sexta-feira, 9 de julho de 2010

Wesley Sneijder se converteu ao catolicismo pouco antes da Copa


O cara nunca tinha feito gol de cabeça na carreira...e foi fazer logo contra o Brasil numa Semifinal de Copa do Mundo...Acho que foi o Batismo !Seja bem vindo Sneijder a nossa familia !
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O jornal ‘La Nación’ da Argentina revelou que o jogador de futebol holandês Wesley Sneijder, autor do gol contra o Brasil no Mundial África do Sul 2010, converteu-se ao catolicismo e recebeu o Batismo pouco antes de viajar ao campeonato de futebol.

Na nota titulada "Gol espiritual de um astro do futebol holandês", o jornalista Mariano da Vedia sustenta que Sneijder "chegou totalmente renovado" ao torneio mundial. "No fim de maio se converteu ao catolicismo e se batizou em uma capela de Milão, próxima à cidade esportiva do Inter, onde o brilhante jogador de futebol não se cansa de ganhar títulos. Influiu nessa decisão sua namorada, a atriz e modelo holandesa Yolanthe Cabau, nascida em Ibiza na Espanha, com quem tomou a decisão de casar-se pela Igreja logo depois do Mundial. Também o motivou sua amizade com Javier Zanetti, companheiro no Inter, capitão e católico praticante, que ficou sem Mundial, mas celebrou seu batismo tanto como os campeonatos que este ano ambos conquistaram na Itália e na Europa", explica.

Segundo o jornal, Sneijder declarou que foi "à Missa uma vez junto a meus companheiros e senti uma força e uma confiança que me impactaram" por isso seguiu as aulas de catecismo para adultos com o capelão da Inter.

"Já na África do Sul, explicou que reza todos os dias e os domingos vai à missa e comunga com o Yolanthe, quem lhe deu de presente um terço que ele sempre leva em seu pescoço. ‘A fé me dá forças. Às vezes minhas convicções me mantêm firme e me enchem de determinação. Todos os dias recito o Pai Nosso com ela. Procuro sempre, antes de começar as partidas, uma esquina para rezar’", acrescenta o jogador de futebol.

Em declarações reunidas pela mídia inglesa o jogador holandês afirmou que “sempre fui um crente, mas nunca fui católico. Ela é totalmente católica, foi batizada fez sua primeira comunhão e tudo mais”.

“Eu decidi ler e conversar mais com ela sobre isto (referindo-se ao catolicismo). Conversei com vários jogadores e com o sacerdote do clube e decidi fazer parte da religião católica”, assinalou.

Fonte: www.comshalom.org.br

quinta-feira, 8 de julho de 2010

A caminho da Unidade

Greco-católicos e ortodoxos compartilham paróquia na Romênia
No domingo passado, 4 de julho, foi celebrada na igreja paroquial de Bocşa, na Romênia, a primeira Missa Greco-católica em 62 anos, em um clima "festivo e emocionante", segundo divulgou a agência católica romena Catholica.ro.

A particularidade desta paróquia reside no fato de que, em virtude de um acordo firmado entre a Igreja Greco-Católica e a Igreja Ortodoxa, seu uso será compartilhado pelas duas comunidades.

O caso da paróquia de Bocşa tornou-se exemplo de resolução de conflitos entre católicos e ortodoxos - com frequência devidos a questões patrimoniais em países da antiga Cortina de Ferro.

A paróquia de Bocşa foi confiscada pelas autoridades comunistas em 1948 e cedida à Igreja Ortodoxa após a abolição forçada da Igreja Greco-Católica. Esta sobreviveu na clandestinidade e, com sua legalização, a hierarquia foi restabelecida em 1990 pelo Papa João Paulo II.

Desde então, a comunidade greco-católica luta na justiça pela restituição dos templos confiscados - quase 2.600 propriedades -, enquanto os ortodoxos pedem que seja levado em consideração o número de fiéis das comunidades, visto que a população greco-católica diminuiu sensivelmente ao longo das últimas décadas.

No caso concreto de Bocşa, há anos a comunidade greco-católica vinha pedindo aos ortodoxos a restituição da paróquia. O caso foi levado aos tribunais, que concederam ganho de causa à Igreja Greco-Católica em julho de 2010, determinando a restituição da igreja.

Entretanto, os greco-católicos ofereceram um acordo aos ortodoxos, pelo qual propunham compartilhar o uso do templo em horários diferentes; o acordo foi aceito pelos ortodoxos.

O decano da Igreja Greco-Católica de Zalău, Pe. Valer, lamentou que tenha sido necessário ir à justiça para conseguir um acordo, mas insistiu na necessidade do perdão para "curar as feridas": "Bem-aventurados os portadores da paz, porque serão chamados filhos de Deus".

"Acreditamos que esta solução - realista, pragmática e conforme o espírito do Evangelho do Senhor - possa resolver outros casos semelhantes. Na mesma igreja há espaço para ambos", concluiu.

Por Inma Álvarez

Zenti.org

07/07/10

Crônicas romanas: “A Papisa”, história de um papa que jamais existiu


Desde a antiguidade, os romanos sempre adoraram uma boa farsa. De Plauto a Neri Parenti, mulheres fantasiadas de homens, personagens de clichê e bufões têm deleitado os habitantes da Cidade Eterna.
O novo filme alemão “A Papisa”, que estréia nesta semana nos cinemas italianos, porém, esquivou-se do âmbito da comédia para apresentar a história fictícia de um Papa do sexo feminino, numa narrativa longa e cansativa que nos faz lembrar os Monty Python com nostalgia.
“A Papisa” baseia-se no livro homônimo da escritora norte-americana Donna Woolfolk Cross. Publicado em 1996 após “sete anos de pesquisas”, narra uma fábula com suficientes viradas grotescas para ser digna dos irmãos Grimm.
A história gira em torno de Joana, uma jovem criada na Alemanha do século IX por um sacerdote que se recusava a reconhecer suas qualidades intelectuais, uma vez que “sob a perspectiva católica”, as mulheres seriam inferiores.
Este último aspecto, destacado pelos múltiplos maus-tratos sofridos pela protagonista, evidencia a convicção pessoal da autora da “evidente carência da Igreja católica” de um toque feminino.
Joana cresce travestida de homem, e mediante uma série de incidentes providenciais, chega a Roma, onde, graças às suas aptidões médicas únicas, seu alter ego, "Giovanni Anglicus", torna-se confidente do Papa Sérgio II (844-847). Com a morte prematura do Pontífice, provocada por intrigas, "Giovanni Anglicus" torna-se Papa por aclamação popular.
Joana dedica-se então a uma série de reformas, que incluem a implementação das “escolas catedrais” para mulheres (ainda que, na verdade, tais escolas só fossem surgir dois séculos mais tarde), a reforma dos aquedutos e melhorias na vida cívica. Obviamente, a missa, a oração e os sacramentos não tem lugar na vida atarefada de Joana, e o filme não faz menção a uma possível ordenação de "Giovanni Anglicus".
Seu breve pontificado encerra-se com sua morte, durante a procissão do Domingo de Páscoa, em razão de um aborto. Seu nome teria sido então apagado do Liber Pontificalis por vingança.
O filme apresenta uma típica visão do pontificado como uma corporação, na qual uma mulher pode exercer o papel de “diretora executiva” como qualquer homem. As cenas sensuais que retratam a relação de Joana com seu amante, o Conde Gerold (interpretado por David Wetham, o “Faramir” de “O Senhor dos anéis”), lembram cenas de “Sex in the City”.
A lenda da Papisa Joana nasceu há cerca de 800 anos, e é atribuída aos hereges cátaros. Há muitas discrepâncias nas diferentes versões: algumas dizem que teria sido eleita em 847, outras falam em 1087; algumas afirmam que seu nome era Joana (Giovanna), outras Agnese ou Giberta; o que é certo é que não há registros anteriores a 1250 da história, quando a Crônica Universal de Menz a menciona pela primeira vez.
O mito foi retomado pelos protestantes no século XVI e divulgado a fim de danificar a imagem do pontificado. David Blondel demonstrou a falsidade da história em uma série de estudos publicados em Amsterdã em 1650.
Como a maior parte dos filmes anti-católicos, “A Papisa” faz uso livre das palavras de São Paulo sobre as mulheres, a fim de sustentar que a Igreja as tem oprimido desde as origens. Ignora, por exemplo, que a mais antiga universidade do ocidente - a Universidade de Bolonha - já admitia estudantes mulheres desde o início de suas atividades, em 1088.
O filme se toma muito a sério, mas o resultado são 2 horas e 19 minutos de tédio. Na tentativa de resgatar o expectador do estado de torpor, quando a história é transportada para Roma, as cenas rurais desaparecem para dar lugar à suntuosa corte papal, enquanto os aposentos (situados erroneamente em São Pedro e não em São João Latrão) ostentam brilhantes colunas de mármore negro e um leito papal faraônico, com cortinas de veludo e estátuas douradas.
Embora o filme ainda não tenha encontrado um distribuidor nos EUA, estreou na telas italianas a tempo para as comemorações de São Pedro e São Paulo; e enquanto o mundo celebrava o testemunho daquele que foi o primeiro Papa, seus expectadores puderam acompanhar a história de um papa que jamais existiu.
Sobre a Lenda http://pt.wikipedia.org/wiki/Papisa_Joana

Por Elizabeth Lev
Zenit.org
07/07/10

segunda-feira, 21 de junho de 2010

O que Ratzinger fez perante as denúncias

Mal-entendidos sobre Bento XVI e a crise dos abusos sexuais
As revelações de episódios de abusos sexuais por parte de sacerdotes na Igreja Católica estão atraindo uma atenção sem precedentes sobre o papel do Vaticano e, sobretudo, sobre as ações de Bento XVI. Em meio da cascata de reportagens, existe, contudo, o perigo de que os fatos possam ser obscurecidos pela intensidade das opiniões expressadas.

Um exemplo recente é a notícia da capa da revista Time de 7 de junho. Sobre uma foto do Papa com a cabeça virada, o título era: “Por que ser Papa significa nunca dizer perdão”. Uma rápida olhada à seção do website do Vaticano dedicada aos abusos sexuais revela, pelo contrário, que em repetidas ocasiões Bento XVI expressou seu pesar pelos abusos de crianças e adolescentes. De fato, o parágrafo 6 da carta do Papa aos católicos da Irlanda de 19 de março diz [às vítimas de abusos e suas famílias]: "Sofrestes tremendamente e por isto sinto profundo desgosto".

Para ajudar a esclarecer esses temas, Gregory Erlandson e Matthew Bunson acabaram de publicar um livro chamado: Pope Benedict XVI and the Sexual Abuse Crisis (O Papa Bento XVI e a Crise dos Abusos Sexuais) (Our Sunday Visitor). Os autores sabem bastante sobre o tema. Erlandson é o presidente e editor de Our Sunday Visitor Publishing Company e Bunson é o redator chefe do Catholic Almanac e também da revista Catholic Answers.

Começam por destacar que uma das lições dos escândalos de abusos sexuais é não ter medo da verdade. “Temos de enfrentar os fatos, mas também devemos examinar com equilíbrio e honestidade”, observa o prólogo.

As questões sobre o modo de atuar de Bento XVI surgiram com a publicação de reportagens sobre como foi tratado um sacerdote quando o futuro Papa era arcebispo de Munique. Houve outras acusações, sobre as decisões tomadas quando era prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, sobre os casos de abusos nos Estados Unidos. Os media acusaram o pontífice de negligência, encobrimento e falta de preocupação com as vítimas dos abusos.

Bento XVI difamado

Os autores do livro colocaram estas afirmações como falsas, mas admitem que para a maior parte do público seria difícil chegar a pontos de vista que alcancem uma compreensão mais correta da situação. O resultado é que Bento XVI foi difamado, e também foi pouco abordada a atuação da Igreja Católica nos Estados Unidos. Durante os últimos anos a adoção de novas normas e procedimentos levou a drásticas mudanças na área dos abusos sexuais, esclarece o livro. Ainda assim, a maior parte da cobertura dos media apresenta a situação como se estas mudanças nunca tivessem ocorrido.

Em relação ao papel do pontífice quando presidia a Congregação para a Doutrina da Fé, os autores apresentam dois pontos importantes. Primeiro: antes de 2001, a responsabilidade de tratar os casos de abusos sexuais estava dividida entre várias secretarias vaticanas, e não foi até a publicação da carta apostólica de 18 de maio daquele ano que todos aqueles sacerdotes acusados de abuso fossem atribuídos à Congregação para a Doutrina da Fé. O então cardeal Joseph Ratzinger assumiu o controle destes casos, imprimiu uma mudança de atitude e teve uma maior noção da gravidade da situação e da necessidade de atuação muito mais dedicada.

Isso levou às palavras que escreveu para as meditações das Estações da Via Crucis da Sexta-Feira Santa de 2005, pouco antes da morte de João Paulo II. Na nona estação, clamava: “Quanta sujeira há na Igreja, e precisamente entre aqueles que, no sacerdócio, deveriam pertencer completamente a Ele!”.

Uma vez que a Congregação para a Doutrina da Fé se encarregou de tratar os casos de sacerdotes que tinham cometido abusos sexuais, ele atuou rapidamente para resolvê-los. Isso foi explicado em uma entrevista concedida por Dom Charles J. Scicluna ao jornal católico italiano Avvenire, em fevereiro deste ano. Cerca de 60% dos casos não chegaram ao devido julgamento por motivo da idade avançada dos acusados, mas foram submetidos a uma atuação disciplinar e afastados de qualquer ministério público. Em geral, em um grande número de casos foi permitido aos bispos locais que tomassem medidas disciplinares imediatas, de forma que não atrasassem o processo de andamento destas medidas antes de acontecer os julgamentos.

Algumas das reportagens dos meios de comunicação criticaram a lentidão ou falta de atuação de Roma ao tratar os sacerdotes culpados de abusos. Mas os autores do livro citam várias fontes que demonstram que os atrasos foram em grande parte de responsabilidade dos bispos locais norte-americanos, não de qualquer negligência do cardeal Ratzinger ou dos encarregados em seu departamento de tratar destes assuntos.

De fato, os autores do livro destacam que um dos fatores que agravou os problemas de abusos sexuais foi a falta de aplicação, por parte dos bispos, das leis e normas da Igreja sobre como deveriam se tratar estes casos. Não obstante, não se tratou só de uma falha dos bispos. Quando muitos destes abusos aconteceram, em ocasiões há várias décadas, os psiquiatras e outros membros da sociedade daquela época não compreenderam a intensidade do mal que estava por trás de tais atos.

Ainda que se obteve muito progresso, Erlandson e Bunson também levantaram algumas sugestões sobre medidas adicionais que possam ser adotadas pela Igreja. Primeiro, é necessário que continue de forma clara a assunção de responsabilidades que estabeleceu Bento XVI, e os infratores devem responder por seus atos. Segundo, o Vaticano deveria considerar a publicação de algumas normas mundiais, tanto para garantir que se informem as autoridades civis dos casos de abuso sexual como também para garantir que exista uma consistência ao lidar com casos de abusos. Terceiro, deve ser levada adiante a renovação espiritual do sacerdócio e da vida religiosa.

Papel decisivo

Erlandson e Bunsen concluem seu estudo afirmando que a crise dos absuso sexuais do clero, muito provavelmente defina o pontificado de Bento XVI. Isso não se deverá tanto à quantidade dos escândalos revelados, mas sim ao papel de liderança que tomou.

Antes de ser Papa, deu andamento às atuações decisivas para que a Congregação para a Doutrina da Fé lidasse com os sacerdotes que cometeram tais abusos. Uma vez eleito Papa, encontrou-se com diversas vítimas, repreendeu os sacerdotes culpados e desafiou os bispos. Também esteve na vanguarda das reformas de procedimentos que deram como resultado que a Igreja fosse capaz de responder mais rapidamente ao tratar de abusos sexuais. O livro cita o cardeal Sean O’Malley, de Boston, que afirmou, durante uma década, que o aliado mais forte que os bispos norte-americanos tinham em Roma ao tratar dos abusos sexuais foi o então cardeal Ratzinger.

Uma vez eleito, Bento XVI escolheu como sucessor na Congergação para Doutrina da Fé um norte-americano, cardeal William J. Levada, alguém que era muito consciente do alcance dos escândalos. Em suas mensagens sobre os abusos sexuais, o pontífice falou com transparência e força. Também é consciente da necessidade de uma renovação espiritual, que expressou claramente em sua carta aos católicos irlandeses, observa o livro.

Os autores admitem que, como muitos de sua geração, o atual Papa foi no princípio lento na hora de se dar conta da gravidade, mas mudou até o ponto de “se converter no defensor histórico da reforma e da renovação da Igreja, e ele compreende o significado do problema”.

Em outras palavras, Bento XVI não é um obstáculo para enfrentar com eficiência o problema dos abusos sexuais, mas uma parte vital da solução.

Por Pe. John Flynn, L. C.

Zenit.org

Discurso de Bento XVI aos Bispos do Regional Norte 2 da CNBB


Nos dias 12,13 e 14 de abril deste ano os bispos do Regional Norte 2 da CNBB realizaram a visita "Ad Limina" a Roma. A cada 05 anos os bispos realizam esta visita ao Santo Padre que é um mecanimo para que ele possa conhecer através dos seus pastores um pouco da realidade das Igrejas Particulares. O Regional Norte 2 corresponde aos Estados do Amapá e Pará (Província Eclesiástica de Belém do Pará) composta pelas:

Arquidiocese de Belém do Pará (Pará)

Prelazia de Óbidos
Prelazia do Xingu
Diocese de Santarém
Prelazia de Marajó
Prelazia de Itaituba
Diocese de Marabá
Diocese de Bragança do Pará
Diocese de Castanhal
Diocese de Abaetetuba
Prelazia de Cametá
Diocese de Ponta de Pedras
Diocese de Santíssima Conceição do Araguaia
Diocese de Macapá (Amapá)

Discurso de Bento XVI aos Bispos do Regional Norte 2 da CNBB

Amados Irmãos no Episcopado,

A vossa visita ad Limina tem lugar no clima de louvor e júbilo pascal que envolve a Igreja inteira, adornada com os fulgores da luz de Cristo Ressuscitado. Nele, a humanidade ultrapassou a morte e completou a última etapa do seu crescimento, penetrando nos Céus (cf. Ef 2, 6). Agora, Jesus pode livremente retornar sobre os seus passos e encontrar-Se como, quando e onde quiser com seus irmãos. Em seu nome, apraz-me acolher-vos, devotados pastores da Igreja de Deus peregrina no Regional Norte 2 do Brasil, com a saudação feita pelo Senhor quando se apresentou vivo aos Apóstolos e companheiros: "A paz esteja convosco" (Lc 24, 36).

A vossa presença aqui tem um sabor familiar, parecendo reproduzir o final da história dos discípulos de Emaús (cf. Lc 24, 33-35): viestes narrar o que se passou no caminho feito com Jesus pelas vossas dioceses disseminadas na imensidão da região amazônica, com as suas paróquias e outras realidades que as compõe, bem como os movimentos e novas comunidades e as comunidades eclesiais de base em comunhão com o seu bispo (cf. Documento de Aparecida, 179). Nada poderia alegrar-me mais do que saber-vos em Cristo e com Cristo, como testemunham os relatórios diocesanos que me enviastes e que vos agradeço. Reconhecido estou, de modo particular, a Dom Jesus Maria, pelas palavras que acaba de me dirigir em vosso nome e do povo de Deus a vós confiado, sublinhando a sua fidelidade e adesão a Pedro. No regresso, assegurai-o da minha gratidão por tais sentimentos e da minha Bênção, acrescentando: "Realmente o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão" (Lc 24, 34).

Nesta aparição, palavras - se as houve - diluíram-se na surpresa de ver o Mestre redivivo, cuja presença diz tudo: Estive morto, mas agora vivo e vós vivereis por Mim (cf. Ap 1,18). E, por estar vivo e ressuscitado, Cristo pode tornar-Se "pão vivo" (Jo 6, 51) para a humanidade. Por isso sinto que o centro e a fonte permanente do ministério petrino estão na Eucaristia, coração da vida cristã, fonte e ápice da missão evangelizadora da Igreja. Podeis, assim, compreender a preocupação do Sucessor de Pedro por tudo o que possa ofuscar o ponto mais original da fé católica: hoje, Jesus Cristo continua vivo e realmente presente na hóstia e no cálice consagrados.

Uma menor atenção que, por vezes, é prestada ao culto do Santíssimo Sacramento é indício e causa de escurecimento do sentido cristão do mistério, como sucede quando, na Santa Missa, já não aparece como proeminente e operante Jesus, mas uma comunidade atarefada com muitas coisas em vez de estar recolhida e deixar-se atrair para o Único necessário: o seu Senhor. Ora, a atitude primária e essencial do fiel cristão que participa na celebração litúrgica não é fazer, mas escutar, abrir-se, receber…
É óbvio que, neste caso, receber não significa ficar passivo ou desinteressar-se do que lá acontece, mas cooperar – porque tornados capazes de o fazer pela graça de Deus – segundo "a autêntica natureza da verdadeira Igreja, que é simultaneamente humana e divina, visível e dotada de elementos invisíveis, empenhada na ação e dada à contemplação, presente no mundo e, todavia, peregrina, mas de forma que o que nela é humano se deve ordenar e subordinar ao divino, o visível ao invisível, a ação à contemplação, e o presente à cidade futura que buscamos" (Const. Sacrosanctum Concilium, 2). Se, na liturgia, não emergisse a figura de Cristo, que está no seu princípio e está realmente presente para a tornar válida, já não teríamos a liturgia cristã, toda dependente do Senhor e toda sustentada por sua presença criadora.

Como estão distantes de tudo isto quantos, em nome da inculturação, decaem no sincretismo, introduzindo ritos tomados de outras religiões ou particularismos culturais na celebração da Santa Missa! (cf. Redemptionis Sacramentum, 79) O mistério eucarístico é um "dom demasiado grande – escrevia o meu venerável predecessor, o Papa João Paulo II – para suportar ambiguidades e reduções", particularmente quando, "despojado do seu valor sacrificial, é vivido como se em nada ultrapassasse o sentido e o valor de um encontro fraterno ao redor da mesa" (Enc. Ecclesia de Eucharistia, 10). Subjacente a várias das motivações aduzidas, está uma mentalidade incapaz de aceitar a possibilidade de uma real intervenção divina neste mundo em socorro do homem. Esse, porém, "descobre-se incapaz de repelir por si mesmo as arremetidas do inimigo: cada um sente-se como que preso com cadeias" (Const. Gaudium et spes, 13). A confissão de uma intervenção redentora de Deus para mudar esta situação de alienação e de pecado é vista, por quantos partilham a visão deísta, como integralista, e o mesmo juízo é feito a propósito de um sinal sacramental que torna presente o sacrifício redentor. Mais aceitável, a seus olhos, seria a celebração de um sinal que corresponda a um vago sentimento de comunidade.

Mas o culto não pode nascer da nossa fantasia; seria um grito na escuridão ou uma simples autoafirmação. A verdadeira liturgia supõe que Deus responda e nos mostre como podemos adorá-Lo. "A Igreja pode celebrar e adorar o mistério de Cristo presente na Eucaristia, precisamente porque o próprio Cristo Se deu primeiro a ela no sacrifício da Cruz" (Exort. ap. Sacramentum caritatis, 14). A Igreja vive dessa presença e tem como razão de ser e existir ampliar esta presença ao mundo inteiro.

"Fica conosco, Senhor!" (cf. Lc 24, 29): estão rezando os filhos e filhas do Brasil a caminho do XVI Congresso Eucarístico Nacional, daqui a um mês, em Brasília, que, deste modo, verá o jubileu áureo da sua fundação enriquecido com o "ouro" da eternidade presente no tempo: Jesus Eucaristia. Que Ele seja verdadeiramente o coração do Brasil, donde venha a força para todos homens e mulheres brasileiros se reconhecerem e ajudarem como irmãos, como membros do Cristo total. Quem quiser viver, tem onde viver, tem de que viver. Aproxime-se, creia, entre a fazer parte do Corpo de Cristo e será vivificado! Hoje e aqui, tudo isso desejo à esperançosa parcela deste Corpo que é o Regional Norte 2, ao conceder a cada um de vós, extensiva a quantos convosco colaboram e a todos os fiéis cristãos, a Bênção Apostólica.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

HOmenagem aos Dia dos Namorados

Especialmente pra minha Princesa, Simone Farias, meu grande amor!

Grecco: Namorando



Márcio Todeschini canta "Vou te amar"



Eliana Ribeiro canta "Você e eu"



Déia canta "Um amor assim"



Déia canta "Sem nada dizer"



Monykika, meu amor, Te Amo Muito !
Deus abençoe nosso namoro e nosso sonhos futuros!


domingo, 6 de junho de 2010

Estatudo do Nascituro: Depoimento da Deputada Fátima Pelaes



Convido os leitores a verem o seguinte vídeo, um depoimento da Deputada Fátima Pelaes (PMDB/AP), ocorrido durante a discussão do Estatudo do Nascituro - PL 478/07, em 19 de maio de 2010.
É desta forma que temos que lutar a favor da vida.
Não sou partidário da  Deputada  Fátima, mas sou cidadão e cristão. Devo levar em consideração a sua atitude em favor da vida. Ela teve a coragem de dizer SIM a Vida e da dignidade do ser humano. Devemos levar em cosideração que tipos de Políticos temos colocados no poder.
Aos idealizadores do Projeto e aos que votaram a favor desejo que o Senhor os abençoe!
Digamos não a legalização do Aborto no Brasil.
A Renovação Carismática Católica do Brasil continua arrecadando assinaturas contra a descriminalização desta barbare.
Acesse www.rccbrasil.org.br

sábado, 5 de junho de 2010

Ateai em nós o fogo!



Pregação Ministrada no Grupo de Oração Ágape 05/06/10
Renovação Carismática Católica do Amapá
Paróquia Jesus Bom Samaritano - Diocese de Macapá

Queremos Fogo no coração !

“Eu vim lançar fogo sobre à terra, e que tenho eu a desejar se ele já está aceso?” (Lc 12, 49)
Estas palavras de Nosso Senhor tornam-se intrigantes quando olhamos para nós mesmo e percebemos que muitas vezes em nossa vida e missão está faltando este “fogo”, o ardor ! Parando para refletir o que disse Jesus gostaria de questioná-lo: Como está o fogo teu coração, irmão? Você tem um coração inflamado, ardente? Ou Apagado, Frio? Se estiver frio, devemos ter uma certeza, o Senhor deseja mudar esta realidade, reavivar a chama do Fogo Santo em tua vida, e em especial, em tua missão. Lembre-se o que temos ouvido muito: “Onde há um carismático, há fogo de Pentecostes!”
Jesus disse: “ Eu vim lançar fogo !” de fato as Sagradas Escrituras se encarregam de nos confirmar isto. Jesus veio lançar sobre nós, a “terra”, um fogo Santo.  João Batista nos dirá em Lucas 3, 16-17 profetizando sobre este fogo que o Messias haveria de lançar:  “ Eu vos batizo na água, mas eis que vem outro mais poderoso do que eu, a quem não sou digno de desatar a correia das sandálias; ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo. Ele tem a pá na mão e limpará a sua eira, e recolherá o trigo ao seu celeiro, mas queimará as palhas num fogo inextinguível!” (grifo nosso). Que maravilhosa revelação, trata-se do fogo do Espírito Santo, o fogo Santo que inflama. Poderíamos até afirmar baseado nas palavras do batista que Jesus nos batizaria no fogo. Eis aqui uma ótima oportunidade de clamarmos: Senhor Jesus, batiza-me no fogo! Diz-nos ainda o ultimo dos profetas que o fogo é “inextinguível”, não se apaga. Portanto, da parte de Deus, por Jesus, vem a nós o fogo do Espírito, sua chama não se apagará.
Quando Deus se revelou a Moisés Ele se manifesta na forma de uma “Sarça Ardente” que não se consumia (Cf. Ex 3, 1-14). Portanto, as chamas eram o próprio Deus! O fogo é a energia transformadora, ou seja, é a presença transformadora de Deus em nossas vidas nos consumindo de nós mesmo e nos tornando mais a vontade do Senhor. Durante os 40 anos no Deserto o povo de Israel era conduzido por uma coluna de fogo que lhes iluminava o caminho durante a noite (Ex 13,21ss), na escuridão de nossa vida este fogo pode nos iluminar, mostrar-nos o caminho certo a seguir e em meio ao frio da escuridão a Sua presença irá aquecer os nossos corações.
De tal modo, na plenitude dos tempos, Jesus veio lançar este fogo sobre nossos corações, inflamar o fogo de Deus em nós: O Espírito Santo. Quando? Primeiro em Pentecostes. Ele é o cumprimento das promessas de Jesus, ao voltar ao Pai Ele envia o Espírito Santo ao qual deveríamos ser batizados. No Cenáculo os Discípulos são “batizados no Espírito Santo e no Fogo!”  Atos 2, 1-4 nos ensinará que “Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados. Apareceu-lhes então uma espécie de línguas de fogo, que se repartiram e repousaram sobre cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem !”(grifo nosso). As “ línguas de fogo” se repartiram sobre os amigos de Jesus no Cenáculo, sobre aqueles que creram e por isso perseveravam esperando que a promessa se cumprisse em suas vidas. Por este fogo, “todos ficaram cheios do Espírito Santo!”
Na Homilia de Pentecostes (23/05/10) o Santo Padre Bento XVI certificou queno Pentecostes, O Espírito Santo manifestou-se como fogo. A sua chama desceu sobre os discípulos reunidos, acendeu-se neles o novo ardor de Deus”. Da mesma forma hoje em nós que desejamos viver o batismo no Espírito Santo como fonte de missão devemos deixar que se acenda em nosso coração o “ardor de Deus”.
Novamente lembremos o que nos disse Jesus: “ O que tenho eu há desejar se ele já está aceso?”
Sim, o fogo do Espírito já arde em nosso coração, um dia foi aceso e inflamado pelas formas sacramentais do Batismo e da Confirmação (Crisma), e agora, através da efusão do Espírito Santo, essência de nossa Espiritualidade Carismática. Fogo que se distribui sobre nossos corações e grupos de oração com seus carismas fazendo que se cumpra em nossos dias o que disse o Papa: ascende-se em nós o ardor de Deus.
O Fogo do Espírito Transforma. Remetendo-me novamente as palavras do Papa na homilia de Pentecostes, “Não devemos ter medo de nos “queimar” , de deixar que Ele consuma as escórias de nossa humanidade, do pecado, da vaidade, da preguiça, do comodismo, das coisas do mundo, das mentiras, enfim, das “palhas e do joio” que se encontram junto ao trigo em nossos corações.  O fogo do Espírito transforma e purifica para uma vida de Santidade e graça, perseverança e fidelidade a Cristo, à Igreja.  É necessário acender o fogo! Deixai-vos inflamar pelo Espírito Santo! “Vale a pena deixar-se tocar pelo fogo do Espírito Santo...” (PP Bento XVII)
Mais do que nunca temos a necessidade de nos deixar tocar pelo fogo do Espírito Santo. Muitas vezes permitimos que outros ares soprem sobre nós e diminua a chama. Deixamos de “por lenha na fogueira” como costumamos dizer, no bom sentido é claro. Mas o Senhor nos exorta com as palavras de São Paulo: “ Por este motivo, eu te exorto a reavivar a chama do dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos. Pois Deus não nos deu espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e de sabedoria. Não te envergonhes, portanto, do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, seu prisioneiro, mas sofre comigo pelo Evangelho, fortificado pelo poder de Deus. Deus nos salvou e chamou a santidade, não em atenção às nossas obras, mas em virtude do seu desígnio, da graça que desde a eternidade nos destinou Jesus.” (II Tim 1, 6-9).
Necessitamos reavivar esta chama em nossos corações, reavivar a chama do Amor de Deus, o Espírito Santo, para que tenhamos Sua Fortaleza para suportar os combates a serem ainda travados, Seu Amor que nos faz sentir tão grande graça de Deus em nós, Sua Sabedoria que os faz conhecê-lo e a Ele nos entregar. Este é o espírito que a chama nos faz viver.
Nestes tempos que a Renovação Carismática Católica é chamada a anunciar e a viver a Palavra de Deus com mais ardor profético vemos que só um coração inflamado pelo fogo do Espírito Santo não se envergonha do Evangelho, como nos antigos profetas das Sagradas Escrituras havia profecias em seus lábios e fogo no coração.  Sejamos testemunhas de Nosso Senhor Jesus Cristo, de Sua Palavra Salvífica, de Seu Fogo! Não podemos perder o foco, o fogo do Espírito Santo nos transformará e nos fará viver a Santidade. Vivendo-a, estaremos com Ele na “eternidade que nos destinou Jesus” onde há fogo e glória!
Jesus veio lançar este fogo! Se você  deseja ser incendiado pelo fogo do Espírito Santo clame: fogo, fogo, fogo ! Vem, vem, vem! “ Iluminados e confortados por estas palavras de vida, elevemos a nossa invocação: Vinde, Espírito Santo! Ateai em nós o fogo do vosso Amor!” (Bento XVI). Porque queremos Fogo no Coração!



quarta-feira, 26 de maio de 2010

Pregação da Sexta-Feira Santa de Cantalamessa: um passo para trás ou adiante?


Publico este texto como uma inciativa de divulgar entre meus amigos aquilo que a impressa secular certamente não dará importância haja vista muitas vezes prendesse ao ímpeto de fazer uma cobertura sensacionalista dos fatos ocorridos.
Expresso minha admiração pelo Pe. Cantalamessa, carismático, pregador do Papa. No próximo fim de semana Cantalamessa estará no Brasil para participar do Encontro de Líderes Leigos em Porto Alegre-RS.

Passado o clamor que se seguiu à minha pregação de Sexta-Feira Santa em São Pedro, na presença do Papa, gostaria de esclarecer quais eram minhas intenções ao proferir as frases incriminadas em minha homilia, para que o incidente não prejudique o diálogo judaico-cristão, mas sim o estimule; e também para mostrar que as reações no mundo judaico não foram as mesmas.
Aproveitando o fato de que neste ano a Páscoa judaica ocorria na mesma semana da Páscoa cristã, decidi fazer chegar aos judeus uma saudação da parte dos cristãos, no contexto da Sexta-Feira Santa, que sempre foi, para eles, ocasião de um sofrimento compreensível. Assim, o tema central da pregação era a oposição à violência, algo de que o povo judeu teve muita experiência ao longo dos séculos. Já em uma ocasião anterior, em 1998, numa coincidência análoga, dediquei integralmente a pregação de Sexta-Feira Santa a esclarecer as raízes do antissemitismo cristão, unindo-me aos pedidos de perdão, lançados naquele momento ao mundo judaico pelo Papa João Paulo II. A imprensa, incluindo a judaica, deu ampla cobertura ao discurso.
Poucos dias antes da Sexta-Feira Santa, recebi uma carta de um amigo judeu italiano (a carta de fato existe, não se trata de uma ficção literária!); ele comparava a certos aspectos do antissemitismo às contínuas investidas contra a Igreja e o Papa, em particular o uso do estereótipo e a transferência da responsabilidade individual para a coletiva nos casos de pedofilia por parte do clero. Decidi então, com o consentimento do autor, citá-la na pregação, uma vez que me parecia um gesto de grande nobreza da parte de um judeu expressar, num momento com aquele, sua solidariedade para com o líder da Igreja Católica, um gesto que, a meu ver, encorajaria os cristãos a fazer o mesmo, em circunstâncias semelhantes, no trato com o povo judeu.
Nem eu nem meu amigo pensávamos minimamente no antissemitismo da Shoá, mas sim no antissemitismo como postura cultural, algo bem mais antigo e disseminado que a Shoá. O antissemitismo, como aquele do caso Dreyfus ou aquele que consiste em atribuir a todo o povo judeu - incluindo o atual - a responsabilidade pela morte de Cristo (caso típico, aliás, de transferência de responsabilidade individual para a coletiva!).
Assim entendida, a comparação não me parecia tão absurda quanto se tentou fazer crer. Poucas semanas antes, um jornalista leigo, Ernesto Galli della Loggia, escrevendo na primeira página do "Corriere della sera", denunciava a difusão, na cultura moderna, de um verdadeiro e próprio "anticristianismo". São muitos, de resto, os que consideram que, mais do que dar amor e compaixão às vítimas de pedofilia, a campanha dos veículos de comunicação é movida pelo desejo do colocar a Igreja de joelhos. É algo que lembra o "Ecrasez l'infame" ("Esmagai o infame"), de Voltaire. O ex-prefeito de Nova York, Ed Koch, em um artigo do The Jerusalem Post, escreveu: "Creio que os contínuos ataques por parte da mídia contra a Igreja Católica e o Papa Bento XVI se converteram em manifestações de anticatolicismo. A sequência de artigos sobre os mesmos eventos já não tem, a meu ver, a intenção de informar, mas sim de punir".
Isto não significa, de modo algum, abafar ou amenizar a gravidade dos casos de pedofilia perpetrados pelo clero. Naquela mesma homilia eu falava, ainda que este não fosse o tema principal do discurso, da "violência contra crianças que com a qual estão seguramente manchados não poucos membros do clero". Em uma pregação à Casa Pontifícia no Advento de 2006, tomei a iniciativa de propor um dia de jejum e penitência para expressar solidariedade às vítimas da pedofilia, uma proposta que encontrou ampla repercussão junto à imprensa.
Como foi possível, portanto, que estas premissas bem-intencionadas pudessem engendrar uma tempestade midiática destas proporções? Quem explica é um rabino judeu, uma semana após o incidente, no jornal israelense de maior circulação, The Jerusalem Post (11.04.2010), em um artigo intitulado, "Somos maus ouvintes". Vale a pena retomar algumas partes deste texto, pois mostram como, quando corretamente entendida, minha pregação não representa um passo para trás no diálogo com os judeus, mas sim um passo adiante.
Devo pensar, escreve o rabino Alon Goshen Gottstein, que nenhum dos porta-vozes judeus que criticaram as afirmações do pregador leu sua homilia. Estes, muito provavelmente, reagiram a um jornalista que pediu para que comentasse um acerta frase, e deram respostas referentes àquela frase. Os jornalistas, extrapolando uma citação de um texto mais longo, fixam os termos do problema, os porta-vozes judeus respondem, e assim nasce uma história, se cria um escândalo...
Uma consulta àquilo que o pregador franciscano realmente disse nos fornece uma história diferente, sobre a qual o mínimo que se pode dizer é que dissipa a impressão negativa gerada pelas frases que constituíram os títulos dos jornais. A homilia da Sexta-Feira Santa foi, por séculos, o momento mais temido pelos judeus. Após ter escutado tal homilia, as multidões saíam pelas ruas e os judeus temiam por suas vidas. As representações teatrais da Paixão de Cristo eram fonte constante de violência contra os hebreus... Tendo estas imagens na lembrança, surpreende notar aquilo que o Pe. Cantalamessa realmente disse naquela ocasião. Ele aproveita o momento na Basílica de São Pedro para, diante do Papa, desejar "Boas festas de Páscoa" aos judeus! Mas o pregador não se detém aí: saúda a nós, judeus, com palavras tomadas da Mishna, citadas no Hagadda, o mais popular dos textos hebraicos. Pensar nos judeus como irmãos de fé durante a liturgia papal de Sexta-Feira Santa é o fruto de décadas de trabalho no campo das relações judaico-cristãs. Que tal coisa possa ter sido dita desta forma é que deveria ter sido notícia...
Nós não pudemos observar tudo isso porque notamos apenas a comparação entre os violentos ataques contra a Igreja e aqueles perpetrados contra os judeus. E mesmo neste caso, nos omitimos de escutar por inteiro a voz do judeu citado pelo padre franciscano. "Há apenas uma resposta adequada diante dos fatos: o reconhecimento do significado sereno e profundo do que ocorreu e dizer: Obrigado, Pe. Cantalamessa!"
O Pe. Cantalamessa ofereceu os devidos pedidos de desculpas, mas também nós devemos pedir desculpas por nossa falta de não ter escutado a mensagem tal qual fora pronunciada, por ter permitido à mídia criar uma falsa história, ignorando a verdadeira. A batalha contra as apresentações seletivas e superficiais de nossa mensagem religiosa é uma batalha comum, na qual as vozes das pessoas de todas as religiões devem colaborar. "O tema da homilia do pregador era contra a violência. Estes últimos fatos serviram para nos mostrar que também escutá-lo mal pode ser fonte de violência".
À voz do rabino de Jerusalém se uniu também a de Guido Guastalla, assessor para a cultura da comunidade hebraica de Livorno, em um artigo publicado pelo Cultura cattolica e reproduzido no L'Osservatore Romano de 19 de abril de 2010. Por conta de minha pregação, parte da opinião pública e da imprensa italiana promoveu, nos dias que se seguiram à Páscoa, uma campanha para suspender a laurea honoris causa em Ciências da Comunicação que a Universidade de Macerata havia decretado me conceder. Mais uma vez, foi uma judia, a docente de biologia Marisa Levi, cujo pai perdera sua cadeira durante o regime fascista, quem assumiu minha defesa. Em uma carta de apoio ao Reitor, notava: "O fato de terem sido escritas por um judeu tornavam muito mais significativas aquelas palavras de solidariedade ao Papa, citadas pelo Pe. Cantalamessa. Para além deste caso específico, preocupo-me muito com um sistema de informação que, partindo de palavras deliberadamente selecionadas e fora de contexto, as divulga com extrema rapidez, sem saber o que de fato a pessoa disse na verdade".
Espero que esta nota sirva para tranquilizar meus leitores e ouvintes espalhados pelo mundo, desconcertados por aquilo que leram e ouviram na mídia e, principalmente, para convencer meus amigos judeus que meus sentimentos para com eles não mudaram e que eles têm, no pregador da Casa Pontifícia, um promotor, e não um inimigo do diálogo com eles.

Frei Raniero Cantalamessa, ofmcap
Website: www.cantalamessa.org/pt
Fonte: Zenit.org