Advogada nossa, Consoladora dos aflitos e Mãe da Misericórdia obtenha-me as graças necessárias para converter todos os momentos da minha vida no bem espiritual que Deus deseja: “Omnia in bonum”.
         Dom Antonio Augusto Dias Duarte
Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro