quinta-feira, 20 de maio de 2010

Iniciação Cristã e Batismo no Espírito Santo



Autores: Killian Mcdonnell e George Montaigne

O que o Batismo no Espírito tem a ver com a iniciação cristã?


A Conferência do Coração da Igreja de teólogos e líderes pastorais reuniu-se de 6 a 11 de maio de 1990, em Techny, Illinois, para examinar as consequências pastorais da evidência procedente dos primeiros autores pós-bíblicos de que o Batismo no Espírito Santo é parte integrante da iniciação cristã e é normativo. Os onze autores são: Tertuliano, Hilário de Poitiers, Cirilo de Jerusalém, Basílio, Gregório de Nazianzo, João Crisóstomo, Filoxeno, João de Apaméia, Teodoreto de Cirro, Severo de Antioquia e José Hazaia. Representam as culturas latina, grega e síria, quase toda a costa mediterrânea. Também foi reexaminada a evidência bíblica do Batismo no Espírito Santo.
A Conferência do Coração da Igreja de teólogos e líderes pastorais foi convocada pela Comissão de Serviço Nacional da Renovação Carismática Católica dos EUA, com incentivo da Comissão Ad Hoc dos Bispos da Renovação Carismática para que escrevessem este documento.

Carta de Incentivo

Diocese de Alexandria
Alexandria, Louisiana


7 de dezembro de 1990

Caros amigos em Cristo:

Em 18 de fevereiro de 1967, um grupo de universitários da Universidade de Duquesne, em Pittsburg, Pensilvânia, num retiro, sentiram, de modo milagroso, o cumprimento de uma promessa divina. Deus, em Seu grande amor, derramou Seu Espírito em um novo momento de graça. Conduziu-os à consciência e ao poder do Batismo no Espírito Santo. Aquilo que haviam conhecido nos sacramentos do Batismo e da Confirmação tornou-se mais vivo e mais real neles.

Este documento (Avivar a Chama) e muitos outros estudos deixam claro que a graça de Pentecostes, conhecida como Batismo no Espírito Santo, não pertence a nenhum movimento particular, mas a toda a Igreja. De fato, não é nada realmente novo, fazendo parte dos desígnios de Deus para Seu povo, desde aquele primeiro Pentecostes em Jerusalém e através de toda a história da Igreja.

Na verdade, na vida e na prática da Igreja, de acordo com os escritos dos Padres da Igreja, esta graça de Pentecostes é considerada normativa para um modo de viver cristão e essencial para a plenitude da iniciação cristã.

Ao divulgar este documento, a Comissão de Serviço Nacional da Renovação Carismática dos EUA almeja dar início a novas reflexões teológicas sobre a questão da graça de Pentecostes, a fim de que as pessoas tenham mais consciência do plano de Deus para todo o Seu povo, e incentivar o aperfeiçoamento de modelos por líderes religiosos pastorais sensatos visando à implementação da premissa fundamental deste documento, isto é, que ser plenamente batizado no Espírito Santo faz parte da vida litúrgica comum da Igreja.

Oxalá Deus, que iniciou esta obra, complete-a conforme Seu desígnio e Seu tempo. A paz

Em Cristo Senhor nosso,

Sam G. Jacobs
Bispo de Alexandria



Avivando a Chama
O que o Batismo no Espírito Santo tem a ver com a iniciação Cristã?



Não estamos presos a nenhum movimento

“Recebestes o Espírito Santo quando abraçastes a fé?” (At 19,2). A essa pergunta de São Paulo, nós, como católicos, respondemos um sincero “sim”, pois nos sacramentos de iniciação recebemos verdadeiramente o Espírito Santo. Contudo, somos convidados a avivar a chama, a reanimar “o dom de Deus” (2Tm 1,6) por meio de uma conversão cada vez mais sincera a Jesus Cristo.

Estamos escrevendo aos bispos e líderes pastorais da Igreja Católica para compartilhar nossa convicção de que o “Batismo no Espírito Santo”, assim chamado pelos escritores cristãos primitivos, é a chave para levarmos uma vida cristã plena. Neste documento, o “Batismo no Espírito Santo” refere-se à iniciação cristã e a seu novo despertar na prática cristã. A Igreja primitiva utiliza o Batismo no Espírito Santo para a iniciação cristã. O emprego desta frase, hoje, para o despertar mais tardio da graça sacramental original não significa, de modo algum, um segundo Batismo. Não estamos sugerindo que o “Batismo no Espírito Santo” acontece apenas na Renovação Carismática, pois a experiência pastoral e a reflexão teológica levam-nos a crer que a graça do “Batismo no Espírito Santo” destina-se a toda a Igreja.

*O emprego generalizado de “Batismo no Espírito Santo” por pentecostais e evangélicos ortodoxos leva alguns católicos a desconfiarem que a frase está ligada ao fundamentalismo. Porém, como ela se encontra nas Escrituras e em autores destacados dos primeiros séculos e é usada em quase todas as igrejas, católicas e protestantes igualmente, onde existe Renovação Carismática, o presente documento opta por mantê-la.

O Batismo no Espírito Santo não se prende a nenhum movimento, quer liberal, quer conservador. Também não se identifica com um único movimento nem com um único estilo de oração, culto ou comunidade. Ao contrário, acreditamos que este dom faz parte da herança cristã de todos os que receberam os sacramentos da Igreja.

Reunimo-nos a convite da Comissão de Serviço Nacional da Renovação Carismática dos EUA, com a confiança e o incentivo da Comissão ad hoc da Renovação Carismática Católica. A vocês oferecemos este relatório para reflexão e discernimento.

A Comunidade enfraquecida precisa de conversão

O trabalho iniciado pelo Concílio Vaticano II é o fonte de esperança e alegria para a toda a Igreja. Desde então, o ressurgimento espiritual inspira e incentiva os fiéis. Entretanto, ainda há muitas áreas que precisam de progresso espiritual e onde o poder do Espírito está fazendo muita falta.

Nossa experiência mostra que o principal motivo de preocupação é a necessidade de uma comunidade evangelizada e evangelizadora (Evangelii nuntiandi 13). Hoje, esta verdade pressiona nossa prática de vida com crescente premência. A desintegração da vida familiar, a diminuição das vocações sacerdotais e religiosas, o consumo esbanjador, o esquecimento dos pobres – esses muitos outros fatores são sintomas do estado de enfraquecimento da comunidade católica que a deixa à mercê das pressões de um mundo temporal, onde os meios de comunicação estão sempre escarnecendo o Evangelho e aviltando a centralidade do valor da pessoa como filha de Deus. Um número cada vez maior de católicos acha difícil viver conforme nossa tradição e os ensinamentos de nossa Igreja. A advertência de São Paulo para que lutemos “contra os Principados, as Potestades, as Dominações deste mundo das trevas” (Ef 6,12) adquiriu um sentido profundamente contemporâneo.

É evidente a necessidade de conversão. A comunidade enfraquecida não proporciona com facilidade o ambiente necessário para as famílias transmitirem a fé à nova geração, nem as vocações necessárias para servirem à Igreja. A comunidade enfraquecida não recupera as grandes perdas sofridas dentro de diversos grupos étnicos atraídos por outros grupos religiosos. A comunidade enfraquecida não traz uma fé vibrante a nossos ritos litúrgicos revistos, nem apóia o tipo de paróquia que favorece a vida no Espírito. Tal comunidade não evangeliza com eficiência, não transmite a fé a seus filhos, não procura alcançar os que se afastaram para, assim, desempenhar sua missão e assumir sua identidade.

A implementação do RICA (Rito da Iniciação Cristã de Adultos) mostra notável convergência de preocupação nessas áreas. Mais precisamente, os recém-iniciados precisam do apoio da comunidade para alimentar a conversão pessoal e eclesial celebrada nos ritos de iniciação. Entretanto, não basta apenas modificar estruturas ou implementar programas. “A Igreja... continua consciente de que ainda as melhores estruturas, ou os sistemas melhor idealizados depressa se tornam desumanos, se... não houver uma conversão do coração e do modo de encarar as coisas naqueles que vivem em tais estruturas ou que as comandam” (EN 36; AAS 29).

Precisamos de uma vida mais profunda no Espírito

Cremos que a solução para esses problemas está em uma profunda conversão pessoal para Cristo, na santificação e em uma vida mais plena no Espírito Santo.

A mensagem de Jesus: “Convertei-vos e crede no Evangelho” está no centro do Evangelho (Mc 1,14; Mt 4,17). A conversão começa no coração, ao enfrentarmos as atitudes, os sentimentos e os hábitos que nos separam do Senhor. A conversão liberta o coração para a influência da perfeição divina encarnada na pessoa de Jesus e partilhada por aqueles cujas vidas assemelham-se à dele. Uma conversão inicial a Cristo consagra-nos a uma vida de discipulado (Lc 9,23-27). Além disso, à proporção que o processo de conversão se desenvolve, transforma as esperanças terrenas e pecaminosas em esperança cristã, as meras percepções humanas da realidade em fé teológica, o amor humano comum em caridade e a busca humana de justiça em construção do reino de Deus na terra (1 Cor 13,13).

A vida de discipulado do cristão convertido faz severas exigências. Requer confiança na providência pessoal de Deus sobre nós, que nos solicita totalmente e nos liberta para partilharmos nossas posses com os pobres e necessitados (Mc 18, 17-31; Mt 20, 16-22; Lc 12, 13-34; 16, 19-31, 18, 18-30). Envolve-nos em uma opção preferencial pelos pobres (Gaudium et Spes 39). Exige o perdão mútuo como o teste fidedigno da oração cristã (Mt 6,12; Lc 11,4). Consagra-nos à vida das bem-aventuranças (Mt 5, 3-12).

A conversão autêntica a Cristo não é nem privativa nem subjetivista. Transcende a piedade sentimental. Acontece em uma comunidade de fé incentivadora, prendendo-nos à tarefa eclesial de edificar o justo reino de Deus na terra.

Uma vida mais plena no Espírito Santo, a unção carismática do Espírito, contempla a Igreja com toda uma amplitude de dons (Lumen gentium, 12). Dons de adoração, louvor e oração aprofundam a dimensão contemplativa da fé cristã. As dádivas de serviço animam uma vida de santidade cristã dedicada à justiça. Todos os carismas trazem nova docilidade ao Espírito, a fé esperançosa na salvadora intervenção de Deus nas questões humanas, acentuado zelo pelo Evangelho e o respeito pela autoridade da Igreja (Declaração Pastoral sobre a RCC – Washington, D.C.: Conferência Católica dos EUA, 1984 – 7, 9, 5-7).

Por meio da experiência contemporânea do Batismo no Espírito Santo, milhões de católicos convertem-se a Cristo e dedicam-se ao serviço da Igreja. São manifestações de um domínio pessoal de iniciação sacramental (Ib., 4-7; 4-6). Como mostraremos a seguir, o Batismo no Espírito Santo inclui a santificação do Espírito e também dos carismáticos. O Batismo no Espírito Santo impregna o culto eucarístico de louvor e adoração. Dá novo sentido ao rito da iniciação cristã. Aumenta o uso devoto da reconciliação e renova ambos os ministérios sacramental e carismático de cura na Igreja. Transforma famílias em comunidades de graça, educando as crianças para a plena maturidade em Cristo (Ib., 10; 7). Dá poderes ao ministério do sacerdócio. Estimula o ecumenismo autêntico.

O Batismo no Espírito Santo inicia os que o recebem em uma experiência de comunidade cristã que transcende tudo o que já conheciam (Ib., 11-13; 7-9). Além disso, a investidura carismática em comunidade dá à Igreja, em todo o mundo, grande número de evangelistas dedicados e eficientes que levam o Evangelho a pessoas e lugares que, de outra maneira, não teriam esperança de ouvir a Boa Nova. Um número significativo daqueles que foram transformados por uma vida convertida no Espírito escolheu servir à Igreja como religiosos e como padres e diáconos. Na verdade, o poder transformador do Batismo no Espírito Santo toca pessoas de todas as idades e de todo o tipo de formação – leigos, padres e bispos.

Reconhecemos que a Renovação Carismática, como o resto da Igreja, tem problemas e dificuldades pastorais. Como no resto da Igreja, temos de lidar com questões de fundamentalismo, autoritarismo, discernimento falho, pessoas que abandonam a Igreja e ecumenismo mal-orientado (Ib., 20-35; 13-18). Essas aberrações originam-se da limitação humana e da pecaminosidade e não da ação autêntica do Espírito. Apesar disso, sua presença na Renovação não impede os católicos do mundo inteiro de experimentarem um autêntico Batismo no Espírito Santo. Quando, portanto, sugerimos que a solução dos problemas descritos acima está, antes de mais nada, em uma profunda conversão pessoal a Cristo, vivida através de uma vida mais cheia do Espírito Santo, referimo-nos ao autêntico domínio da iniciação por meio do Batismo no Espírito.

A iniciação cristã é Batismo no Espírito

Os pentecostais ortodoxos (pentecostais protestantes) não inventaram o Batismo no Espírito. Mais exatamente, ele pertence à integridade da iniciação cristã testemunhada pelo Novo Testamento e pelos primeiros mestres pós-bíblicos da Igreja. Pedro descreve os elementos essenciais da iniciação cristã com estas palavras: “Convertei-vos e cada um peça o Batismo em nome de Jesus Cristo, para conseguir perdão dos pecados. Assim, recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2,38). A vida cristã começa com uma conversão na pessoa de Jesus, mas também envolve, essencialmente o dom do Espírito Santo. Todos os quatro Evangelhos apresentam Jesus como aquele “que batiza com o Espírito Santo” (Mc 1,8; Mt 3,11; Lc 3,16; Jo 1,33). O Batismo de Jesus no Jordão é marcado pela descida perceptível do Espírito Santo (Lc 3,22) e se transforma no protótipo de toda iniciação cristã. O dom do Espírito Santo é conseqüência essencial dessa iniciação: “...todos nós fomos batizados em um só Espírito, para formar um só corpo e todos bebemos de um só Espírito” (1 Cor 12,13).

Numerosos são os efeitos deste recebimento do Espírito: santificação (1 Cor 6, 11-19); relacionamento novo e experiencial com Deus pelo qual clamamos “Abba! Papai” (Gl 4,6; Rm 8,15) e com Jesus a quem proclamamos Senhor (1 Cor 12,3); união com os outros no laço da caridade, caminhando no Espírito pelo poder do Espírito (Gl 5, 25); caridade, alegria, paz e os outros frutos do Espírito (Gl 5,22); novo conhecimento dos mistérios de Deus (1 Cor 2,9-15); gosto pela palavra de Deus (Hb 6,4-5); coragem para testemunhar até a morte (At 1,8); discernimento da verdadeira doutrina (1 Jo 2,24-27); e dons de louvor, conhecimento, profecia, cura e outros carismas de serviço para a construção do corpo de Cristo, cada um de acordo com a medida da determinação de Cristo (1 Cor 12,7-11; Ef 4, 7-16). À medida que procuramos esses dons (1 Cor 14,1) e os discernimos (1 Ts 5,19-21), eles nos dão o poder de criar a comunhão que a Igreja deve ser e proclamar ao mundo sua mensagem de amor, justiça e paz. Logo, esta vida no Espírito Santo não é uma espiritualidade entre outras da Igreja. É a espiritualidade da Igreja.

O dom do Espírito que é o infinito amor de Deus (Rm 5,5) nunca pode ser possuído por completo e, por essa razão, deve ser possuído por completo e, por essa razão, deve ser buscado repetidas vezes através da oração (At 4, 23-31); na verdade, às vezes precisa ser reanimado ou reacendido (2 Tm 1, 6-7). Assim, em especial para os que foram batizados na infância, a oração para a completa manifestação do Espírito (a mais recente interpretação do “Batismo no Espírito Santo”) é um meio simples para receber a graça da iniciação cristã. Esse é o padrão e essa é a ordem do Novo Testamento para a vida e o crescimento da Igreja.

O Batismo no Espírito Santo é liturgia pública e é normativo

Como a Igreja primitiva pós-bíblica apossou-se do ensinamento bíblico? O Batismo no Espírito Santo era sinônimo de iniciação cristã em Justino Mártir ( Diálogo com Trifo 29, 1; Patrologia Graeca [PG] 6, 537), Orígenes (Sobre Jeremias 2, 3; Sources Chrétiennes [SC] 232, 244) Dídimo, o Cego (Sobre a Trindade 2, 12; PG 39, 669, 673), e Cirilo de Jerusalém (Palestras Catequéticas 16,6; Cyrilii hierosolymarum archiepiscopi opera quae supersunt omnia [CAO], 2, 213). Tertuliano, Hilário de Poitiers, Cirilo de Jerusalém, João Crisóstomo, João de Apaméia, Filoxeno de Mabugo, Severo de Antioquia e José Hazaia claramente consideravam o recebimento de carismas integrante da iniciação cristã. Hilário, Cirilo e João Crisóstomo receberam o título de doutores da Igreja, sendo reconhecidos como testemunhas competentes para identificar a fé da Igreja. Seu testemunho demonstra que o Batismo no Espírito Santo não é uma questão de devoção particular, mas da liturgia oficial e da vida pública da Igreja. Historicamente, o Batismo no Espírito Santo integra os sacramentos de iniciação, essenciais à Igreja, a saber, Batismo, Confirmação e Eucaristia. Neste sentido, o Batismo no Espírito Santo é normativo.

Durante seu período católico, Tertuliano (c. 160-245) escreveu Sobre o Batismo, que um sábio da estatura de Joahannes Quasten afirma estar “livre de qualquer sinal de montanismo” (Johannes Quasten, Patrology 2, 280). Ao explicar como a Igreja do norte da África havia muito celebrava os ritos de iniciação (Batismo com água, unções, imposição das mãos), Tertuliano diz que a cerimônia da imposição das mãos “convida e acolhe o Espírito Santo” (Sobre o Batismo 8; SC 35,96). A seguir, Tertuliano dirige-se aos recém-batizados que estão para entrar na área onde todos celebrarão a Eucaristia: “Portanto, vós que sois abençoados, por quem a graça de Deus espera, quando sairdes do mais sagrado banho do novo nascimento, quando estenderdes as mãos pela primeira vez na casa de vossa mãe (a Igreja) com vossos irmãos, pedi a vosso Pai, pedi a vosso Senhor, o dom especial de sua herança, a distribuição de carismas, que formam um aspecto básico adicional (do Batismo). ‘Pedi’, diz ele, ‘e recebereis’. De fato, pedistes e vos foi dado” (Ib., 20; SC 35, 96).

Enquanto Tertuliano preocupa-se com a liturgia de iniciação, Hilário de Poitiers (c. 315-367) descreve a experiência em si: “Nós que renascemos pelo sacramento do Batismo sentimos intensa alegria (maximum gaudium) quando sentimos dentro de nós a primeira manifestação do Espírito Santo (Tratado sobre os Salmos 64, 14; Corpus scriptorum ecclesiasticorum latinorum [CSEL] 22, 246). Esta invocação da experiência não é incomum em Hilário. Alhures, ele escreve: “Entre nós não há ninguém que de quando em quando não sinta o dom da graça do Espírito” (Tratado sobre o Salmo 118 12, 4; SC 347,76). Continuando a descrição da iniciação, Hilário escreve sobre as experiências dos carismas: “Começamos a compreender os mistérios da fé, somos capazes de profetizar e de falar com sabedoria. Tornamo-nos firmes na esperança e recebemos os dons da cura...” (Tratado sobre os Salmos 64, 15; CSEL 22, 246). Escreveu isso nos últimos anos de vida. A lembrança de sua experiência de iniciação alguns anos antes, já adulto, ainda o comove.

Para Hilário, os carismas não são ornamentos . Utilizados de modo apropriado, produzem frutos abundantes. “Estes dons penetram-nos como chuva suave. Pouco a pouco, produzem frutos abundantes” (Ib). Hilário está convencido de que os carismas fazem diferença, são eficazes. “Façamos uso de dons tão generoso” (Sobre a Trindade, 2,35; Corpus christianorum 62, 70, 71).

Cirilo de Jerusalém (c. 315-387) deu um conjunto de vinte e três palestras sobre o Batismo. Acha que a Igreja de Jerusalém, como todas as outras, situa-se em uma sucessão carismática, uma história do Espírito iniciada com Moisés. O Espírito é “uma nova espécie de água” (Palestras catequéticas 16, 11; CAO 2, 216). O que o Espírito toca, o Espírito modifica. O Espírito santifica o cristão, transformando o batizado, à semelhança de Cristo.

O Espírito também concede carismas. “Grande, onipotente e admirável é o Espírito Santo nos carismas” (Ib., 16,22; CAO 2, 232). Cirilo não faz nenhuma tentativa de restringir os carismas às ordens clericais. Eremitas, virgens e “todos os leigos” têm carismas (Ib., 16, 22; CAO 2, 234). Cirilo invoca a experiência da Igreja em Jerusalém, em “todo o Império Romano” e no “mundo todo” (Ib). Ao descrever a experiência dos apóstolos em Pentecostes, Cirilo afirma que “eles ficaram completamente batizado” (Ib., 17, 14; CAO 2, 268). “batizados sem faltar nada” (Ib., 17, 15; CAO 2, 269, 270), “batizados em toda a plenitude” (Ib., 17, 18; CAO 2, 272).

Cirilo faz uma idéia geral dos carismas, mas inclui o profético (a luz de Deus sobre o presente). Duas vezes fala sobre a profecia, que é a luz de Deus sobre o presente. “Que cada um se prepare para receber o dom divino (de Profecia)” (Ib 17, 19; CAO 2, 274) e “Deus assegura que vocês são dignos do carisma da profecia” (Ib., 17, 37; CAO 2, 296). Nas últimas instruções antes do começo da iniciação, Cirilo exorta os candidatos: “Meus caros, ao final desta instrução, dirijo-vos palavras de exortação, instando a que prepareis vossas almas para o recebimento dos carismas divinos” (Ib., 18, 32; CAO 2, 334).

Basílio de Cesaréia (c. 330-379) e Gregório de Nazianzo (329-389), que foi bispo de Constantinopla, situam os carismas proféticos dentro da iniciação cristã, embora tenham opiniões mais reservadas do que Paulo (Basílio, Sobre o Espírito Santo, 26, 61; SC 17bis; Basílio, Sobre o Batismo I, 2, 20; SC 357, 169. Gregório de Nazianzo, Quinto Discurso Teológico, 28, 29; SC 250, 332, 334, 336). João Crisóstomo (c. 347-407) representa a liturgia síria em Antioquia, embora ele próprio, como Cirilo, fosse de língua grega. Segundo ele, o modelo da Igreja apostólica incluía o recebimento de carismas dentro da liturgia de iniciação: “Todo aquele que era batizado imediatamente falava em línguas e, não apenas em línguas, pois muitos profetizavam e alguns realizavam muitas outras obras admiráveis” (Sobre 1 Coríntios 29; PG 61, 239). Entre os outros carismas recebidos por ocasião da iniciação na idade apostólica estavam a sabedoria e a cura (Sobre Romanos 14; PG 60, 533). “Em todas as igrejas havia muitos que profetizavam” (Sobre 1 Coríntios 32; PG 61, 265). Entretanto, João Crisóstomo queixou-se: “Há muito os carismas desapareceram” (Sobre 2 Tessalonicenses 4; PG 62, 485). “A Igreja atual é como uma mulher que já passou seus dias favoráveis. Em muitos aspectos, guarda apenas as lembranças da antiga prosperidade” (Sobre 1 Coríntios 36; PG 61, 312-313).

Não apenas escritores das línguas grega e latina, mas também de língua síria, escrevera sobre a transmissão dos carismas dentro dos ritos de iniciação. Filoxeno de Mabugo (c. 440-523) tem uma visão estreita demais da vida cristã e, como muitos de seus contemporâneos, menospreza a possibilidade de perfeição dentro do estado matrimonial. Ele e outros sírios têm uma teologia rigorosamente vinculada à vida monástica. Contudo, mantêm uma teologia antiga, apostólica de verdade, que só mais tarde reduziu-se aos ideais monásticos. Filoxeno fala de dois batismos, um recebido na infância e o segunda, anos mais tarde (Discursos 9, 276; The Discourses of Philoxenus [DB] 2, 265). O que é ilusório porque, na verdade, acredita que “o segundo batismo” é apenas a realização posterior do primeiro. Sobre o primeiro batismo, afirma: “Nosso batismo é o Espírito Santo” (Sobre a morada do Espírito Santo; Sebastian Brock, Syriac Fathers on Prayer and the Spiritual Life 112). Vivendo o Evangelho, “a sensação” da vida divina que recebemos no primeiro batismo, mas que nessa ocasião não sentimos, floresce “na verdadeira experiência do conhecimento do Espírito” no segundo (Ib., 9, 263; DB 2, 254). A experiência traduz-se na verdadeira sensação. Ao escrever sobre o segundo batismo, Filoxeno confunde-se: “Só percebemos o que nos sentimos felizes, mas não saberemos o que essa alegria é” (Ib., 9, 289; DB 2, 277). Ao citar os carismas, é reticente. Não menciona a cura, mas sugere que existem outros carismas além dos que menciona (Carta de Sebastian Brock, Instituo Oriental, Oxford, 27 de maio de 1990, a Kilian McDonnell. Brock também acha que José Hazaia (Abdisho) infere os carismas).

Outros que pertencem à tradição siríaca ou escrevem sobre ela, relacionam os carismas com a iniciação. Como Filoxeno, João de Apaméia (primeira metade do Século V) escreve sobre os dois batismos, o segundo também uma realização posterior do primeiro. No segunda batismo, tomamos posse de modo perfeito “do poder do santo batismo” (João de Apaméia, Diálogos e Tratados, 10, 117; SC 311, 149).Em relação ao segundo batismo, menciona profecia, cura e milagres (Diálogos sobre a alma e as paixões dos homens 9, 10; João, o Solitário, Dialogue sur L’Ânime et lês Passions dês Hommes 34, 35). Teodoreto (c.393 – c.466), por exemplo, atesta o abundante extravasamento de carismas por ocasião da iniciação e menciona a cura em particular (História dos monges na Síria, Prólogo, 8 e 10, SC 234, 138-140). Como João Crisóstomo, Severo de Antioquia (c. 465-538) reconhece que “naquele tempo (apostólico) numerosos carismas foram concedidos aos fiéis e os batizados pelos apóstolos também receberam diversos favores (Sobre a Oração 25; Patrologia orientalis 38, 447). Por último, José Hazaia (nascido c. 710-713), um dos grandes místicos siríacos, escreve sobre o “sinal por meio do qual sentiremos que o Espírito recebido no batismo age em nós”, mencionando “um fluxo de fala espiritual (línguas) e “um conhecimento de ambos os mundos (palavra de conhecimento ou sabedoria)”, além de “alegria, júbilo, exultação, louvor, glorificação, cânticos, hinos, odes...” (A. Mingana, Early Christian Mystics 165-167).

Sebastian Brock, pesquisador de Oxford, afirma que “os padres siríacos não tiveram dificuldade em identificar o batismo cristão com o ‘batismo no Espírito Santo e no fogo’... o batismotambém é um evento carismático” (The Holy Spirit in the Syrian Baptismal Tradition – The Syrian Church Series, 9 – 134). Os padres siríacos estão bem cônscios de que os efeitos pentecostais do batismo não se manifestam necessariamente no próprio batismo, mas podem demorar até mais tarde: entretanto, ‘a promessa do espírito’, o potencial, já está presente, em virtude do batismo... O que Filoxeno diz aqui é algo de grande valor. Examina a relação entre a experiência pessoal de Pentecostes, da vinda do Espírito Santo sobre um indivíduo, e o rito do batismo em si, em um contexto onde, por causa da prática do batismo das crianças, os dois eventos poderão separar-se por muitos anos. O ponto defendido por Filoxeno é que o rito em si confere o dom do Espírito, mas que, como dar também implica receber, é necessário da parte do recipiente um ato consciente de vontade, a aceitação do dom, para que ele sinta de modo apropriado os resultados do dom. Esta aceitação inclui a humildade que o próprio Cristo demonstrou (Fl 2,7): só depois que o ego for desnudado será possível experimentar em plenitude o dom do Espírito. Desse modo, os ‘dois batismos’ são apenas dois aspectos de um único sacramento, o primeiro, visto do ponto de vista do Doador, o segundo do ponto de vista do que recebe – portanto, um único sacramento [não se trata da confirmação] (Ib., 137-139). Na verdade, Brock identificou o ponto onde a teologia siríaca de iniciação cruza-se com a nossa. Como a nossa, a Igreja siríaca praticava o batismo de crianças, com o conseqüente desafio de encontrar um meio para ativar a graça da iniciação na vida adulta. Para os siríacos, o batismo não é acontecimento de um única ocasião. Ao contrário, “o batismo é visto como apenas o começo que abre todos os tipos de possibilidades, desde que a pessoa batizada abra-se à presença do Espírito que nela habita” (Brock, Spirituality in Syriac Tradition 74,77).

Assim, de Cartago, no norte da África, Poitiers, na Gália, Jerusalém, na Palestina e Cesaréia, na Capadócia, de Constantinopla e de Antioquia, Apaméia, Mabugo e Ciro na Síria, temos confirmação do recebimento dos carismas dentro do rito da iniciação. São representantes das tradições litúrgicas latina, grega e siríaca. De Antioquia, Apaméia, Mabugo e Cirro na Síria, temos evidência de uma posse experiencial posterior das graças concedidas na infância.

A concessão dos carismas dentro da iniciação cristã constitui a norma. Todavia, o Espírito é livre para conceder as graças conforme o Espírito deseja. A excessiva focalização desses textos nos carismas desvirtuam o testemunho de seus autores. A vida em Cristo é mais do que apenas carismas proféticos. Na verdade, o amor que o Espírito derrama em nossos corações é de uma ordem mais fundamental do que os carismas. “Se eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, mas não tivesse a caridade, seria um bronze que soa ou um sino que toca” (1 Cor 13,1). A nova água viva do Espírito harmoniza o crente com Cristo, produzindo a santidade, o ardente desejo de Deus, a busca de Deus.

A receptividade aos carismas e ao experiencial no batismo no Espírito não sugere, de modo algum, que a graça seja necessariamente perceptível aos sentidos. Nem propões que o crescimento em Cristo seja progresso de uma experiência do cume de uma montanha para o outro. Muito pelo contrário, leva-se a vida cristã principalmente nos vales. Na verdade, com freqüência, no deserto. A receptividade à experiência é uma coisa, a paixão por elevações espirituais é outra. A busca da experiência religiosa é o caminho mais curto para a ilusão. As sensações e os sentimentos requerem sempre cuidadoso discernimento.

Mais uma vez, aceitar o batismo no Espírito não é juntar-se a um movimento, qualquer movimento. É, isso sim, acolher a plenitude da iniciação cristã, que pertence à Igreja.

O que, então, devemos fazer?

À luz das reflexões anteriores e de nossa experiência do batismo no Espírito e dos carismas desde o Vaticano II, cremos que a retomada do batismo no Espírito Santo pela Igreja promete revitalizar a evangelização, as prédicas, o culto sacramental, o Rito de Iniciação Cristã de adultos, a pastoral de juventude, a preparação para a crisma e modos de vida comunitária no contexto da paróquia local. Fazemos estas sugestões específicas, percebendo que elas não esgotam as preocupações pastorais da Igreja.

A conversão flui da obra de evangelização da Igreja, sua “missão essencial”, sua “mais profunda identidade” e razão de existência (EN 14, AAS 68, 13). Como a conversão, a evangelização é um processo constante, não um evento único na vida do cristão. A conversão leva-nos simultaneamente à “comunhão... com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo” (1 Jo 1,3). “Por meio do que é comum ao Pai e ao Filho, eles desejaram que ficássemos em comunhão entre nós e com eles e, por meio deste dom (a Eucaristia), nos tornássemos um só, para que aquilo que ambos tenham, um só tenha” (Agostinho, Sermão 71, 12, 18; Patrologia latina 38, 454). Por meio das profundezas da comunhão com Deus e na comunhão que é a Igreja, estamos preparados para a participação guiada pelo Espírito na missão da Igreja.

A vida batizada no Espírito é marcada por uma experiência de união dinâmica com Deus e também por uma experiência de carismas doados pelo Espírito. Ambas nos permitem servir a Deus em louvor e adoração, servir uns aos outros na caridade pela profecia, pela cura e por outros dons e desempenhar nossa função no ministério da Igreja. Segundo Karl Rahner, a profecia é “um dom natural permanente da Igreja e uma prova de sua missão sobrenatural” (Visions and Prophecies 102). K. Rahner e H. Vorgrimler dizem que “os carismas, como o múnus e os sacramentos, fazem parte da natureza da Igreja... As formas assumidas pelos carismas... não podem ser previstas, precisamente porque, por sua própria natureza, pertencem à história salvadora da Igreja e, portanto, precisam ser sempre redescobertas e aceitas” (Theological Dictionary 72).

A reconquista do Batismo no Espírito e dos carismas é necessária em todas as instituições eclesiais. As ordens religiosas, as universidades católicas, as associações de fiéis, os movimentos especializados, todos precisam hoje deste toque do Espírito Santo. Na verdade, por meio do Batismo no Espírito Santo e dos carismas, muitos leigos, bem como os padres e bispos, experimentam esta vida mais plena no Espírito. Nós, entretanto, concentramo-nos na paróquia, porque é ali que podem ser abordadas as necessidades da esmagadora maioria de católicos.

Em nossa visão, a paróquia renovada é uma comunidade prestando culto em vibrante liturgia, unida pelo Espírito Santo, servindo uns aos outros, empenhados na conversão e no crescimento contínuos, comunicando-se com os inativos, os irreligiosos e os pobres. Tais paróquias põem-nos em contato com o evangelho e evangelizam nossa cultura. Nessas comunidades, como nos Atos dos Apóstolos e na Igreja primitiva, os carismas do Espírito Santo são identificados e acolhidos com alegria.

A introdução do Batismo no Espírito Santo e dos carismas na vida normal da paróquia exige muita solicitude, sensibilidade, paciência e discernimento. Requer cuidadosamente catequese e senso de oportunidade. Recomendamos que se procurem os conselhos de um pastor experiente. Tudo isso não deve, entretanto, desencorajar os esforços para o Batismo no Espírito e os carismas nem impedir que sejam aceitos na vida da paróquia.

Elemento indispensável em uma paróquia renovada é a contínua conversão nas vidas do pastor e da equipe paroquial. Os líderes pastorais precisam ter não apenas a visão para a paróquia espiritualmente renovada, mas também a experiência pessoal que lhes permita testemunhar e ministrar aos outros a vida do Batismo no Espírito. Isso demonstra a importância vital da formação de seminaristas e da contínua formação espiritual do clero e das equipes paroquiais no Batismo no Espírito.

Outro elemento é a pregação que visa à evangelização. É mais do que a reflexão sobre o texto inspirado e personifica o testemunho pessoal do pregador à ação do Espírito Santo. Tal pregação é instruída pelos dons do Espírito e invoca uma resposta.

O Rito de Iniciação Cristã de Adultos apresenta a realidade da iniciação cristã de uma forma próxima de sua integridade original. É veículo perfeitamente apto para evangelizar os catecúmenos e toda a paróquia, trazendo-os para uma vida plena no Espírito. A chave para isso é a promoção da fé esperançosa que prepara o indivíduo para abraçar com confiança esses elementos de vida no Espírito. Entre a Páscoa e Pentecostes, os recém-batizados e todos os outros paroquianos são levados a sentir a vida no Espírito através de ensinamentos sobre a oração e sobre como receber e utilizar os carismas. Assim, profecia, cura, discernimento de espíritos, oração em línguas e outros carismas entram no fluxo normal da vida paroquial cotidiana (1 Cor 14). Esses dons espirituais, intimamente ligados ao dom do Espírito na iniciação, tornam possíveis as muitas vias de serviço através das quais os paroquianos constroem a comunhão que é a Igreja.

Hoje, um importante componente do ministério para a juventude é a preparação para o sacramento da crisma. Em harmonia com a Constituição sobre a Sagrada Liturgia 71, o Rito de Iniciação Cristã de Adultos e sua adaptação para as crianças em idade catequética, sugerimos que seja salientada a íntima ligação entre a confirmação e a iniciação cristã. Para os já batizados, a preparação para a crisma deve centralizar-se na renovação da vida no Espírito, marcada pela conversão pessoal a Cristo e pela receptividade à pessoa e aos dons do Espírito Santo. Desse modo, a confirmação, como é praticada atualmente, permitiria a renovação da iniciação cristã. O ideal é que a preparação paroquial para a Páscoa, junto com o Rito de Iniciação Cristã de Adultos (Estamos cientes de que, hoje em dia, a escolha da ocasião para a crisma é motivo de discussões acaloradas. Parece-nos que, embora devamos aproveitar ao máximo o momento da confirmação, a fim de incentivar a apropriação do dom do Espírito, não é possível programar com exatidão o momento da graça subjetiva do despertar. Os cristãos devem sempre ser incentivados a dar ao Espírito Santo e aos carismas um lugar maior em suas vidas).

Todos os sacramentos dão oportunidade para a evangelização e a catequese, em especial a Eucaristia, que é a fonte e a culminância de nossas vidas espirituais (Constituição sobre a Igreja, 10). Costuma ser a ocasião para o derramamento do Espírito Santo e de dons como louvor, profecia e cura. “O louvor eucarístico invoca a vinda do Espírito, não apenas sobre as dádivas de pão e vinho, mas também sobre nós, para que nós, nutridos por seu corpo e sangue, possamos ficar cheios de seu Santo Espírito”. Como diz Santo Efrém: “Espírito em teu Pão, Fogo em teu Vinho, milagre sublime que nossos lábios recebem” (Hinos de Fé 10, 7; 154, 34).

A renovação do Batismo no Espírito Santo significa uma nova profundidade em nossa relação pessoal com Jesus como Poderoso Senhor e Salvador enviado pelo Pai no poder do Espírito. “Não se pode negar”, escreve Karl Rahner, “que uma relação pessoal com Jesus Cristo, em íntimo amor, faz parte da existência cristã... Devemos ter em mente que salvação não significa uma coisa enm um acontecimento objetivo, mas sim uma realidade pessoal e ontológica” (Foundations of Christian Faith 308-309).

Embora profundamente pessoal, a vida no Espírito não é individualista, e sim participação no corpo de Cristo. Pastores e equipes pastorais podem promover uma variedade de expressões de comunidade dentro da paróquia. O ponto alto dessas comunidades é o dedicado amor mútuo entre irmãos e irmãs em Cristo.

Dessa experiência de comunhão, os paroquianos são levados pelo Espírito a seus ambientes sociais para dar um testemunho cristão acompanhado de carismas. Esta evangelização inclui testemunho verbal, exemplo de vida e obras de justiça e misericórdia. Como afirmou o Sínodo dos Bispos de 1971: “A ação em nome da justiça e a participação na transformação do mundo parecem-nos inteiramente uma dimensão constitutiva da pregação do Evangelho, ou, em outras palavras, da missão da Igreja para a redenção da raça humana e sua libertação de toda situação de opressão” (De Iustitia in Mundo, Documenta Episcoporum, Acta Apostolicae Sedis 63 [1971] 92,4). Cada uma dessas atividades é uma participação na missão eclesial de evangelização encorajada por Paulo VI no Decreto sobre Atividade Missionário da Igreja (20-21, 30; AAS 68, 18-20, 25, 26).

Para entender por outros grupos cristãos obtêm tanto sucesso em seu proselitismo entre os católicos, precisamos reconhecer um desejo ardente que leva as pessoas a se deixarem influenciar quando lhes é oferecida uma relação mais pessoal com Jesus, uma experiência do poder do Espírito, um culto vibrante e a aceitação em uma comunidade marcada por amoroso interesse pessoal. O melhor antídoto para o proselitismo de outros grupos cristãos entre os católicos é o desenvolvimento de nossa própria evangelização vigorosa e eficiente: a conversão a Cristo e uma vida mais plena no Espírito.

Para os que saíram ou se tornaram inativos, para os irreligiosos e para aqueles milhões que fielmente vêm encontrar a Deus na paróquia renovada, a retomada da iniciação com os carismas, que é o batismo no Espírito Santo, oferece uma significativa oportunidade para a vida em Cristo.
“Se vivemos pelo Espírito, sigamos também o Espírito” (Gl 5, 25).

Em conclusão, todos são chamados a avivar a chama do dom do Espírito Santo recebido nos sacramentos de iniciação. Deus nos dá livremente esta graça, mas ela exige uma resposta pessoal de contínua conversão à Autoridade de Jesus Cristo e receptividade à presença e ao poder transformadores do Espírito Santo. Somente no Espírito Santo a Igreja será capaz de satisfazer suas necessidades pastorais e as necessidades do mundo. O desafio está diante de nós e as conseqüências são claras:

Sem o Espírito Santo, Deus se afasta
Cristo fica no passado,
o Evangelho é letra morta,
a Igreja é mera instituição,
a autoridade é questão de prepotência,
a missão, questão de propaganda,
a liturgia nada mais que uma evocação,
o modo de viver cristão, virtude de escravos.

Mas no Espírito Santo:

o cosmos se reanima e geme com
as dores de nascimento do reino,
o Cristo ali está,
o Evangelho é o poder da vida,
a Igreja manifesta a vida da Trindade,
a autoridade é um serviço de libertação,
a missão é momento comemorativo e também
antecipação,
a ação humana é divinizada.


(Metropolita Ignatios of Latakia, “Palestra sobre o tema principal”, Relatório Uppsala 1968 [Genebra: WWC, 1969] 298).

O Espírito chama cada um de nós em particular e a Igreja como um todo, segundo o modelo de Maria e os Apóstolos reunidos, para aceitar e abraçar o Batismo no Espírito Santo como o poder de transformação pessoal e comunitária, com todas as graças e carismas necessários para a edificação da Igreja e para nossa missão no mundo. Esta missão tem sua origem no Pai estendendo-se por meio do Filho no Espírito, para tocar e transformar a Igreja e o mundo e guiá-los no Espírito por meio de Cristo, de volta ao Pai.

Pentecostes 2010


Os judeus celebravam a chamada Festa das Semanas após a colheita do trigo. Tinha esse nome pois acontecia 7 semanas (5o dias) a festa dos Pães sem fermento.

Era uma festa agrária, a qual também era conhecida sob o nome de “festa da Ceifa” ou festa dos primeiros frutos (veja Êxodo 23,16; 34,22). Os judeus agradeciam pela colheita de trigo e ofereciam a Deus os primeiros frutos que a terra tinha produzido.

Mais tarde recebeu o nome de Pentecostes que significa qüinquagésimo, pois era celebrada 5o dias depois da oferta do primeiro feixe de espigas de orgiem agrária. Na época pós exílica começou a ser celebrada nessa festa a promulgação da Lei de Moisés.

Jesus, antes de subir aos prometeu enviar o Espírito Santo (ver Lucas 24,49) aos apóstolos e cumpriu. Foi justamente no dia de Pentecostes que Ele O enviou. Eles e Maria receberam forças do alto e apartir dessas forças eles começaram a evangelizar os povos com mais fervor e deram início ao Cristianismo. Apartir desse dia o auxílio do Espírito de Deus deixou de ser um “privilégio” dos profetas e passou a ser derramado sobre todos os servos dEle.

Oração, segredo para «um novo Pentecostes»


Pregador do Papa: Pe. Cantalamessa à liturgia do próximo domingo
Domingo de Pentecostes - Atos 2, 1-11; I Coríntios 12, 3b-7. 12-13; João 20, 19-23

O poder do alto

ranierocantalamessa.jpgTodos vimos em alguma ocasião a cena de um carro quebrado: dentro está o motorista e detrás uma ou duas pessoas empurrando o veículo, tentando inutilmente dar-lhe a velocidade necessária para que funcione. Param, secam o suor, voltam a empurrar… E de repente, um ruído, o motor começa a funcionar, o carro avança e os que o empurravam se erguem com um suspiro de alívio. É uma imagem do que ocorre na vida cristã. Caminha-se à base de impulsos, com fadiga, sem grandes progressos. E pensar que temos à disposição um motor potentíssimo («o poder do alto!») que espera só que o façamos funcionar. A festa de Pentecostes deverá ajudar-nos a descobrir este motor e como colocá-lo em movimento.

O relato dos Atos dos Apóstolos começa dizendo: «Ao chegar o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos em um mesmo lugar». Destas palavras deduzimos que Pentecostes pré-existia… a Pentecostes. Em outras palavras: havia já uma festa de Pentecostes no judaísmo e foi durante tal festa que o Espírito Santo desceu. Não se entende o Pentecostes cristão sem levar em conta o Pentecostes judaico que o preparou. No Antigo Testamento houve duas interpretações da festa de Pentecostes. No princípio era a festa das sete semanas, a festa da colheita, quando se ofereciam a Deus as primícias do trigo; mas sucessivamente, e certamente em tempos de Jesus, a festa se havia enriquecido de um novo significado: era a festa da entrega da lei no monte Sinai e da aliança.

Se o Espírito Santo vem sobre a Igreja precisamente no dia em que em Israel se celebrava a festa da lei e da aliança, é para indicar que o Espírito Santo é a lei nova, a lei espiritual que sela a nova e eterna aliança. Uma lei escrita já não sobre tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, que são os corações dos homens. Estas considerações suscitam de imediato uma interrogação: vivemos sob a antiga lei ou sob a lei nova? Cumprimos nossos deveres religiosos por constrição, por temor e por costume, ou ao contrário por convicção íntima e quase por atração? Sentimos Deus com pai ou como patrão?

Concluo com uma história. No princípio do século XX, uma família do sul da Itália emigra aos Estados Unidos. Como carecem de dinheiro suficiente para pagar as refeições no restaurante, levam consigo alimento pela viagem: pão e queijo. Com o passar dos dias e das semanas, o pão se endurece e o queijo mofa; em certo momento, o filho não o agüenta mais e não pára de chorar. Então seus pais tiram os poucos trocados que restam e que dão para desfrutar uma boa refeição no restaurante. O filho vai, come e volta a seus pais banhado em lágrimas. «Como? Gastamos tudo para pagar-lhe um almoço, e você continua chorando?». «Choro porque descobri que uma refeição por dia no restaurante estava incluída no preço, e passamos todo o tempo a pão e queijo!». Muitos cristãos realizam a travessia da vida «a pão e queijo», sem alegria, sem entusiasmo, quando poderiam, espiritualmente falando, desfrutar cada dia de todo «bem de Deus», tudo «incluído no preço» de ser cristãos.

O segredo para experimentar aquilo que João XXIII chamava de «um novo Pentecostes» se chama oração. É aí onde se acende a «chama» que liga o motor! Jesus prometeu que o Pai celestial dará o Espírito Santo a quem o pedir (Lc 11, 13). Então, vamos pedir! A liturgia de Pentecostes nos oferece magníficas expressões para fazê-lo: «Vinde, Espírito Santo… Vinde, Pai dos pobres; vinde, doador dos dons; vemvinde luz dos corações. No esforço, descanso; refúgio nas horas de fogo; consolo no pranto. Vinde, Espírito Santo!».

fonte: Zenit


quarta-feira, 19 de maio de 2010

Entrevista de Pe. Joãozinho: "ser memória de pentecostes para a Igreja e para o mundo"



Dr. Pe. João Carlos Almeida, Padre Joãozinho, scj-Mestre em Teologia
Sistemática pela FAJE – BH, doutor em Teologia pela Faculdade Assunção-SP, doutor em Educação pelas USP, e doutor em Espiritualidade pela Gregoriana (Roma). Professor de Pneumatologia na Faculdade Dehoniana, em Taubaté, SP, aonde exerce o cargo de Diretor Geral.

Por que o nome Renovação?
*A Renovação Carismática Católica, como é conhecida no Brasil, pretende um retorno às fontes da fé cristã, conforme sugeriu o Concílio Vaticano II. Uma das características do cristianismo dos primórdios era uma intensa vida carismática. A presença e ação do Espírito Santo era vivida como estatuto fundamental da identidade cristã. O evento de Pentecostes foi configurativo para Igreja da era apostólica. Mesmo após três anos de catequese com Jesus e apesar de terem vivido a experiência da ressurreição, ainda lhes faltava um impulso interior que os levasse enfrentar todos os desafios, inclusive o do martírio. Esta experiência pentecostal é vivida de modo "renovado" na RCC. Esta é sua identidade principal: ser memória de pentecostes para a Igreja e para o mundo.*

Podemos dizer que o movimento representa para os seguidores, um novo Pentecostes?
*Exatamente. Este foi um dos pedidos do Papa João XXIII ao anunciar a abertura do Concílio. Aliás, ele pediu que a Igreja vivesse um novo pentecostes e que fosse uma "Igreja dos pobres". Poderíamos interpretar que as duas profecias do papa da bondade se realizaram. O novo pentecostes acontece intensamente nos nossos dias e é cuidadosamente cultivado na RCC. A Igreja dos pobres recebeu seu selo latino-americano a partir da Conferência de Medellín e, principalmente, de Puebla, em que ficou clássica a "opção preferencial pelos pobres". As Comunidades Eclesiais de Base se tornaram um emblema desta cultura da solidariedade para com os pobres. A Teologia da Libertação procurou reler os velhos conteúdos da fé, a partir desta solidariedade com os excluídos. Temos aqui duas corren tes carismáticas que formam as feições da Igreja no Brasil nestes últimos quarenta anos: a RCC e as CEBs. Ambas foram cuidadosamente reafirmadas na sua identidade na recente Conferência de Aparecida. *

No decorrer da história o sr observa desvios de alguns setores da proposta original da RCC?
*Assim como algumas imprecisões da Teologia da Libertação foram indicadas pela Santa Sé, na década de 1980 (e teólogos como Gustavo Gutiérrez tiveram a sabedoria de tornar seu discurso mais preciso), a RCC também tem seus limites. A CNBB procurou indicar alguns deles em um documento normativo de 1994. Os bispos, através do seu Conselho Permanente, reconhecem a identidade e eclesialidade da RCC. Reconhecem ainda os valores para a vida da Igreja como um todo. Reconhecem ainda a liberdade associativa garantida pelo Direito Canônico. Porém, pedem à RCC que também reconheça os valores dos outros grupos eclesiais. Se toda a Igreja aderisse ao estilo da RCC, certamente haveria um empobrecimento. A RCC é um modo de ser Igreja. Não posso concordar com o que já ouvi um pregador carismát ico dizer: que a RCC deverá se tornar o novo modo de a Igreja ser. Isto é presunção e não respeita a pluralidade típica do Corpo Místico de Cristo. Outro limite é a falta de mais teólogos na RCC. Talvez isso ajudasse a corrigir alguns desvios que acontecem em alguns lugares, como uma excessiva valorização do demônio ou a perda do foco central da fé colocando no centro carismas extraordinários ou "modas" passageiras, como é o caso do "Repouso no Espírito". Em alguns lugares observa-se também a carência de formação litúrgica. Sobre a crítica que a RCC recebe com freqüência, de que não tem obras sociais, pessoalmente fiz uma pesquisa nacional e fiquei muito admirado com a quantidade de obras de promoção humana sob responsabilidade dos carismáticos. Hoje percebo um crescente envolvimento social dos grupos de oração e da RCC Nacional. O "Ministério de Promoção Humana" atua especificamente neste sentido. *

O que se pode entender por ação do Espírito Santo na ótica da Renovação?
*A RCC vive a experiência da presença e ação do Espírito na Igreja e em cada cristão. Esta presença não é teórica. Ela habilita por meio dos dons para anunciar a Palavra com poder. O anúncio do kerigma é uma das grandes linhas de ação da RCC. Os carismas dados pelo Espírito são como que ferramentas que tornam possível esta obra para além da pura eloqüência. O Espírito garante uma nova "unção". Isto se verifica também na oração pessoal e comunitária. Por isso, lá onde a RCC preserva cuidadosamente sua identidade, crescem e se consolidam os Grupos de Oração.*

Existe quem afirma que a RCC acaba exercendo uma espécie de monopólio do Espírito Santo. O que o sr. pensa a respeito??
*Isto não é possível. O próprio Jesus afirma que o Espírito sopra onde quer (cf. Jo 3,8). Mas uma coisa é certa. Este mesmo Espírito distribui uma diversidade de dons na Igreja. Cada congregação religiosa, por exemplo, tem seu carisma próprio. Nem por isso os jesuítas detém o monopólio da obediência ao Santo Padre, nem os dehonianos são proprietários do Sagrado Coração de Jesus. As congregações, os movimentos e aí incluo a RCC, são memória de um aspecto particular. A Renovação nos lembra diariamente que somos uma Igreja que nasceu do fogo de pentecostes. *

A dinâmica da RCC gira em torno dos dons carismáticos citados por São Paulo. Que finalidade tem esses dons?
*Os carismas são dados pára a edificação da comunidade. A maioria deles são ordinários e geram a força necessário para que se exerçam os ministérios. Mas não podemos negar que existem alguns carismas também particulares, ou extraordinários. Não são vividos por todo batizado nem são essenciais à salvação. É essencial ter fé, esperança e caridade, que são virtudes teologais. Não é essencial orar ou profetizar em línguas ou praticar a "palavra de ciência" ou mesmo o dom do conselho. O dom de cura existe e é fartamente atestado por testemunhos, mas não é essencial à salvação. Sempre me pergunto se aqueles nove leprosos do evangelho que não voltaram para agradecer foram para o céu.*

Mas, atualmente, eles estariam sendo usados como fim ou como meios?
*São ferramentas. São garfo e faca. É possível que alguém os utilize como emblema, ou mesmo como finalidade. É absurdo, pois não se comem os garfos. Outra coisa é dizer que a prática dos carismas, ordinários e extraordinários, caracterizam a RCC. Isto é normal. Precisamos respeitar a identidade. Não se pode obrigado toda uma comunidade a rezar em línguas na missa das 9h. Também não se pode colocar regras ou limites para o Espírito. O grande teólogo Yves Congar chegou a falar de um "setor livre"; um espaço eclesial onde o Espírito age independente das decisões da Igreja. Ele não pede ao bispo para suscitar uma nova congregação. Depois a Igreja vai discernir, mas a ação do Espírito é "absolutamente" livre. *

Qual tem sido a principal contribuição das comunidades de vida, entre elas, a Canção Nova, que é a maior delas?
*As Novas Comunidades são um ramo particular dentro da ampla espiritualidade carismática. Bebem desta fonte, vivem esta dinâmica pentecostal, porém cada uma delas tem seu carisma próprio e suas estruturas. Além da Canção Nova gostaria de citar a Comunidade Shalom, de Fortaleza, que possuem toda uma caminhada de reconhecimento pontifício. Não existe um lugar totalmente apropriado para esta novidade que reúne em seu seio dos três estados de vida. Tudo isso é muito recente. Um dos nossos professores, Pe. Wagner Ferreira da Silva, formador geral da Canção Nova, recentemente defendeu seu doutorado em Roma sobre este tema. Como podemos observar o assunto é complexo e representa uma novidade do Espírito para a Igreja dos nossos dias. Estas comunidades têm ajudado muitos a reatarem se u elo de comunhão com a Igreja. Já não são católicos de qualquer jeito. São católicos praticantes. Há também uma grande contribuição no que se refere aos Meios de Comunicação Social. A Canção Nova é um exemplo vivo disso. Recentemente estive em Portugal e fiquei impressionado com o modo como as pessoas acompanham a Canção Nova por rádio, TV e Internet. *

Como sr. analisa a amplitude que a RCC alcançou na Igreja do Brasil?
*Diria que a "cultura pentecostal" estava na "Terra de Santa Cruz" como brasa sob as cinzas. A pentecostalidade é uma marca característica do catolicismo popular. Como exemplo, basta citar a Festa do Divino. Quem é este "Divino"? É o Espírito Santo. Quando todos imaginavam que o Catolicismo Popular estava morto ele ressurgiu das cinzas soba diversas formas pentecostais… e não somente católicas. Mas não vamos canonizar apressadamente a cultura pentecostal popular. Há muita superstição e sincretismo. É preciso evangelizar esta cultura popular.*

É colocada a existência de um antagonismo entre RCC e Teologia da Libertação. Porque isso ocorre, se ambos cultivam a oração e o trabalho social?
*Existe uma diferença entre as duas formas de ser Igreja. Não diria antagonismo. Algumas linhas jornalísticas que primam pela exagerada simplificação costumam insistir neste binômio RCC x TdL. Acho simples demais. Não dá conta da realidade, que é mais complexa. *

Como o sr. avalia a resistência e até a oposição de alguns setores da Igreja à RCC?
*É saudável para a RCC. Vejo que onde ela recebe críticas, cresce mais consistente. Onde a RCC se torna a referência principal para a Igreja local, alguns problemas logo começam a aparecer. Mas não há dúvida que é doloroso ouvir críticas injustas, infundadas e que são pronunciadas em tom de sarcasmo. Isto não é cristão.*

O Papa João Paulo II incentivou movimentos da Igreja como a RCC. Com o fim do pontificado dele como sr. vê a postura de Bento XVI em relação à Renovação?
*Tive a oportunidade de participar da recente visita de Bento XVI a Portugal. No dia 13 de maio ele falou brevemente aos bispos daquele país. Um breve trecho de sua fala pode nos dar a idéia clara de como o atual papa se colocar diante do papel dos movimentos na Igreja. Permito-me citar literalmente, pois estas palavras respondem com muita precisão a pergunta feita: " Confesso-vos a agradável surpresa que tive ao contactar com os movimentos e novas comunidades eclesiais. Observando-os, tive a alegria e a graça de ver como, num momento de fadiga da Igreja, num momento em que se falava de `inverno da Igreja', o Espírito Santo criava uma nova primavera, fazendo despertar nos jovens e adultos a alegria de serem cristãos, de viverem na Igreja que é o Corpo vivo de Cristo. Graças aos carismas, a radicalidade do Evangelho, o conteúdo objetivo da fé, o fluxo vivo da sua tradição comunicam-se persuasivamente e são acolhidos como experiência pessoal, como adesão da liberdade ao evento presente de Cristo. Condição necessária, naturalmente, é que estas novas realidades queiram viver na Igreja comum, embora com espaços de algum modo reservados para a sua vida, de maneira que esta se torne depois fecunda para todos os outros. Os portadores de um carisma particular devem sentir-se fundamentalmente responsáveis pela comunhão, pela fé comum da Igreja e devem submeter-se à guia dos Pastores. São estes que devem garantir a eclesialidade dos movimentos. Os Pastores não são apenas pessoas que ocupam um cargo, mas eles próprios são carismáticos, são responsáveis pela abertura da Igreja à ação do Espírito Santo. Nós, Bispos, no sacramento, somos ungidos pelo Espírito Santo e, por conseguinte, o sacramento garante-nos também a abertura aos seus dons. Assim, por um lado, devemos sentir a responsabilidade de aceitar estes impulsos que são dons para a Igreja e lhe dão nova vitalidade, mas,por outro, devemos também ajudar os movimentos a encontrarem a estrada justa, com correções feitas com compreensão – aquela compreensão espiritual e humana que sabe unir guia, gratidão e uma certa abertura e disponibilidade para aceitar aprender." *

terça-feira, 11 de maio de 2010

Seminário de Vida no Espírito Santo - Vicariato III

Olá irmãos, Paz e Pentecostes
Nos dias 15 e 16 de Maio está acontecendo o Seminário de Vida no Espírito Santo Para os Grupos de Oração Ágape, Cristo Bom Pastor, Novo Caminho e Nossa Senhora das Dores.
O SVES acontecerá na Igreja São Paulo (Paróquia São Pedro)Localizada na Rodovia JK, próximo a Faculdade do Amapá - FAMAP.
Inicio: 08hs da Manhã
Inscrição: 05,00 (Cinco Reais)

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Apresentação do Vídeo “O Poder da Cruz”

Por ocasião do 26º aniversário da Cruz do Dia Mundial da Juventude realizou-se neste dia 22 de abril a apresentação oficial em Roma do novo vídeo “O Poder da Cruz”, produzido pelo Centro Internacional Juvenil São Lourenço e  co-produzido por H2onews (www.h2onews.org ).

O vídeo procura ajudar os jovens peregrinos que veneram a Cruz a reconhecer seu valor e ajudá-los a entrar no mistério da morte e ressurreição de Jesus para encontrar o sentido de suas vidas.
 
A Cruz dos Jovens foi entregue por João Paulo II aos jovens no dia 22 de abril de 1984, durante o primeiro Dia Jornada Mundial da Juventude da história e desde então deu a volta ao mundo em peregrinação.

O novo vídeo da Cruz  está sendo projetado na Espanha durante a peregrinação da Cruz em preparação para o Dia Mundial da Juventude que se realizará em agosto de 2011 em Madri. Em Roma, será visto pelos jovens de diferentes partes do mundo que rezam diante da Cruz dos Jovens no Centro São Lourenço.

O Poder da Cruz

O Poder da Cruz

quinta-feira, 22 de abril de 2010

1.200 jovens apresentam sua imagem para compor a do Papa

Nos últimos dias, a atividade no perfil da Jornada Mundial da Juventude, no Facebook, esteve movimentada. A proposta era simples: enviar uma foto pessoal para fazer uma composição com uma imagem do Papa. O lema era: Dar a cara pelo Papa . Os jovens não tardaram em responder enviando suas imagens como presente a Bento XVI por seu aniversário.

É como ver toda a Igreja com só um olhar , fico feliz em doar minha imagem pelo Papa , comentaram Robin e Ignacio. No dia do aniversário do pontífice, foi publicado no site da JMJ uma imagem composta por 1.200 fotos que os jovens enviaram em menos de 48 horas.

A resposta dos usuários foi imediata, e o endereço para receber as imagens começou a se acumular com as fotos dos jovens, em todos os idiomas. Ursa, Warren e Noniek receberam em seu correio eletrônico um e-mail de resposta depois de enviar suas imagens. Uma só palavra: Gracias! . Apesar dos vários idiomas - esloveno, inglês e indonésio - entenderam esta palavra em espanhol. Suas imagens já estão na composição que foi feita em homenagem ao Papa.

Além disso, há algumas semanas, um loja de Oviedo, na Espanha, recebeu uma tarefa muito especial. Confeccionar bonés bordados com um logotipo, o da JMJ de Madri. As primeiras pessoas que usaram foram os 50 jovens que representaram a JMJ de Madrid na celebração do seu XXV aniversário, no dia 25 de março.

Pouco menos de uma semana depois, na Quarta-Feira Santa, o boné foi recebido pelo Santo Padre. O boné viajou de Madri a Roma na mala de Paula Rodríguez. Sua missão não era simples, tinha de conseguir entregar em mãos o boné comemorativo para o Papa.

Paula trabalha para a JMJ na área de Patrocínios. Seu trabalho consiste em conseguir que empresas e particulares financiem as despesas da JMJ de Madri. Está acostumada com desafios no trabalho, mas conseguiria entregar o boné ao Papa?

No Domingo de Ramos, Paula conseguiu ficar na primeira fila, nada fácil para uma celebração que acolheu pessoas dos cinco continentes. A Praça de São Pedro estava abarrotada de gente. Ela era mais uma entre milhares de pessoas. Depois de várias horas de espera, o Papa se aproximou em sua direção.

Dada a solenidade da cerimônia, Paula decidiu que seria melhor deixar o boné para entregar mais tarde. A ocasião se apresentaria alguns dias depois.

Na Quarta-Feira Santa, Bento XVI celebrou a audiência geral com os peregrinos, novamente na Praça de São Pedro. Paula novamente conseguiu ficar na primeira fila. E desta vez conseguiu. Falou com o Papa e lhe entregou o boné enquanto lhe explicava que era um símbolo comemorativo da próxima JMJ. Ele pegou o boné, vestiu e olhou nos meus olhos dizendo Ficou bom em mim? , recorda Paula emocionada.

Depois de cumprir sua missão, Paula relembrava agradecida o que tinha acabado de passar: foi muito carinhoso, foi verdadeiramente um pai, também emocionado comigo .

Para ver a imagem do presente ao Papa:http://www.jmj2011madrid.com.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Convocação: Precisamos agir!

O coordenador nacional do Ministério Jovem, Márcio Zolin, convoca a juventude carismática a uma reação aos ataques contínuos da mídia à Igreja e ao Santo Padre Bento XVI. Segundo a mensagem encaminhada na noite de Quinta-feira,08 de Abril, ao Núcleo Nacional e a Equipe Nacional Jovem (Coordenadores Estaduais do MJ). Confira na íntegra a Mensagem do Coordenador.

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Irmãos, a paz de Jesus!

Sentinelas,

Nas últimas semanas todos percebemos como se intensificaram os ataques contra nossa Igreja e nosso amado Papa. O Senhor tem colocado uma inquietude em meu coração a esse respeito e que partilho agora com vocês:

Como podemos agir e defender nosso Papa? Como poderíamos ser a voz do Papa, neste momento em que a sociedade e os meios de comunicação de todo o mundo estão tentando calar a sua voz e deturpar a verdade? Precisamos agir!

Tive uma idéia, mas para isso precisamos nos unir como Juventude Católica de todo Brasil e mundo. Criar uma grande reação mostrando nossa “revolta” contra os meios de comunicação que têm atacado nosso Papa. Proponho que comecemos urgentemente as seguintes ações:

1- Enviarmos e-mail e cartas para todos meios de comunicação, TVs, jornais, revistas, portais, etc. declarando nosso amor ao Papa e a nossa Igreja, declarando que estamos do lado dele e seremos sua voz.

2- Mandarmos e-mail e cartas para o Papa, declarando-lhe nosso amor . Reiterando que amamos nossa Igreja.

3- Colocarmo-nos contra a lei do aborto e outras propostas que ferem nossos valores cristãos. Vamos participarmos de seções em câmeras de vereadores e câmara de deputados com faixas e cartazes em defesa da nossa Igreja e amor ao papa. Vamos nos mobilizar para enchermos esses lugares, para chamarmos a atenção mesmo.

4- Marcarmos audiência com deputados da bancada católica e da RCC para manifestar nossas intenções.

5- Mandar fotos e informações das ações para divulgarmos em nossos meios de comunicação.

Sentinelas, é hora de mostrar a nossa cara, assumirmos nosso papel de profetas. Somos chamados à militância profética, a combatet na força Espírito Santo contra essa cultura de morte que está se alastrando pelo Brasil de forma desenfreada, principalmente pelos meios de comunicação.

É hora de agirmos no mundo para implantarmos a Cultura de Pentecostes.

O verdadeiro sentinela é aquele que está sempre em prontidão, que vê o mal que está à espreita e age sem temor.

Sejamos esses sentinelas. João Paulo II nos incentivou a assumirmos esse posto. Temos a chance agora de mostrar que aceitamos essa missão, lutando pela Igreja e por Bento XVI.

Irmãos, vamos fazer um levante, nos organizarmos, chamar o MUR e outros membros da RCC para defender nossa fé.

Está é uma convocação a toda juventude! Nos coloquemos em ordem de batalha!

Espalhem essa convocação, por favor!

Valeu irmãos!

Márcio Zolin

marcio@rccbrasil.org.br

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Rosto de Jesus em 3D - Sanrto Sudário



Vejam que coisa linda...nas vésperas da celebração a Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo!

Especialistas recriam 'rosto de Jesus' a partir do Santo Sudário

Rosto foi recriado em 3D por cientistas e especialistas em computação gráfica nos EUA.

01/04/10 - 05h12 - Atualizado em 01/04/10 - 07h21 - BBC

Especialistas em computação gráfica usaram técnicas modernas de criação de imagens de 3D para recompor a imagem da face retratada no Santo Sudário, que muitos acreditam ser o rosto de Jesus Cristo.

A experiência foi feita especialmente para o documentário de TV "The Real Face of Jesus?" ("O rosto real de Jesus?"), do History Channel, que vai ao ar no próximo sábado.

Os artistas tiveram acesso ao Santo Sudário, uma peça de linho que muitos cristãos acreditam ter sido usada para cobrir o corpo de Jesus após a crucificação. Sua autenticidade é debatida há anos por cientistas. O tecido traz uma imagem fantasmagórica do corpo de um homem que foi crucificado.

O artista de computação gráfica Ray Downing, que participou do projeto, é o mesmo que recriou em 3D o rosto do ex-presidente americano Abraham Lincoln, usando mais de cem fotos.

De acordo com Downing e com John Jackson, físico da universidade americana do Colorado que estuda o Santo Sudário desde 1978, a relíquia é singular, pois ela contém dados em três dimensões sobre o corpo da pessoa que foi enterrada.

Isso acontece porque o Santo Sudário foi enrolado em todo o corpo, em vez de apenas cobrir a face.

"A presença de dados em três dimensões é bastante inesperada e também é única", diz Downing. "É como se a imagem contivesse um manual de instruções sobre como se construir uma escultura."

O Santo Sudário, que pertence ao Vaticano, fica guardado na Cappella della Sacra Sindone do Palácio Real de Turim, na Itália.

Entre os dias 10 de abril e 23 de maio, a Catedral de São João Batista, em Turim, fará uma rara exibição pública da relíquia, que, acredita-se, deve atrair milhões de pessoas.

O papa Bento XVI fará uma visita ao local no dia 2 de maio. A última exibição pública do Santo Sudário foi há dez anos.


terça-feira, 9 de março de 2010

Maria, Mãe Espiritual - Um novo Dogma?


Os tempos estão maduros para um quinto dogma mariano?
“Vatican Forum” acolhe um debate sobre a Festa da Anunciação

Por Robert Moynihan

WASHINGTON, D.C., domingo, 7 de março de 2010 (Zenit.org).- Desde que, na Sexta-feira Santa, em que Jesus, falando da cruz quando estava prestes a morrer, disse ao apóstolo João “Eis tua mãe”, o papel maternal de Maria tem sido um elemento central da fé e da devoção cristã.

As representações da dor de Maria em obras de arte como a Pietà de Michelangelo sugeriram uma profunda verdade emocional: quando um crente é confrontado com uma grande dor ou sofrimento, podemos recorrer a Maria, nossa mãe espiritual, em busca de consolo, porque ela experimentou um sofrimento imenso.

As grandes aparições marianas, especialmente em Lourdes em 1858 e em Fátima em 1917, sugerem aos observadores atentos da vida mística que Maria segue “aproximando” os “pequenos”, as crianças, para incentivar e compartilhar com eles uma mensagem de consolo materno e exortação.

Ao longo dos séculos, a reflexão teológica da Igreja tem premiado títulos particulares e especiais a Maria, para explicar quem ela é, e porque é merecedora de nossa devoção filial.

Até agora, a Igreja proclamou quatro dogmas sobre a Mãe de Jesus: (1) seu papel materno no nascimento de Cristo, o Filho de Deus, se tornando verdadeiramente a Mãe de Deus (Theotokos, Concílio de Éfeso, 431); (2) sua Virgindade Perpétua (primeiro Concílio de Latrão, 659); (3) sua Imaculada Conceição (Pio IX, proclamação ex cathedra, 1854); e (4) sua Assunção ao céu (Pio XII, proclamação ex cathedra, 1950).

Durante quase um século, houve um movimento pequeno, mas crescente na Igreja a favor da proclamação de um quinto dogma mariano, que se refere ao papel da Beata Virgem como Mãe Espiritual de toda a Humanidade.

Em 25 de março, o Vatican Forum da revista Inside the Vatican e do St. Thomas More College, em um local próximo à Praça de São Pedro, convidará um grupo internacional de bispos e teólogos para debater se agora é o momento apropriado para pronunciar uma quinta definição ou “dogma” sobre a Virgem Maria.

Anos de preparação

O movimento na Igreja por um quinto dogma sobre o papel da Virgem Maria em nossa salvação tem mais de 90 anos. O líder ecuménico católico belga cardeal Désiré-Joseph Mercier iniciou em 1920, com o apoio do então padre Maximiliano Kolbe.

Desde então até o presente, mais de 800 cardeais e bispos pediram para diferentes Papas uma definição do papel especial de Maria na salvação da humanidade.

Além disso, os promotores dessa devoção recolheram mais de sete milhões de pedidos de fiéis de todo o mundo.

Os Papas que promulgaram os dois recentes dogmas marianos, Papa Pio IX (1846-1878) e Pio XII (1939-1958), reconheceram de forma positiva o papel dos pedidos de membros da hierarquia e dos leigos.

Ao longo de 2009, cardeais e bispos de todos os continentes pediram que o Papa Bento XVI considere o dogma da Maternidade espiritual de Maria, em três aspectos essenciais, como co-redentora, mediadora de todas as graças e como “advogada”. Isso aconteceu depois de cinco cardeais terem escrito aos bispos do mundo requerendo pedidos ao Santo Padre para o quinto dogma mariano.

Entre os que assinaram a petição estão o cardeal Telesphore Toppo, arcebispo de Ranchi (Índia); cardeal Luis Aponte Martínez, arcebispo emérito de San Juan (Porto Rico); cardeal Varkey Vithayathil, arcebispo de Ernakulam-Angamaly (Índia); cardeal Riccardo Vidal, arcebispo de Cebu, (Filipinas) e o cardeal Ernesto Corripio y Ahumada, arcebispo emérito da Cidade do México.

Alguns bispos, particularmente no Ocidente, veem uma definição Mariana potencialmente contraproducente para o ecumenismo. Dois dos cinco cardeais que em 2009 escreveram aos bispos do mundo todo sobre esse potencial quinto dogma mariano, os cardeais indianos Telesphore Toppo e Vithayathil, arcebispo da Igreja sírio-malabar, responderam publicamente a essa objeção ecumênica argumentando que proclamar a verdade sobre a Mãe de Jesus apenas traria uma unidade cristã baseada na unidade da verdade e da fé, acompanhada da renovada intercessão de Maria, Mãe da unidade, como resultado da proclamação papal de seu papel de mãe espiritual universal.

João Paulo II usou o título co-redentora ao menos em seis ocasiões durante seu papado.

Bento XVI, sem usar o título, tem repetidamente afirmado a doutrina da co-redenção de Maria, ou “co-sofrimento” com Jesus, particularmente em seu discurso do Dia Mundial do Doente e em sua oração de 2008 pelas pessoas que sofrem na China, dirigida a Nossa Senhora de Sheshan.

Inícios

Ao refletir sobre o início desse movimento por um dogma mariano, temos de ressaltar que o cardeal Mercier (1851-1926), arcebispo de Mechelen (Bélgica) desde 1906 até sua morte, foi um líder eclesial chave de seu tempo. Além da liderança heroica demostrada durante a Primeira Guerra Mundial, o cardeal Mercier acolheu o famoso diálogo entre anglicanos e católicos conhecido como Conversas de Malinas, e obteve o estabelecimento da festa litúrgica da Beata Virgem Maria, Mediadora de Todas as Graças, com sua própria missa e ofício. Seu mentor espiritual foi o beato Columbano Marmion.

Aqui, em suas próprias palavras, está o exercício espiritual diário que foi recomendado pelo cardeal Mercier. É válido até hoje.

Ele escreveu: “Eu vou revelar o segredo da santidade e da alegria. Todos os dias durante cinco minutos, controle sua imaginação e feche os olhos, e pare de escutar todos os sons do mundo para entrar em si. Então, na santidade de sua alma batizada (que é templo do Espírito Santo) fale a esse Espírito Divino, dizendo: “Oh, Santo Espírito, amado de minha alma, te adoro”. Ilumina-me, guia-me, dá-me forças e me consola. Diga-me o que fazer. Dá-me tuas ordens. Prometo submeter-me a tudo o que quer de mim e aceito tudo o que permitir que aconteça. Deixe-me saber tua vontade”.

“Se você fizer isso, sua vida fluirá para a felicidade, serenidade e pleno consolo, mesmo no meio das tribulações. Vai dar graça em tempos de dificuldades, dando-lhe força para suportá-las, e alcançar os Portões do Paraíso cheio de méritos. Esta submissão ao Espírito Santo é o segredo da santidade”.

“E foi essa submissão ao Espírito Santo, é claro, a marca que distinguiu a vida de Maria, especialmente no momento na Anunciação (25 de março), quando ela disse, "Faça-se em mim segundo a tua palavra".

Diálogo

O diálogo do dia 25 vai incluir como palestrantes Dom Ramón Argüelles, arcebispo de Lipa (Filipinas) e presidente da Sociedade Mariana-Mariológica das Filipinas; padre Enrique Llamas, presidente da Sociedade Mariológica da Espanha. Estarão presentes também Judith Gentle, teóloga anglicana, escritora e membro da Sociedade Mariológica “Nossa Senhora de Walsingham”, da Grã-Bretanha.

As sessões matutinas serão constituídas de breves apresentações dos palestrantes, debatendo se é apropriado um quinto dogma mariano nesse momento, enquanto que as sessões vespertinas consistirão em um diálogo entre os palestrantes, a imprensa e o público nesse assunto.

A Academia Pontíficia Mariana foi convidada a participar no diálogo, mas posteriormente informou a revista Inside the Vatican que os membros da Academia não iriam participar. O evento, que é livre e aberto ao público, começará às 10h da manhã na Via Borgo Pio, 141.

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Robert Moynihan é fundador e editor da revista mensal Inside the Vatican. É autor do livro Let God’s Light Shine Forth: the Spiritual Vision of Pope Benedict XVI (2005, Doubleday).

O blog de Moynihan pode ser encontrado no link www.insidethevatican.com. E Moynihan pode ser contactado no e-mail: editor@insidethevatican.com.