MACAPÁ - (PASCOM) - Existia
um homem que desejava possuir ouro, muito ouro, todo o ouro possível.
Desejava isso com tanta intensidade que não pensava
em outras coisas. Quando passava em frente a uma vitrine e via algum
adereço de ouro, não reparava as outras coisas bonitas que estavam
expostas, via somente o ouro. Certo dia, não conseguiu resistir: entrou
numa loja que vendia joias de ouro, rapidamente
apanhou algumas correntes e pulseiras e tentou correr. Todo mundo viu;
imediatamente o agarraram e os policiais perguntaram para ele:
- Como o senhor achava que ia conseguir fugir se a loja estava cheia de pessoas?
- É mesmo? – respondeu o homem – Não vi ninguém. Eu estava somente de olho no ouro.
Uma
simples história para lembrar que existem muitos tipos de cegueira. A
física, quando os olhos não cumprem direito a sua função,
mas também a cegueira de quem só enxerga o que quer, o que gosta, ou o
que lhe interessa. Também, muitas vezes, acontecem coisas debaixo dos
nossos olhos e, no entanto, por covardia, comodismo ou indiferença
agimos exatamente como se fossemos cegos.
A
cura do cego Bartimeu, do evangelho deste domingo, é muito mais que um
exemplo de recuperação da vista; é a transformação da vida
daquela pessoa e, se entendemos bem, a possibilidade de que Jesus cure e
mude todos nós.
Após
vários domingos, encontramos Jesus, bom mestre, ensinando o caminho aos
discípulos; agora estes devem tomar a decisão de segui-lo.
Se não fosse assim Jesus seria apenas um “conselheiro”. Na realidade,
ele quer mudar a vida das pessoas para que, enxergando agora o caminho
certo, possam entrar neste caminho com determinação e coragem.
O
cego, mendigo, sentado à margem da estrada, representa todos aqueles
que, de alguma forma, cruzam com o Senhor que passa em suas
vidas. Podem ficar parados, continuar na mesma situação de miséria e
pobreza, ou lançar um grito de socorro. Bartimeu grita: “Jesus, filho de
Davi, tem piedade de mim“. Com isso, já manifesta a sua insatisfação,
porque está cansado de ser cego, e, ao mesmo
tempo, declara a sua confiança: finalmente encontrou alguém que poderá
ajudá-lo.
Muitos
mandam que o cego se cale, não perturbe, que fique quieto onde está.
Outros pensam que a vida é assim, depende da sorte,
do destino – vontade de Deus? – e que é melhor se conformar, cada um,
com a própria situação. No entanto, nem o cego – e nem Jesus – pensam
dessa forma. É possível, sim, mudar as coisas; algo de novo e
surpreendente pode acontecer. Jesus dá atenção a Bartimeu,
manda chamá-lo. Dizem ao cego: “Coragem, levanta-te, Jesus te chama!”.
Que palavras extraordinárias para quem está sentado, imobilizado pela
cegueira! É preciso ter coragem para tomar a decisão de sair de uma
situação bem conhecida, para arriscar enfrentar
uma nova realidade, desconhecida. Mas se Jesus chama... O cego pula,
deixa o manto, que era o seu abrigo, a sua segurança. Ao mestre que
pergunta o que Bartimeu quer, ele responde com decisão: “Que eu veja!”.
Bartimeu está cansado de não enxergar, de não andar,
de mendigar, quer uma vida nova. Jesus reconhece nele a força da fé e é
por causa dessa fé que o cego fica curado. Por ela, também, o homem
doente está transformado; confiou em Jesus e agora pode segui-lo pelo
caminho. Livre e alegremente.
É
uma página do evangelho que vale para todos. Vale como incentivo para
aqueles que um dia perceberam Jesus passar em suas vidas, mas não
quiseram mudar, continuaram as suas próprias existências,
conformados ou reclamando da situação. Nunca gritaram
por socorro. Nunca acreditaram que podiam pedir ajuda ao Senhor.
Outros, diferentemente, pediram, gritaram, esbravejaram, mas quando
Jesus os chamou
para que fossem juntos dele, não tiveram força para pular, para chegar
mais perto do Senhor. Enfim, existem aqueles que perceberam a beleza da
fé, a alegria de ser cristãos, mas, por algum motivo, preferiram outro
caminho, desistiram de entrar e fazer parte
dos discípulos do Mestre.
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